terça-feira, 3 de abril de 2018

Uso de Atabaques na Umbanda

PERGUNTA: - Quanto ao som de tambores e atabaques associado aos pontos cantados, adotado em algumas casas com o nome de curimba e combatido com veemência em outras, quem está com a razão?

RAMATÍS: - Em tudo há de se ter fundamento. Existem terreiros que tocam atabaques ensurdecedores e acabam sem elevar nenhum princípio mágico do som, como forma simplesmente de alimentar um animismo descontrolado. Há outros que atacam raivosamente a utilização da curimba (grupo responsável pelos toques dos instrumentos de percussão), mas não apresentam esclarecimento para justificar essas atitudes.

Um procedimento não deve necessariamente excluir o outro. A função dos pontos cantados é demarcar as diversas etapas ritualísticas: defumação, abertura da sessão, saudação do congá, chamada das linhas, entre outras. Ele pode perfeitamente ser adotado sem apoio da curimba. Por outro lado, existem acordes específicos, muito utilizados nas batidas de tambores nas culturas afro-indígenas e xamânicas, que podem ser utilizados como apoio à concentração dos médiuns e para alguns trabalhos no Astral, muito diferentes das batidas ensurdecedoras, parecidas com batucada de carnaval retumbante, atingindo até as altas horas da madrugada, que só enfraquecem a contextura psíquica dos médiuns.


A verdade é que existem espíritos no Astral especialistas em sons que agem como sinalizadores para as enormes falanges que não se manifestam através de médiuns nas sessões de caridade. Nas situações socorristas e de embates vibratórios no Astral inferior, elas são orientadas, recebendo as tarefas mais rudimentares, por meio de sons similares aos vossos instrumentos de percussão. É uma forma inteligente de organizar a movimentação de centenas ou até de milhares de entidades das várias linhas que trabalham juntas, e ao mesmo tempo. Do contrário, seria instalada a desordem, uma vez que o momento de os espíritos de Oxóssi atuarem não é o mesmo que os de Ogum, que, por sua vez, diferem dos das irmãs de Yemanjá, e assim sucessivamente. Dessa forma, cada agrupamento espiritual por linha vibratória (Orixá) tem tarefas magísticas específicas que necessitam de disciplina e ordem, e nem todos os espíritos estão preparados para receber comandos meramente pela mente, pelos pensamentos. Precisam de apoio sonoro, luminoso e de formas geométricas que fundamentem as ordens de trabalho outorgadas pelo movimento umbandista. É o que podeis chamar de lei de pemba: cada traçado de um ponto riscado em sua repercussão etéreo-astral produz um campo de força magnético com som, luz e um grafismo peculiar, que, por sua vez, são comunicados para grande número de espíritos por acordes sonoros.

(LIVRO A MISSÃO DA UMBANDA. RAMATÍS/NORBERTO PEIXOTO. ED. DO CONHECIMENTO)
*Grifos do Blog

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