E que louvado seja Jesus, muzanfios! Que a benção de Deus caia sobre vosmecês e seus lares.
Os fios querem saber por que não conseguem se comunicar ou dar passagem pros espíritos? Nego véio fica feliz com a pergunta.
Nego véio vê que tem muitos filhos na Terra, os condutores das reuniões, que pedem pros médiuns deixar os espíritos falarem, mas isso não acontece. E o que trava a língua deles?
No fundo, meus fiinhos queridos, existe o medo dos seus próprios sentimentos.
Quem tem medo de errar toma contato com o sentimento de falibilidade. Sentir-se falível, experimentar a frustração, ter de admitir que não realizamos da melhor forma a tarefa a nós delegada é muito doloroso.
Quem tem medo de não ser autêntico encontra-se com sua hipocrisia. Ao perceber esse estado, pergunta-se sobre o que é e o que não é seu, se está mascarando algo para obter vantagem moral, se está mentindo a favor de interesses particulares.
Quem teme a crítica se depara com seu orgulho. O orgulhoso raramente consegue separar uma crítica feita ao seu trabalho de uma reprovação à sua pessoa e, por isso, precisa realizar um encontro com seu processo de amadurecimento da autoestima.
Quem tem medo da inveja tenta esconder-se de sua própria vaidade. Não ter do que se envaidecer torna a vida sem sal, sem graça. Há quem não deseje vaidade pra não ter de topar com a inveja alheia, que seria penosa à estima pessoal.
A proposta cristã não ensina a negar sentimentos, mas sim a iluminá-los, para que tenham a direção correta na evolução. Sem a luz da consciência, os sentimentos permanecem na sombra, causando retenção de talentos, perturbação e dor.
Antes de dar passagem aos espíritos, os fios precisam aprender a dar passagem aos seus próprios sentimentos, pois os mais atemorizantes sentimentos guardam profundos aprendizados a respeito de nós mesmos e de quem nós somos verdadeiramente.
Como captar pela mediunidade outro ser, rico em diferenças, sem termos uma noção muito lúcida sobre a nossa realidade particular?
Os dirigentes precisam aprender a orientar os médiuns a “receber” ou a “incorporar” seus próprios sentimentos para que, depois, eles possam acolher espíritos em seu campo mental e afetivo, aliviando-os no colo da mediunidade. Os médiuns devem acolhê-los com naturalidade, sem medo do que vão viver nesse intercâmbio.
Educação mediúnica é, antes de tudo, um trabalho de educação emocional para melhor servir e melhor se conhecer. Se houver rigidez a respeito das manifestações afetivas, haverá rigidez mediúnica. Como diz Pascal:
“A rigidez mata os bons sentimentos; o Cristo jamais se escusava; não repelia aquele que o buscava, fosse quem fosse: socorria assim a mulher adúltera, como o criminoso; nunca temeu que a sua reputação sofresse por isso.”*
Não existe nenhum sentimento que não deva ser sentido no trabalho do Cristo. Médiuns, permitam a passagem de seus sentimentos!
Jesus Cristo os abençoe, muzanfios.
*O Evangelho Segundo O Espiritismo, Cap. 9, item 12.
Dar passagem aos Espíritos.
Pai João de Angola.
Wanderley Oliveira. Livro: “Fala, Preto Velho”. Ed. Dufaux.
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