— Por que a
Caravana — iniciei — era presidida pela nobre benfeitora de Portugal?
Sem qualquer
enfado ou indisposição, respondeu-me:
— Desde quando
desencarnara, deixando luminosas lições de caridade, que a celebrizaram na
Terra, e podendo desfrutar de justas alegrias em regiões ditosas, a fim de
prosseguir no seu desenvolvimento espiritual, a extraordinária Senhora optara por continuar amparando o povo que o
matrimônio lhe havia concedido para ser também sua família espiritual. Por
consequência, dedicou-se
a socorrer igualmente os desencarnados retidos em
lúgubres paisagens de recuperação dolorosa, trabalhando para retirá-los dali,
oferecendo-lhes as oportunidades sacrossantas do amor e do perdão. Face às faculdades mediúnicas
incontestáveis que lhe exornaram a existência física, especialmente a de
ectoplasmia, que lhe permitira a realização de vários fenômenos grandiosos e
que foram tomados por milagres pela ignorância vigente
na época, poderia movimentar essas forças agora intrapsíquicas, direcionando-as
em favor dos Espíritos mais infelizes, aprisionados ao remorso, à consciência
culpada, que se tornaram vítimas fáceis de si mesmos e dos seus adversários
inclementes quão odientos.
Fez uma breve
pausa, e logo adiu:
— Com um vasto patrimônio de realizações
espirituais, fez-se muito amada, e quando
se propôs a esse especial ministério de socorro, muitos valorosos Espíritos se
apresentaram para assessorá-la, contribuindo para a diminuição dos
angustiosos sofrimentos daqueles que estagiam nas esferas desditosas e de
difícil acesso. Não que a misericórdia divina deixe de possuir recursos
extraordinários de atendimento aos párias morais, que se permitiram homiziar
com outros semelhantes em conúbios nefastos. Graças, porém, à sua elevação moral, granjeada no sacrifício e na
abnegação, e à especialização que se permitiu através dos tempos nesse gênero
de atendimento, a sua irradiação vibratória produz um vigoroso campo de defesa,
que os petardos mentais e as agressões dos verdugos desencarnados da Humanidade
não conseguem cindir.
Silêncio, oração mental e amor são os equipamentos
exigíveis para que se possa tomar parte na sua Caravana, ao lado de muito bem
elaborada disciplina interior, feita de
confiança em Deus e respeito às Suas Leis, a fim de que a perturbação e o
receio não abram brechas tornando vulnerável o conjunto.
Para evitar reações desnecessárias dos habitantes e
controladores desses lôbregos sítios, ela diminui a potência da energia que
pode exteriorizar, irradiando apenas a claridade
suficiente para iluminar a área visitada, mantendo os objetivos traçados, sem
deixar-se atrair por simulações e armadilhas dos hábeis artesãos do mal e da
crueldade. Com certeza existem numerosas Caravanas equivalentes, no entanto, compromissos espirituais existentes entre
ela e o nobre Eurípedes atraem-na periodicamente à nossa Comunidade hospitalar,
a fim de oferecer a sua valiosa e sábia ajuda.
(...) O campo de energia por ela aberto, ao
marchar à frente do grupo, cria defesas em favor daqueles que seguem na
retaguarda. Ademais, o terreno
pantanoso encontra-se empesteado de vibriões mentais e de detritos psíquicos
que poderiam reter os caminhantes descuidados, quais armadilhas distendidas
por todos os lados para impedir a fuga dos prisioneiros espirituais.
Da mesma forma
que na Terra a astúcia perversa se utiliza de engrenagens sórdidas para reter e
malsinar suas vítimas, considerando-se ser o nosso o mundo causal, convém não
esqueçamos que aqui a mente dispõe para o
bem como para o mal, de muitos arsenais de força, de que se utiliza conforme o
estágio de evolução em que se encontra.
Diálogo entre
MANOEL PHILOMENO DE MIRANDA e INÁCIO FERREIRA, no livro TORMENTOS DA OBSESSÃO,
no Cap. 11, psicografado por Divaldo P. Franco.
*Grifos do Blog.
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