segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Os sãos não precisam de médico em O Evangelho Segundo O Espiritismo

11 – E aconteceu que, estando Jesus assentado à mesa numa casa, eis que, vindo muitos publicanos e pecadores, se assentaram a comer com ele e com os seus discípulos. E vendo isto os fariseus, diziam aos seus discípulos: Por que come o vosso mestre com os publicanos e pecadores? Mas, ouvindo-os, Jesus disse: Os são não têm necessidade de médico, mas sim os enfermos. (Mateus, IX: 10-12).

12 – Jesus dirigia-se sobretudo aos pobres e aos deserdados, porque são eles os que mais necessitam de consolação; e aos cegos humildes e de boa fé, porque eles pedem que lhes abram os olhos; e não os orgulhosos, que crêem possuir toda a luz e não precisar de nada. (Ver Introdução: Publicanos, Peageiros).

Estas palavras, como tantas outras, aplicam-se ao Espiritismo. Às vezes admira-se de que a mediunidade seja concedida a pessoas indignas, e por isso mesmo capazes de a empregarem mal. Parece, costuma-se dizer, que uma faculdade tão preciosa deveria ser atributo exclusivo de pessoas de maior merecimento.

Digamos, de início, que a mediunidade é inerente a uma condição orgânica, de que todos podem ser dotados, como a de ver, ouvir e falar. Não há nenhuma de que o homem, em consequência do seu livre arbítrio, não possa abusar. Ora, se Deus não tivesse concedido a palavra, por exemplo, senão aos que são incapazes de dizer coisas más, haveria mais mudos do que falantes. Deus outorgou as faculdades ao homem, dando-lhe a liberdade de usá-las como quiser, mas pune sempre aqueles que delas abusam.

Se o poder de comunicar-se com os Espíritos só fosse dado aos mais dignos, qual aquele que ousaria pretendê-lo? E onde estaria o limite da dignidade e da indignidade? A mediunidade é dada sem distinção, a fim de que os Espíritos possam levar a luz a todas as camadas, a todas as classes da sociedade, ao pobre ao rico: aos virtuosos, para os fortalecer no bem, e aos viciosos, para os corrigir. Estes últimos não são os doentes que precisam de médico?

Por que Deus, que não quer a morte do pecador, o privaria do socorro que pode tirá-lo da lama? Os Bons Espíritos vêm assim em seu auxílio e seus conselhos, que ele recebe diretamente, são de natureza a impressioná-lo mais vivamente, do que se os recebesse de maneira indireta. Deus, na sua bondade, poupa-lhe a pena de ir procurar a luz à distância, e lha mete nas mãos. Não será ele bem mais culpado, se não atentar para ela? Poderia escusar-se com a sua ignorância, quando ele mesmo escreveu, viu com os próprios olhos, ouviu com os seus ouvidos e pronunciou com sua própria boca a sua condenação? Se ele não aproveitar, então será punido com a perda ou a perversão da sua faculdade, de que os maus Espíritos se apoderarão, para o obsedar e enganar, sem prejuízo das aflições comuns com que Deus castiga os servos indignos e os corações endurecidos pelo orgulho e o egoísmo.

A mediunidade não implica necessariamente as relações habituais com os Espíritos superiores. É simplesmente uma aptidão, para servir de instrumento, mais ou menos dócil, aos Espíritos em geral. O bom médium não é, portanto, aquele que tem facilidade de comunicação, mas o que é simpático aos Bons Espíritos e só por eles é assistido. É neste sentido, unicamente, que a excelência das qualidades morais é de importância absoluta para a mediunidade.

O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO. Cap. 24 – Não por a candeia debaixo do alqueire. Os sãos não precisam de médico. ALLAN KARDEC.


*Grifos do Blog.

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Sobre a Santa Rainha Isabel por Inácio Ferreira

— Por que a Caravana — iniciei — era presidida pela nobre benfeitora de Portugal?

Sem qualquer enfado ou indisposição, respondeu-me:
— Desde quando desencarnara, deixando luminosas lições de caridade, que a celebrizaram na Terra, e podendo desfrutar de justas alegrias em regiões ditosas, a fim de prosseguir no seu desenvolvimento espiritual, a extraordinária Senhora optara por continuar amparando o povo que o matrimônio lhe havia concedido para ser também sua família espiritual. Por consequência, dedicou-se
a socorrer igualmente os desencarnados retidos em lúgubres paisagens de recuperação dolorosa, trabalhando para retirá-los dali, oferecendo-lhes as oportunidades sacrossantas do amor e do perdão. Face às faculdades mediúnicas incontestáveis que lhe exornaram a existência física, especialmente a de ectoplasmia, que lhe permitira a realização de vários fenômenos grandiosos e que foram tomados por milagres pela ignorância vigente na época, poderia movimentar essas forças agora intrapsíquicas, direcionando-as em favor dos Espíritos mais infelizes, aprisionados ao remorso, à consciência culpada, que se tornaram vítimas fáceis de si mesmos e dos seus adversários inclementes quão odientos.

Fez uma breve pausa, e logo adiu:

 — Com um vasto patrimônio de realizações espirituais, fez-se muito amada, e quando se propôs a esse especial ministério de socorro, muitos valorosos Espíritos se apresentaram para assessorá-la, contribuindo para a diminuição dos angustiosos sofrimentos daqueles que estagiam nas esferas desditosas e de difícil acesso. Não que a misericórdia divina deixe de possuir recursos extraordinários de atendimento aos párias morais, que se permitiram homiziar com outros semelhantes em conúbios nefastos. Graças, porém, à sua elevação moral, granjeada no sacrifício e na abnegação, e à especialização que se permitiu através dos tempos nesse gênero de atendimento, a sua irradiação vibratória produz um vigoroso campo de defesa, que os petardos mentais e as agressões dos verdugos desencarnados da Humanidade não conseguem cindir.
Silêncio, oração mental e amor são os equipamentos exigíveis para que se possa tomar parte na sua Caravana, ao lado de muito bem elaborada disciplina interior, feita de confiança em Deus e respeito às Suas Leis, a fim de que a perturbação e o receio não abram brechas tornando vulnerável o conjunto.
Para evitar reações desnecessárias dos habitantes e controladores desses lôbregos sítios, ela diminui a potência da energia que pode exteriorizar, irradiando apenas a claridade suficiente para iluminar a área visitada, mantendo os objetivos traçados, sem deixar-se atrair por simulações e armadilhas dos hábeis artesãos do mal e da crueldade. Com certeza existem numerosas Caravanas equivalentes, no entanto, compromissos espirituais existentes entre ela e o nobre Eurípedes atraem-na periodicamente à nossa Comunidade hospitalar, a fim de oferecer a sua valiosa e sábia ajuda.

(...) O campo de energia por ela aberto, ao marchar à frente do grupo, cria defesas em favor daqueles que seguem na retaguarda. Ademais, o terreno pantanoso encontra-se empesteado de vibriões mentais e de detritos psíquicos que poderiam reter os caminhantes descuidados, quais armadilhas distendidas por todos os lados para impedir a fuga dos prisioneiros espirituais.
Da mesma forma que na Terra a astúcia perversa se utiliza de engrenagens sórdidas para reter e malsinar suas vítimas, considerando-se ser o nosso o mundo causal, convém não esqueçamos que aqui a mente dispõe para o bem como para o mal, de muitos arsenais de força, de que se utiliza conforme o estágio de evolução em que se encontra.

Diálogo entre MANOEL PHILOMENO DE MIRANDA e INÁCIO FERREIRA, no livro TORMENTOS DA OBSESSÃO, no Cap. 11, psicografado por Divaldo P. Franco.

*Grifos do Blog. 

sábado, 19 de dezembro de 2015

Papel dos médiuns nas comunicações

(...) Qualquer que seja a natureza dos médiuns escreventes, mecânicos, semimecânicos ou simplesmente intuitivos, nossos processos de comunicação por meio deles não variam na essência. Com efeito, nossas comunicações com os Espíritos encarnados, diretamente, ou com os Espíritos propriamente ditos, se realizam unicamente pela irradiação do nosso pensamento.

Nossos pensamentos não necessitam das vestes da palavra para que os Espíritos os compreendam. Todos os Espíritos percebem o pensamento que desejamos transmitir-lhes, pelo simples fato de o dirigirmos a ele, e isso na razão do grau de suas faculdades intelectuais. Quer dizer que determinado pensamento pode ser compreendido por estes e aqueles, segundo o respectivo adiantamento, enquanto para outros o mesmo pensamento, não despertando nenhuma lembrança, nenhum conhecimento no fundo do seu coração ou do seu cérebro, não é perceptível. Nesse caso, o Espírito encarnado que nos serve de médium é mais apropriado para transmitir o nosso pensamento a outros encarnados, embora não o compreenda, o que um Espírito desencarnado mas pouco adiantado não poderia fazer, se fôssemos obrigados à sua mediação. Porque o ser terreno põe o seu corpo, como instrumento, à nossa disposição, o que o Espírito errante não pode fazer.

Assim, quando encontramos num médium o cérebro cheio de conhecimentos adquiridos na sua vida atual, e o seu Espírito rico de conhecimentos anteriores, latentes, próprios a facilitar as nossas comunicações, preferem servir-nos dele, porque então o fenômeno da comunicação nos será muito mais fácil do que através de um médium de inteligência limitada, e cujos conhecimentos anteriores fossem insuficientes. Vamos nos fazer compreender por meio de algumas explicações claras e precisas.

Com um médium cuja inteligência atual ou anterior esteja desenvolvida, nosso pensamento se comunica instantaneamente, de Espírito a Espírito, graças a uma faculdade peculiar à essência mesma do Espírito. Nesse caso encontramos no cérebro do médium os elementos apropriados à roupagem de palavras correspondentes a esse pensamento, quer o médium seja intuitivo, semimecânico ou mecânico. É por isso que apesar de diversos Espíritos se comunicarem através do médium, os ditados por eles recebidos trazem sempre o cunho pessoal do médium, quanto à forma e ao estilo. Porque embora o pensamento não seja absolutamente dele, o assunto não se enquadre em suas preocupações habituais, o que desejamos dizer não provenha dele de maneira alguma, ele não deixa de exercer sua influência na forma, dando-lhe as qualidades e propriedades características da sua individualidade. É precisamente como quando olhamos diversos lugares através de binóculos coloridos, de lentes brancas, verdes ou azuis, e embora os lugares e objetos vistos pertençam ao mesmo trecho mas tenham aspectos inteiramente diferentes, aparecem sempre com a coloração dada pelas lentes.

Melhor ainda: comparemos os médiuns a esses botijões de vidros com líquidos coloridos e transparentes que se veem nos laboratórios farmacêuticos. Pois bem, nós somos como focos luminosos voltados para certos trechos de paisagens morais, filosóficas, iluminando-os através de médiuns azuis, verdes ou vermelhos, de maneira que os nossos raios luminosos tomam essas colorações. Ou seja, obrigados a atravessar vidros mais ou menos bem lapidados, mais ou menos transparentes, o que vale dizer médiuns mais ou menos apropriados, esses raios só atingem os objetos que desejamos iluminar tomando a coloração ou a forma própria e particular desses médiuns.

(...) Quando queremos ditar mensagens espontâneas agimos sobre o cérebro, nos arquivos do médium, e juntamos o nosso material com os elementos que ele nos fornece. E tudo isso sem que ele o perceba. É como se tirássemos da bolsa do médium o seu dinheiro e dispuséssemos as moedas, para somá-las. Na ordem que nos parecesse melhor.[1]

Mas quando o próprio médium quer interrogar-nos, seja por que meio for, seria bom que refletisse seriamente a fim de nos fazer as perguntas de maneira metódica, facilitando-nos assim o trabalho de responder. Porque, segundo já foi dito em anterior instrução, vosso cérebro está frequentemente numa desordem inextricável, sendo para nós tão difícil quanto penoso mover-nos no dédalo dos vossos pensamentos.

Quando as perguntas devem ser feitas por terceiro, é bom e conveniente que sejam antes comunicadas ao médium para que ele se identifique com o Espírito do interrogante, impregnando-se, por assim dizer, das suas intenções. Porque então nós mesmos teremos muito mais facilidades para responder, graças à afinidade existente entre o nosso perispírito e o do médium que nos serve de intérprete.[2]

NOTAS DO TRADUTOR:
[1] Note-se a precisão deste exemplo: o médium possui os elementos materiais da comunicação, que no caso são as moedas; o Espírito os toma e utiliza segundo as suas ideias, para exprimir o seu pensamento. Os exemplos anteriores são também de extrema clareza. Mas devemos ressaltar neste capítulo o perfeito esclarecimento das relações entre os Espíritos e os médiuns. Graças a esse esclarecimento, compreende-se a função mediúnica como de verdadeiro intérprete espiritual e os problemas tantas vezes levantados pela crítica, como o da marca pessoal do médium nas mensagens, o da trivialidade da maioria destas, o da dificuldade na obtenção de comunicações de teor elevado no campo das Ciências ou da Filosofia, e outros que tais ficam perfeitamente esclarecidos. Vê-se que os críticos do Espiritismo, em sua esmagadora maioria, nada conhecem de todos esses problemas, expostos de maneira precisa e didática há mais de um século.  

[2] Observe-se aqui a origem de uma das maiores dificuldades encontradas pela pesquisa psíquica. A lei de afinidade fluídica é desconsiderada pelos pesquisadores, em nome da desconfiança “necessária” ao rigor científico. Felizmente, na atualidade, os estudos de Parapsicologia sobre as relações entre o experimentador e o sensitivo modificaram muito essa situação, dando razão à pesquisa espírita. Compreende-se, afinal, depois de muitas torturas físicas e morais impostas aos médiuns, que o problema exige condições psicológicas favoráveis.

*Grifos do Blog.


(O LIVRO DOS MÉDIUNS. ALLAN KARDEC. Cap. 19 – Papel dos médiuns nas comunicações / item 225 - DISSERTAÇÃO DE UM ESPÍRITO SOBRE O PAPEL DOS MÉDIUNS. TRADUTOR – J. HERCULANO PIRES, ED. LAKE).

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Praga de mãe e madrinha por Ramatís

PERGUNTA: - Há fundamento de que a praga de mãe é irreparável?

RAMATÍS: - A força destruidora da praga ou maldição depende fundamentalmente do grau de sua veemência odiosa e do vínculo fluídico que exista entre a pessoa que amaldiçoa e a que é amaldiçoada. Obviamente, entre mãe e filho existe o mais profundo vínculo psicofísico, pois a mãe gera-lhe o corpo carnal no ventre durante os nove meses tradicionais, e ainda sofre todos os impactos da natureza espiritual boa ou má do descendente, pela fluência ou troca de fluidos mentais e emotivos entre ambos, durante alguns anos e acima dos laços comuns consanguíneos. Ademais, segundo a Lei do Carma, os pais e filhos tanto podem ser inseparáveis amigos como os piores inimigos enlaçados pelo pretérito. No primeiro caso, eles estarão unidos pelo amor, e, no segundo, imantados pelo ódio!

Há filhos cuja conduta mercenária e exploração dos pais, leva-os a cometimentos tão censuráveis, que as pragas maternais encontram um terreno fértil para medrar sem qualquer apelação. As mães não costumam maldizer os filhos amorosos, bons e laboriosos e os lembram em suas preces e rogativas a Deus. E aquelas que, por qualquer contrariedade filial, rogam pragas num desabafo ou desespero sobre os filhos gerados para a sua própria redenção espiritual pregressa, são como as crianças imprudentes, que lançam a esmo o brinquedo chamado bumerangue, e depois são atingidas no retorno, com redobrada violência.

Alhures já comentamos que a ira, a cólera, o despotismo e o ódio produzem fluidos tão tóxicos na vestimenta espiritual do homem, que ao verterem para o “mata-borrão” vivo do corpo físico produzem moléstias incuráveis e as aflições mais indesejáveis. As explosões mentais ou verbais contra o próximo, convertendo-se na carga tóxica gerada pela mente sob o combustível do ódio, raiva ou vingança, após atingir o objetivo colimado, encorpam-se com os fluidos mórbidos da vítima e retornam centuplicadas em sua natureza agressiva contra o próprio autor!

A maldição de mãe é a mais funesta de todas as maldições, porque além de produzir o fluido virulento, próprio da criatura encolerizada, age com extrema rapidez através dos laços íntimos forjados na própria gestação materna. Os fluidos destrutivos, mobilizados pela praga de mãe, causam inevitável desgraça porque ferem o próprio vaso carnal a que ela deu vida.


PERGUNTA: - Há fundamento de que a praga de madrinha também é difícil de se conjurar?

RAMATÍS: - Conforme a tradição católica consagrada pela cerimônia do batismo, a madrinha é a substituta da própria mãe. O ritual do batismo é uma cerimônia respeitosa, que confirma severa obrigação espiritual dos padrinhos junto à pia batismal, comprometidos de protegerem o afilhado na ausência  dos pais ou em circunstâncias infelizes. Ninguém é obrigado a batizar qualquer criança, mas, depois de fazê-lo, seja sob a égide católica, protestante, espírita ou umbandista, terá de cumpri-lo, sob pena de sofrer imensas desventuras no mundo espiritual.

Embora saibamos que as cerimônias religiosas do mundo, derivadas de dogmas e “tabus” do passado, jamais poderão modificar a essência íntima do espírito, elas podem despertar forças ocultas e ajustar os pensamentos sob o mesmo tema espiritual. Durante o batismo processam-se fenômenos de “imantação” pela convergência de fluidos que são mobilizados pelos pais, padrinhos e pelo próprio afilhado, compondo-se um amálgama ou vínculo de grave compromisso espiritual entre os presentes até o fim da existência carnal. A madrinha e o padrinho assumem espontaneamente, em espírito, a obrigação de cuidar do filho virtual e adotivo, que lhes é oferecido através da cerimônia do batismo. O ritual apenas consagra no mundo profano aquilo que já foi deliberado no mundo espiritual!*

Evidentemente, se a madrinha assume perante a Divindade o compromisso espiritual de substituir a mãe do ente que aceita por afilhado, ela também fica vinculada a ele por laços ocultos avivados durante o batismo. Dali por diante, tanto a sua bênção como a maldição transmitem-se rapidamente sobre o afilhado ou “filho adotivo”, sob a mesma vinculação de mãe e filho! Daí a veracidade do senso popular, quando diz que “praga de madrinha” é tão forte como a “praga de mãe”!

*NOTA DE RAMATÍS: - Despreocupa-nos cuidar se as crianças devem ou não devem ser batizadas, pois, segundo a Doutrina Espírita, todas já nascem sob o batismo amoroso de Deus. Em verdade, o homem salva-se pelas suas obras, e não por suas crenças. Mas a cerimônia ainda é um hábito que se justifica pelos acontecimentos mais importantes na vida humana. Há cerimônias na esfera científica, durante a consagração de um sábio ou evento incomum; na esfera política, marcando o triunfo eleitoral ou a vitória diplomática. Na colação de grau de doutorandos, há discursos, juramentos, flores, becas, trajes novos, ritual de entrega de diplomas, evocações saudosistas dos falecidos ou homenagem aos veteranos. A cerimônia, portanto, é uma “confirmação” ou “memorização”, no mundo de formas, até que o homem possa manifestar-se na sua autenticidade espiritual.

Do livro MAGIA DE REDENÇÃO, no Cap. 2 – Enfeitiçamento verbal. RAMATÍS/HERCÍLIO MAES. Ed. do Conhecimento. 1967.

*Grifos do Blog.

domingo, 13 de dezembro de 2015

Casamento no Plano Espiritual por André Luiz e Ângelo Inácio

Voltávamo-nos em conversação amiga para as belezas de “Nosso Lar”, quando Aldonina interveio, acrescentando:
 – Alguns membros de nossa família visitam a cidade de vocês, de tempos a tempos. Nossa irmã Isaura, que se casou em “Campo da Paz”, há três anos, lá reside em companhia do esposo, que é funcionário dos Serviços de Investigação do Ministério do Esclarecimento.

Percebendo-nos a curiosidade, prosseguiu:
– Morava ele conosco, mas, desde muito tempo, foi convocado a serviços por lá, vindo, mais tarde, buscar a noiva.

Vicente, que se mantinha em atitude expectante, exclamou:
– Tocamos num assunto que muita admiração me tem despertado, desde que regressei dos círculos terrenos. Não tinha, no mundo, a menor ideia de que pudéssemos cogitar de uniões matrimoniais, depois da morte do corpo. Quando assisti a festividades dessa natureza, em “Nosso Lar”, confesso que minha surpresa raiou pela estupefação.

Cecília, vivaz, acentuou, sorrindo:
– Isto se deu também conosco. Entretanto, é forçoso reconhecer que tal estado d'alma resulta do exclusivismo pernicioso a que nos entregamos no plano carnal, porque, se o casamento humano é um dos mais belos atos da existência na Terra, porque deixaria de existir aqui, onde a beleza é sempre mais quintessenciada e mais pura? E, além do mais, é imprescindível ponderar que não vivemos à revelia de leis sábias e justas.

– E como são felizes os que se casam em nossos planos! – acentuou o companheiro, denotando aspirações secretas do coração.

Aldonina esboçou um gesto expressivo e considerou:

– Sim, para possuirmos aqui essa ventura, é preciso ter amado na Terra, movimentando os mais nobres impulsos do espírito. Para colher os júbilos dessa natureza, é necessário ter amado com alma. Os que se consagram exclusivamente aos desejos do corpo, não sabem amar além da forma, são incapazes de sentir as profundas vibrações espirituais do amor sem morte.

(No livro OS MENSAGEIROS, no Cap. 30 – Em palestra afetuosa. Chico Xavier/André Luiz. FEB).


Entrementes, chamou-me a atenção determinado grupo de pessoas que analisava, na presença de um instrutor, a natureza que viceja com esplendor naquele bosque, que mais parecia um jardim ou parque de proporções mais amplas que os demais, que conhecera na cidade. Notei, em meio aos que ali transitavam, casais de espíritos de mãos dadas, alguns trocando beijos e afagos comedidos, mas sobretudo demonstrando carinho e afeto, de uma forma que não esperava encontrar entre os chamados mortos ou desencarnados. Pai João me surpreendeu os pensamentos, vindo a meu encontro:
- São casais que escolheram ter uma vida em comum aqui em nossa comunidade, Ângelo.

- Mas por aqui as pessoas se casam, como na Terra?

- E por que não, meu filho? Almas encontram afinidades entre si e escolhem viver juntas em seus recantos, em suas habitações, e muitos até oficializam a união com cerimônias matrimoniais, qual ocorre na Terra. Só que aqui as cerimônias visam muito mais ao convívio social, como celebração e confraternização entre amigos, uma vez que a verdadeira união é entre almas, motivada pela afinidade de gostos e pensamentos, propósitos e sentimentos. Talvez possamos dizer que a cerimônia seja apenas a oficialização de algo que já existe dentro daquelas duas pessoas.

Complementando a ideia, Pai João acrescentou:
- De acordo com a ligação religiosa ou espiritual, os indivíduos podem celebrar uniões em conformidade com a fé e as tradições que têm ou dizem respeito à identidade energética e à busca de espiritualidade de cada um. Como temos, aqui em nossa Aruanda, representantes de diversas culturas, pode-se escolher desde uma cerimônia oficializada por um espírito que teve experiências como padre católico até uma conduzida por um sacerdote druida, por exemplo, passando por opções tão distintas como as tradições muçulmana, protestante, budista ou indígena. Como dispomos dessa tremenda variedade e riqueza cultural, religiosa e de espiritualidade, as pessoas elegem livremente o que querem, de acordo com suas preferências. E isso não é tudo. Acontece, também, de escolherem fazer tal evento em outras cidades espirituais com as quais temos convivência mais estreita.  

- Mas é casamento mesmo ou apenas uma encenação?

- Como encenação, filho? Casam-se mesmo e passam a viver juntos, preparando-se para a existência física, quando então poderão executar os planos que traçaram aqui, em nossa dimensão. Aqui é o mundo original! Na Terra é onde temos um tipo de ilusão dos sentidos necessária para levar avante os projetos iniciados ou delineados do lado de cá. A Terra, como você a deixou e como a conhecemos, o mundo físico, este sim é o reflexo ou a representação do que vivemos no plano da imortalidade. Jamais se esqueça, Ângelo: aqui é o mundo real, primitivo, original.

(...) Mal o pai-velho encerrou aquelas explicações, fui surpreendido por um grupo de homens que passavam de mãos dadas, alguns trocando afagos discretos, carinho e demonstrando um afeto tão natural que me surpreendi com o que via. Outra turma menor, de mulheres, espíritos femininos, também passeava abraçada, lado a lado, ou também de mãos dadas, evidenciando certo tipo de comportamento social que, à época, ainda era muito mal compreendido na Terra. Tratava-se decididamente de homossexuais. E isso me chocou, pois não sabia que do lado de cá encontraria com tamanha naturalidade espíritos que se definiam sexualmente dessa maneira ou adotavam essa identidade – nem soube como dizer.

- Aqui todos são vistos com a mesma naturalidade, Ângelo. Fora da matéria, não há por que ninguém esconder-se com medo de ser rejeitado. É certo que encontramos ainda algumas cidades espirituais cujos administradores são muito religiosos e ligados a uma forma de pensar arcaica ou medieval, vamos dizer. Nesses casos, espíritos que, diante de sua constituição energética, identificam-se como gays ou homossexuais, provavelmente não serão vistos com a naturalidade com que os vemos aqui.  

Antes que Pai João continuasse, fomos abordados por dois namorados, espíritos em forma masculina, que pediram licença para se dirigir ao pai-velho.
- Desculpe, meu pai – falou um dos rapazes. Permaneceram de mãos dadas com a maior naturalidade, decerto sabendo que não seriam discriminados nem recriminados. – Queríamos que o senhor pudesse nos dar a honra de abençoar nossa união.

- Claro, meus filhos! Afinal, vocês terem se reencontrado, depois de tantas dificuldades, e reatado seu amor é algo que merece ser festejado. Para quando será a cerimônia? Preciso me preparar, sem que afete outros compromissos. (...)

(Do livro CIDADE DOS ESPÍRITOS, págs. 192, 193, 194 e 196, 197 e 198. ÂNGELO INÁCIO/ROBSON PINHEIRO. Ed. Casa dos Espíritos)

*Grifos do Blog.  

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Paixão desenfreada por Miramez

A paixão desenfreada anula os bons princípios que, porventura, queiram desabrochar no coração e entrava os voos da inteligência. Somente as bênçãos da verdade, agrupadas na disposição de acertar, poderão remover os entulhos provocados pela ignorância. Cada alma tem sua atmosfera particular e representativa daquilo que verdadeiramente é. As luzes que se apresentam aos olhos do vidente, como fruto de irradiações espirituais e biológicas, fazem medir o clima interior de cada ser.

A paixão decadente turva a mente em uma nuvem mais ou menos escura, com estrias de vermelho fogo ou escarlate sujo, variando, de acordo com o grau dos sentimentos que imprimimos a esse estado de alma, como variáveis são as cores da natureza. As nossas criações mentais são acompanhadas de musicalidade e de cheiro, que o sensitivo percebe, deduzindo, assim, a posição que ocupamos na escala da vida. Na paixão desenfreada, nosso assunto desta página, faz-se ouvir música acelerada, de arrancos estouvados, como um ser ansioso para atingir algo de impossível, estridente, e sem determinado ritmo. Ela parece caminhar como quem está fraco, reunindo energias, em grande batalha. E o cheiro é de um queimado sufocante, como se fosse um iodo que se exala, variando para um aroma de chamusco de carro de boi queimado pelos atritos e deslizes do eixo.

Não é muito fácil descrever os aromas e sons que nos circundam. Mas, pelo que tentamos, o leitor participa da verdade, pelo poder de raciocínio e das suas sensibilidades, mesmo inconscientes. As paixões são os detritos da alma, em perene êxtase nos instintos inferiores, em busca da realidade que está além das suas forças. No entanto, na época certa, haverá de surgir como sol do seu novo dia.

O sexo, notoriamente, é um instrumento de vida, e nele é depositada a benção da continuidade da expansão humana. É o “crescei e multiplicai-vos” do Livro Sagrado. Todavia, seu abuso faz com que a visão espiritual se confunda com a realidade física, e o espírito tenda a esquecer as esperanças imortais da alma. Começa o desinteresse pelos serões evangélicos, querendo se iludir, conscientemente, com certos valores da carne, sem colocar limites nas sensações humanas passageiras, nem tampouco discipliná-las. Eis a maior luta do homem nesse estágio evolutivo: educar seus impulsos sexuais, porque ele é o mesmo amor em forma física, é atração irresistível de alma para alma e troca permanente de elementos magnéticos pelos fios dos sentimentos. É o despertar do entusiasmo de viver.

O abuso do sexo é como o ser humano nas linhas da gulodice, enfraquece o organismo espiritual e psíquico, depaupera a sensibilidade e desajusta a mente na frequência de vida mais elevada. O bom senso, em todas as hostes dos prazeres, é o mais acertado caminho dos que já despertaram para a verdade.

A paixão desenfreada nos traz consequências desagradáveis para o futuro, comprometendo-nos em outras reencarnações. O Cristo Educador aparece nos nossos roteiros a nos oferecer meios compatíveis com a lei do amor, para que possamos nos libertar do rigor drástico da lei de causa e efeito. Aqueles que tiverem ouvidos para ouvir, ouçam: é chegada a hora de construirmos novo santuário no coração, onde o Cristo reina e Deus é a lei.

Àquele que quiser olhar para trás, não podemos impedir que se torne estátua de sal. No entanto, o de boa vontade, que aproveita sua visão para o alto e para a frente, terá toda a ajuda, desvencilhando-se da ignorância, atingindo a luz da verdade, que o libertará.

MIRAMEZ (Espírito), no livro HORIZONTES DA MENTE, psicografado por João Nunes Maia. Ed. Cristã Fonte Viva

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Preciso desenvolver a mediunidade? por Pai João de Angola

Não é a mediunidade que trava a vida, muzanfio. É a energia que nasce na intimidade de cada um que pode emperrar ou abrir os caminhos da vida.

Mediunidade é talento divino emprestado para serviço e aprimoramento, é um tesouro que Deus empresta ao homem para sua felicidade.

O que o médium precisa desenvolver é sua qualidade de vida, para poder irradiar a força da prosperidade, precisa melhorar sua conduta, para conseguir iluminar, com a bondade, a sua existência, e melhorar seus sentimentos, para alcançar a cura das doenças da alma.

O que o médium precisa, muzanfio, é desenvolver o jeito de viver e falar, agir e ser no bem.

Tem muitos fios que acha que os espíritos do mal vão fazer morada na mente se não desenvolver mediunidade. Isso acontece mesmo, mas é porque muitos fios não cuida do seu talento. E mediunidade, pra ser cuidada, solicita disciplina, melhoria e maturidade.

A mediunidade não é a causa dos problemas, mas sim a falta de cuidado com que os médiuns tratam a sua faculdade espiritual.

Tem mesmo muito médium que é igualzinho a uma esponja, absorve tudo, por falta de proteção, e fica com muitas perturbações energéticas e mentais.

Desenvolver mediunidade não é sinônimo de proteção e melhora, muzanfio. Nem significa que a pessoa vai ficar livre das sujeira que os fios puxa pra suas vidas. De jeito nenhum!

Desenvolver mediunidade é fácil. Tem muito fio fazendo isso e continua com a vida do mesmo jeito.

Sabe por quê?
Porque não miorô (melhorou) seu jeito de ser. Foi para a tarefa e não deixou a tarefa talhar um homem novo e mió em seu íntimo. Desenvolveu mediunidade e não desenvolveu a alma, os sentimentos do bem.

Tem muito fio médium que acha que alembrá (lembrar) de mediunidade uma vez na semana e fazer preces em quinze minutos é tá com a vida espiritual garantida e livre pra errar o resto do tempo!

Não é assim que funciona as coisas na escola de Deus.
Mediunidade é pura responsabilidade, trabalho intenso e disposição para avançar.

Vosmecês quer miorá suas vidas, não é, muzanfios?

Quer desenvolver suas bênçãos?

Vosmecês quer dias miores, com mais fartura e luz nos seus caminhos?

Os fios quer aprender uma magia boa para a vida ficar brilhante?

Oh, fios! Então faça por onde merecer. Seja médium do bem.

Quer alguns conseios bons pra isso, muzanfios? Então, anota aí:
Bata seu cartão de ponto na hora certa.
Durma com o número de horas que precisa para um descanso justo.
Coma somente o suficiente para sua saúde e bem-estar.
Cultive o hábito da oração diária.
Emita uma vibração de muito amor para quem não lhe quer bem.
Exercite a gratidão principalmente nos instantes de maior escassez.
Pense sempre que cada pessoa tem seu motivo para agir fora dos padrões que você julga que é certo ou errado.
Procure sentir, pelo menos uma vez por dia, a presença do anjo da guarda.
Abrace com muito afeto pelo menos uma pessoa por dia.
Dê uma olhadinha para o sol de vez em quando e se deite na grama para pensar.
Assuma a responsabilidade sobre tudo que faça e sinta.
Deseje o bem de todos e esteja sempre certo de que a maior força da vida vem de Deus.

A vida só muda quando nóis muda nosso jeito na vida. A vida não trava porque alguém põe pedras em nosso caminho. A vida trava porque a gente acredita que as pedras que os outros colocam são maiores que nossa fé e nossa capacidade de saltá-las.

A pedra que atrapaia nossa vida é aquela que não queremos saltar, vindo dos outros ou de nóis.

Tá compreendido, muzanfios?
E que lorvado seja Deus!

Do livro FALA, PRETO VELHO, de Wanderley Oliveira/Pai João de Angola. Mensagem “Preciso desenvolver a mediunidade?”. Ed. Dufaux.


*Grifos do Blog

Eficácia do Passe por José de Moraes

- Há pessoas que, mesmo no ambiente da Casa Espírita, acabam sofrendo uma influência espiritual negativa. Nesse caso, seria porque o Centro está sem proteção espiritual?

- Nem sempre. Como já foi explicado, do mesmo modo como é possível um Benfeitor espiritual estar em sintonia com o médium e enviar-lhe uma mensagem, sem estar necessariamente ao lado do médium, um espírito inferior também pode influenciar o indivíduo sem estar dentro do Centro.

Sabemos que o processo obsessivo tem como base o PENSAMENTO. Isso não significa que só pelo fato de estar nas dependências do Centro, ele esteja protegido de influências espirituais perniciosas.

Geralmente, há uma ligação fluídica entre o espírito e a pessoa; sendo assim, o espírito a manipula mesmo não se encontrando dentro do Centro.

É comum, nessas circunstâncias, a pessoa que sofre a influência sentir muito sono durante as palestras ou estudos e ainda, por causa dessa influência, não conseguir fixar a mente na lição evangélica que está sendo ministrada.


- E se essa pessoa receber um passe, essa ligação pode ser “cortada”?

- É do nosso conhecimento o valor terapêutico do passe. Porém, o passe não opera milagres... Com o passe, possivelmente a ligação negativa com o espírito perverso vai se desfazer; no entanto, se o pensamento do encarnado estiver “viciado” em coisas ruins, assim que sair do Centro, o espírito se ligará a ele novamente. Às vezes esse espírito consegue se religar à pessoa, antes mesmo dela sair do Centro Espírita.


- Como isso aconteceria?

- Simples. Imagine alguém que acabou de receber o passe e obteve por essa razão uma melhora considerável. Porém, suponhamos que alguém desatento passe perto dessa pessoa e não a cumprimente. Caso seja uma pessoa melindrosa, irá elaborar em sua mente pensamentos do tipo: “sujeito deseducado”, “deve ter inveja de mim”, “por isso faz pouco caso”, “é um arrogante”...

Tais pensamentos negativos provocarão uma espécie de “queda” na vibração da pessoa que acabou de se beneficiar com o passe, consequentemente, o espírito obsessor se ligará a ela novamente.

LIVRO: MÉDIUNS, COMO ESTÃO? PARA ONDE VÃO? A MEDIUNIDADE NOS DOIS PLANOS DE VIDA. Diálogo entre o Espírito José de Moraes e o médium. Psicografado por Agnaldo Paviani. Sintonia Editora.

*Grifos do Blog.

Feitiço com sapo por Ramatís - 1

PERGUNTA: - Por que motivo é tão comum encontrarmos o sapo com a boca impiedosamente costurada e o ventre contendo objetos e coisas das vítimas enfeitiçadas?

RAMATÍS: - O sapo é considerado pelos feiticeiros um excelente condensador vivo, “bioelétrico”, para melhor êxito da magia negra endereçada a determinada pessoa. O seu sistema vital-nervoso é poderosíssimo captador de energias etéreo-magnéticas do ambiente e das pessoas, assim como o filtro de pedra absorve e retém os detritos deixados pelas águas poluídas. O sapo enfeitiçado condensa os fluidos densos que vibram em torno de si, mas, depois, ele os degrada pelo abaixamento vibratório, durante a sua função de aparelho vivo de filtração mórbida. Acicatado pelo sofrimento, ele exala uma aura fluídica residual enfermiça no meio ambiente onde o situam, essa atmosfera magnética, densa e viscosa, alimenta a fauna psíquica inferior para atuar positivamente no plano material. A atmosfera eletromagnética inferior irradiada pelo sapo e potencializada pelo feiticeiro, depois transforma-se num lençol corrompido e nutritivo de miasmas, embriões, bacilos, larvas e elementos primários do astral inferior.
Os objetos colocados nas entranhas do sapo, furtados à própria vítima do enfeitiçamento, funcionam como “canais psíquicos” ou “pontos” de referência, congregando as correntes de maus fluidos que se projetam em direção à aura do embruxado, sob a própria lei de que “os semelhantes atraem os semelhantes”! Esses fluidos buscam, naturalmente, a aura da vítima da bruxaria, através dos endereços vibratórios que são dispostos para tal malefício.


PERGUNTA: - O que significam “endereços vibratórios” da vítima do feitiço?

RAMATÍS: - O feiticeiro submete o sapo ao processo de “eletrização”, mas o faz no sentido de transformá-lo num campo magnético subversivo. Em seguida, coloca-lhe no ventre os objetos roubados ou desmaterializados da vítima, como botões, fragmentos de cigarros, fotografias, cabelos, moedas, medalhas, abotoaduras, anéis ou agulhas, que estão impregnadas do éter-físico da mesma. Esses objetos servem de veículo, elo ou endereço vibratório para projetar os impactos do feitiço, e que vibram nas entranhas do sapo na frequência comum do seu próprio dono. Eles induzem ou orientam, qual o objetivo a que devem projetar-se as correntes fluídicas enfermiças produzidas pelo sofrimento atroz do sapo!
Semelhante à lei física que disciplina o fenômeno dos vasos comunicantes, os fluidos algo densos emitidos pelo sapo e acasalados às emanações dos objetos da vítima tendem a buscar a sua fonte original num circuito fechado e de resultados perniciosos. Os “endereços vibratórios” são os próprios objetos da vítima colocados no ventre do sapo e que funcionam à guisa de “cartão de visita” do seu portador!


PERGUNTA: - De que modo os fluidos atraídos pelo sapo podem formar as correntes fluídicas nocivas, que depois se orientariam em direção à vítima do enfeitiçamento?

RAMATÍS: - Explicamos, alhures, que os objetos de feitiçaria impregnados das emanações etereoastrais da vítima funcionam à guisa de uma bússola indicando a direção onde se encontra a mesma. O sapo enfeitiçado ou “eletrizado”, em sua natureza bioelétrica muito acentuada devido ao sofrimento produzido pelos objetos colocados em suas entranhas, então condensa e atrai os fluidos de eletricidade primária existentes no ambiente. Em virtude de encontrar-se com a boca costurada, ele concentra-se num espasmo mórbido cruciante, e depois afrouxa o sistema nervoso projetando à distância a carga fluídica deletéria, a qual é facilmente atraída pela aura do próprio enfeitiçado.
O sapo, depois de preparado para a excêntrica função de “condensador e transformador” vivo, torna-se o alicerce enfermiço para o feiticeiro controlar a vítima tão satisfatoriamente, conforme hoje é tão comum usar-se o controle remoto!

LIVRO MAGIA DE REDENÇÃO, psicografado por Hercílio Maes/Ramatís.

*Grifos do Blog.

domingo, 29 de novembro de 2015

Causas atuais das aflições

4 – As vicissitudes da vida são de duas espécies, ou, se quisermos, tem duas origens bem diversas, que importa distinguir: umas têm sua causa na vida presente; fora desta vida.
Remontando à fonte dos males terrenos, reconhece-se que muitos são as consequências naturais do caráter e da conduta daqueles que os sofrem. Quantos homens caem por sua própria culpa! Quantos são vítimas de sua imprevidência, de seu orgulho e de sua ambição! Quantas pessoas arruinadas por falta de ordem, de perseverança, por mau comportamento ou por terem limitado os seus desejos!
Quantas uniões infelizes, porque resultaram dos cálculos do interesse ou da vaidade, nada tendo com isso o coração! Que de dissensões de disputas funestas, poderiam ser evitadas com mais moderação e menos suscetibilidade! Quantas doenças e aleijões são o efeito da intemperança e dos excessos de toda ordem!
Quantos pais infelizes com os filhos, por não terem combatido as suas más tendências desde o princípio. Por fraqueza ou indiferença, deixaram que se desenvolvessem neles os germes do orgulho, do egoísmo e da tola vaidade, que ressecam o coração. Mais tarde, colhendo o que semearam, admiram-se e afligem-se com a sua falta de respeito e a sua ingratidão. Que todos os que têm o coração ferido pelas vicissitudes e as decepções da vida, interroguem friamente a própria consciência. Que remontem passo a passo à fonte dos males que os afligem, e verão se, na maioria das vezes, não podem dizer: “Se eu tivesse ou não tivesse feito tal coisa, não estaria nesta situação”.
A quem, portanto, devem todas essas aflições, senão a si mesmos? O homem é, assim, num grande número de casos o autor de seus próprios infortúnios. Mas, em vez de reconhecê-lo, acha mais simples, e menos humilhante para a sua vaidade, acusar a sorte, a Providência, a falta de oportunidade, sua má estrela, enquanto, na verdade, sua má estrela é a sua própria incúria.
Os males dessa espécie constituem, seguramente, um número considerável das vicissitudes da vida. O homem os evitará, quando trabalhar para o seu adiantamento moral e intelectual.

5 – A lei humana alcança certas faltas e as pune. O condenado pode então dizer que sofreu a consequência do que praticou. Mas a lei não alcança nem pode alcançar a todas as faltas. Ela castiga especialmente as que causam prejuízos à sociedade, e não as que prejudicam apenas os que as cometem. Mas Deus vê o progresso de todas as criaturas. Eis por que não deixa impune nenhum desvio do caminho reto. Não há uma só falta, por mais leve que seja, uma única infração à sua lei, que não tenha consequências forçosas e inevitáveis, mais ou menos desagradáveis. Donde se segue que, nas pequenas como nas grandes coisas, o homem é sempre punido naquilo em que pecou. Os sofrimentos consequentes são então uma advertência de que ele andou mal. Dão-lhe as experiências e o fazem sentir, a diferença entre o bem e o mal, bem como a necessidade de se melhorar, para evitar no futuro o que já foi para ele uma causa de mágoas. Sem isso, ele não teria nenhum motivo para se emendar, e confiante na impunidade, retardaria o seu adiantamento, e portanto a sua felicidade futura.
Mas a experiência chega, algumas vezes, um pouco tarde; e quando a vida já foi desperdiçada e perturbada, gastas as forças, e o mal é irremediável, então o homem se surpreende a dizer: “Se no começo da vida eu soubesse o que hoje sei, quantas faltas teria evitado; se tivesse de recomeçar, eu me portaria de maneira inteiramente outra; mas já não há mais tempo!” Como o trabalhador preguiçoso que diz: “Perdi o meu dia”, ele também diz: “Perdi a minha vida”. Mas, assim como para o trabalhador o sol nasce no dia seguinte, e começa uma nova jornada, em que pode recuperar o tempo perdido, para ele também brilhará o sol de uma vida nova, após a noite do túmulo, e na qual poderá aproveitar a experiência do passado e pôr em execução suas boas resoluções para o futuro.


(O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO. CAP V – BEM AVENTURADOS OS AFLITOS. CAUSAS ATUAIS DAS AFLIÇÕES).

Causas anteriores das aflições

6 – Mas se há males, nesta vida, de que o homem é a própria causa, há também outros que, pelo menos em aparência, são estranhos à sua vontade e parecem golpeá-lo por fatalidade. Assim, por exemplo, a perda de entes queridos e dos que sustentam a família. Assim também os acidentes que nenhuma previdência pode evitar; os revezes da fortuna, que frustram todas as medidas de prudência; os flagelos naturais; e ainda as doenças de nascença, sobretudo aquelas que tiram aos infelizes a possibilidade de ganhar a vida pelo trabalho: as deformidades, a idiota, a imbecilidade etc. 

Os que nascem nessas condições, nada fizeram, seguramente, nesta vida, para merecer uma sorte triste, sem possibilidade de compensação, e que eles não puderam evitar, sendo impotentes para modificá-las e ficando à mercê da comiseração pública. Por que, pois, esses seres tão desgraçados, enquanto ao seu lado, sob o mesmo teto e na mesma família, outros se apresentam favorecidos em todos os sentidos?

Que dizer, por fim, das crianças que morrem em tenra idade e só conheceram da vida o sofrimento? Problemas, todos esses, que nenhuma filosofia resolveu até agora, anomalias que nenhuma religião pode justificar, e que seriam a negação da bondade, da justiça e da providência de Deus, segundo a hipótese da criação da alma ao mesmo tempo em que o corpo, e da fixação irrevogável da sua sorte após a permanência de alguns instantes na Terra. Que fizeram elas, essas almas que acabam de sair das mãos do Criador, para sofrerem tantas misérias no mundo, e receberem, no futuro, uma recompensa ou uma punição qualquer, se não puderam seguir nem o bem nem o mal?

Entretanto, em virtude do axioma de que todo efeito tem uma causa, essas misérias são efeitos que devem ter a sua causa, e desde que se admita a existência de um Deus justo, essa causa deve ser justa. Ora a causa sendo sempre anterior ao efeito, e desde que não se encontra na vida atual, é que pertence a uma existência precedente. Por outro lado, Deus não podendo punir pelo bem o que se fez, nem pelo mal que não se fez, se somos punidos, é que fizemos o mal. E se não fizemos o mal nesta vida, é que o fizemos em outra. Esta é uma alternativa a que não podemos escapar, e na qual a lógica nos diz de que lado está à justiça de Deus.

O homem não é, portanto, punido sempre, ou completamente punido, na sua existência presente, mas jamais escapa às consequências de suas faltas. A prosperidade do mau é apenas momentânea, e se ele não expia hoje, expiará amanhã, pois aquele que sofre está sendo submetido à expiação do seu próprio passado. A desgraça que, à primeira vista, parece imerecida, tem portanto a sua razão de ser, e aquele que sofre pode sempre dizer: “Perdoai-me, Senhor, porque eu pequei”.

7 – Os sofrimentos produzidos por causas anteriores são sempre, como os decorrentes de causas atuais, uma consequência natural da própria falta cometida. Quer dizer que, em virtude de uma rigorosa justiça distributiva, o homem sofre aquilo que fez os outros sofrerem. Se ele foi duro e desumano, poderá ser, por sua vez, tratado com dureza e desumanidade; se foi orgulhoso, poderá nascer numa condição humilhante; se foi avarento, egoísta, ou se empregou mal a sua fortuna, poderá ver-se privado do necessário; se foi mau filho, poderá sofrer com os próprios filhos; e assim por diante.

É dessa maneira que se explicam, pela pluralidade das existências e pelo destino da Terra, como mundo expiatório que é, as anomalias da distribuição da felicidade e da desgraça, entre os bons e os maus neste mundo. Essa anomalia é apenas aparente, porque só encaramos o problema em relação à vida presente; mas quando nos elevamos, pelo pensamento, de maneira a abranger uma série de existências, compreendemos que a cada um é dado o que merece, sem prejuízo do que lhe cabe no Mundo dos Espíritos, e que a justiça de Deus nunca falha.

O homem não deve esquecer-se jamais de que está num mundo inferior, onde só é retido pelas suas imperfeições. A cada vicissitude, deve lembrar que, se estivesse num mundo mais avançado, não teria de sofrê-la, e que dele depende não voltar a este mundo, desde que trabalhe para se melhorar.


(O Evangelho Segundo O Espiritismo. Capítulo 5 – Bem aventurados os aflitos. Causas Anteriores das Aflições, itens 6 e 7).

A quem muito foi dado, muito será pedido

A QUEM MUITO FOI DADO, MUITO SERÁ PEDIDO

10. “O servo que souber da vontade do seu patrão e que, entretanto, não estiver pronto e não fizer o que o patrão queira dele, será rudemente castigado. Mas, aquele que não tenha sabido da sua vontade e fizer coisas dignas de castigo menos punido será. Muito se pedirá àquele a quem muito se tiver dado e maiores contas serão tomadas àquele a quem mais coisas se tenha confiado”. (Lucas, XII:47-48)

11. “Vim a este mundo para exercer um juízo, a fim de que os que não veem vejam e os que veem se tornem cegos”. Alguns fariseus que estavam com Jesus, ouvindo essas palavras, perguntaram a Ele: “Então, nós também somos cegos?” Respondeu-lhes Jesus: “Se fossem cegos, não teriam pecados; mas, agora, dizem que enxergam e é por isso que em vocês permanece o seu pecado”. (João, IX:39 a 41)

12. Estas máximas encontram sobretudo a sua aplicação no ensinamento dos Espíritos. Quem quer que conheça os preceitos do Cristo é seguramente culpado, se não os praticar. Mas além de não ser suficientemente difundido o Evangelho que os contêm, senão entre as seitas cristãs, mesmo entre estas, quantas pessoas existem que não o leem, e entre as que o leem, quantas não o compreendem! Disso resulta que as próprias palavras de Jesus ficam perdidas para a maioria. O ensinamento dos Espíritos, que reproduz essas máximas sob diferentes formas, que as desenvolve e comenta, pondo-as ao alcance de todos, tem isto de particular, ou seja, não é circunscrito. Assim, todos, letrados ou não, crentes ou descrentes, cristãos ou não-cristãos, podem recebê-lo, pois os Espíritos se comunicam por toda a parte. Nenhum dos que o recebam, diretamente ou por intermédio de outros, pode pretextar ignorância, ou pode desculpar-se com a sua falta de instrução ou com a obscuridade do sentido alegórico. Aquele, pois, que não o põe em prática para se melhorar, que o admira apenas como interessante e curioso, sem que seu coração seja tocado, que não se faz menos fútil, menos orgulhoso, menos egoísta, nem menos apegado aos bens materiais, nem melhor para seu próximo, é tanto mais culpado, quanto teve maior facilidade para conhecer a verdade.

Os médiuns que obtêm boas comunicações ainda são mais repreensíveis por persistirem no mal, pois escrevem frequentemente a sua própria condenação, e se não estivessem cegos pelo orgulho, reconheceriam que os Espíritos se dirigem a eles mesmos. Mas, em vez de tomarem para eles as lições que escrevem, ou que veem os outros escreverem, sua única preocupação é a de aplica-las as outras pessoas, incidindo assim nestas palavras de Jesus: “Vedes um argueiro no olho do próximo, e não vedes a trave no vosso.” (Ver cap. X, nº9).

Por estas palavras: “Se fosseis cegos, não teríeis culpa”, Jesus confirma que a culpabilidade está na razão do conhecimento que se possui. Ora, os fariseus, que tinham de pretensão de ser, e que realmente eram, a parte mais esclarecida da nação, tornavam-se mais repreensíveis aos olhos de Deus que o povo ignorante. O mesmo acontece hoje.

Aos espíritas, portanto, muito será pedido, porque muito receberam, mas também aos que souberam aproveitar os ensinamentos, muito lhes será dado.
O primeiro pensamento de todo espírita sincero deve ser o de procurar, nos conselhos dados pelos Espíritos, alguma coisa que lhe diga respeito.
O Espiritismo vem multiplicar o número dos chamados, e pela fé que proporciona, multiplicará também o número dos escolhidos.

O Evangelho Segundo O Espiritismo

Cap. XVIII – Muitos os chamados e poucos os escolhidos

O Perdão das Ofensas

Perdoar aos inimigos é pedir perdão para si mesmo; perdoar aos amigos é dar prova de amizade; perdoar as ofensas é mostrar que se melhora. Perdoai, pois, meus amigos, para que Deus vos perdoe. Porque, se fordes duros, exigentes, inflexíveis, se guardardes até mesmo uma ligeira ofensa, como quereis que Deus esqueça que todos os dias tendes grande necessidade de indulgência? Oh, infeliz daquele que diz: Eu jamais perdoarei, porque pronuncia a sua própria condenação! Quem sabe se, mergulhando em vós mesmos, não descobrireis que fostes o agressor? Quem sabe se, nessa luta que começa por um simples aborrecimento e acaba pela desavença, não fostes vós a dar o primeiro golpe? Se não vos escapou uma palavra ferina? Se usaste de toda a moderação necessária? Sem dúvida o vosso adversário está errado ao se mostrar tão suscetível, mas essa é ainda uma razão para serdes indulgentes, e para não merecer ele a vossa reprovação. Admitamos que fosseis realmente o ofendido, em certa circunstância. Quem sabe se não envenenastes o caso com represálias, fazendo degenerar numa disputa grave aquilo que facilmente poderia cair no esquecimento? Se dependeu de vós impedir as consequências, e não o fizestes, sois realmente culpado. Admitamos ainda que nada tendes a reprovar na vossa conduta, e, nesse caso, maior o vosso mérito, se vos mostrardes clemente.

Mas há duas maneiras bem diferentes de perdoar: há o perdão dos lábios e o perdão do coração. Muitos dizem do adversário: “Eu o perdoo”, enquanto que, interiormente, experimentam um secreto prazer pelo mal que lhe acontece, dizendo-se a si mesmo que foi bem merecido. Quantos dizem: “Perdoo”, e acrescentam: “mas jamais me reconciliarei; não quero vê-lo pelo resto da vida”! É esse o perdão segundo o Evangelho? Não. O verdadeiro perdão, o perdão cristão, é aquele que lança um véu sobre o passado. É o único que vos será levado em conta, pois Deus não se contenta com as aparências: sonda o fundo dos corações e os mais secretos pensamentos, e não se satisfaz com palavras e simples fingimentos. O esquecimento completo e absoluto das ofensas é próprio das grandes almas; o rancor é sempre um sinal de baixeza e de inferioridade. Não esqueçais que o verdadeiro perdão se reconhece pelos atos, muito mais que pelas palavras.


(O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO. CAP. 10 – Bem aventurados os misericordiosos. Instruções dos Espíritos – I Perdão das Ofensas: PAULO. Apóstolo, Lyon, 1861. Allan Kardec. Tradução de Herculano Pires).