domingo, 9 de junho de 2019

Conceitos de Deus, por Yogananda

Mahendranath Gupta, o “Mestre Mahásaya”

Santos de todas as religiões alcançaram a percepção de Deus através do singelo conceito da Bem-Amada Cósmica. O Absoluto é nirguna, “sem qualidade”, e acyntia, “inconcebível”; por isso, o pensamento e o anseio humanos sempre O personalizaram, sob a forma da Mãe Universal. A combinação do teísmo pessoal e de filosofia do Absoluto é uma antiquíssima conquista do pensamento hindu, exposto nos Vedas e no Bhágavad Gíta. Esta “reconciliação dos opostos” satisfaz o coração e a cabeça; bhákti (devoção) e jnâna (sabedoria) são, em essência, o mesmo. Prapátti, “refugiar-se em Deus” e sarângati, “entregar-se à Compaixão Divina”, são realmente os caminhos do mais alto conhecimento.
A humildade do Mestre Mahásaya e de todos os outros santos brota do reconhecimento de sua total dependência (seshátva) do Senhor, como única Vida e único Juiz. O homem sintonizado com Deus, experimenta alegria genuína e ilimitada porque a Beatitude é a Sua verdadeira natureza. “A primeira das paixões da alma e da vontade é a alegria”(1).
Em todas as épocas, acercando-se da Mãe com espírito de infância, Seus devotos atestam que sempre a encontram disposta a participar do jogo com eles. Na vida de Mestre Mahásaya, as manifestações do jogo divino ocorreram em ocasiões importantes e não importantes. Aos olhos de Deus nada é grande ou pequeno. Se Ele não houvesse construído o pequenino átomo com exatidão e beleza perfeita, poderiam os céus ostentar a orgulhosa estrutura de Vega ou de Arcturo? As distinções entre “importante” e “não importante” são, seguramente, desconhecidas para o Senhor a fim de evitar que, por falta de um alfinete, o cosmos se desmorone!

– Paramahansa Yogananda.
(Livro Autobiografia de um Iogue, Cap. 9).

(1) São João da Cruz. Encontrou-se o corpo deste amoroso santo cristão, morto em 1591 e exumado em 1859, em estado incorrupto.
Sir Francis Younghusband (Atlantic Monthly, dezembro de 1936) referiu-se à sua própria experiência de alegria cósmica: “Sobreveio-me algo que era mis do que elação ou regozijo; eu estava fora de mim, gozando de intensíssimo júbilo, e com esta indescritível e quase insuportável alegria, veio a revelação da bondade essencial do mundo. Tive a convicção, superior a quaisquer refutações, de que os homens em seu íntimo são bons, de que a maldade neles é superficial”.