sábado, 28 de novembro de 2015

Benção e Praga, por Ramatís

Há diferença de “tensão” ou “impacto” no feitiço verbal, ou na praga, quando é pronunciado por um homem egoísta, avarento, invejoso, luxurioso ou pusilânime, pois embora sempre seja crueldade causar qualquer dano ao próximo, a palavra conduz na sua base o fluido gerado pelo pecado fundamental de cada ser! Servindo-nos de um exemplo, algo rudimentar, diríamos que a maldição do avarento é mais avara na sua contextura vocabular daninha, do que a mesma praga pronunciada por um homem pródigo. As pragas proferidas pelas pessoas “otimistas” são bem mais inofensivas do que as maldiçoes das “pessimistas”; as primeiras não conseguem eliminar da base de suas palavras ofensivas o sentido peculiar de verem as coisas de um modo saudável. As segundas, no entanto, através da emissão verbal, vertem toda a sua mágoa do mundo e dos demais seres, pois transbordam um rio de vingança pela ofensa de algumas “gotas de água”.
Também existe profunda diferença entre o ato de maldizer e abençoar, que se revela na própria expressão psicofísica da figura humana, porque também difere o tipo e a qualidade de energias que são utilizadas para manifestar cada uma dessas atitudes. Quando abençoamos, mobilizamos energias dosadas desde o reino espiritual, mental, astral, etérico e físico, na forma de um combustível superior, para expressar a ideia, o sentimento e a emoção sublimes do nosso espírito naquele momento. Durante o ato de abençoar, o homem revela na sua configuração humana a magnitude, altiloquência, mansuetude e recolhimento do espírito preocupado em invocar forças superiores e benfeitoras em favor de alguém. O brilho dos olhos, o gesto das mãos, a expressão do rosto e a quietude do corpo formam um conjunto de aspecto atraente, a combinar-se mansamente com o fluido amoroso que sempre acompanha a palavra benfeitora. Há indizível encanto e respeito no gesto da mãe que abençoa o filho, quando ela mobiliza a sua força materna e invoca a condição divina de médium da vida, a fim de rogar ao Criador a proteção amorosa para o seu prolongamento vivo, no mundo. O pior bandido comove-se diante da sinceridade e do sentimento puro de alguém que o abençoa, e não rejeita essa oferenda espiritual, que não humilha nem ofende!
A benção é uma invocação divina outorgada aos homens para ajudar outros homens, pois, em vez de pedido ou rogativa egotista a favor de quem abençoa, é uma súplica a Deus para beneficiar o próximo. A benção é a homenagem fraternal, que adoça a alma de quem a recebe e beneficia a quem a dá!

(...) Mas tudo se modifica quando ela maldiz, porque então mobiliza energias inferiores e agressivas, que revelam o seu estado espiritual de ira, turbulência e desatino espiritual, numa aparência repulsiva e atrabiliária.
O praguejador crispa as mãos e os olhos fuzilam despedindo faíscas de ódio; dilatam-se as narinas sob o arfar violento do amor-próprio ferido, ou entorce-se o canto dos lábios sobre os dentes cerrados! A fisionomia fica congesta e retesada, delineando o “facies” animal na sua fúria destruidora. Sem duvida, há pessoas que também maldizem ou rogam pragas tão despercebidamente, como a usina elétrica projeta a sua força mortífera e silenciosa através dos diversos transformadores que a conduzem até o objetivo final. Mas a carga pensada e concentrada sob uma vontade diabólica e fria, assim como o veneno, disfarça-se e mata no corpo de água cristalina, é o feitiço silencioso e de força penetrante como a rosca sem fim! Consoante as leis de afinidade energética, esse feitiço mental e verbal, além do seu impulso original, alimenta-se, dia a dia, sob o pensamento perverso da pessoa extremamente vingativa.
No entanto, a praga ou a maldição proferida abertamente pela pessoa temperamental e sem controle emotivo, é impulso mais inofensivo do que a carga enfeitiçante e destruidora, que se forja lenta e calculadamente no quimismo do laboratório consciente mental. E o povo então considera inofensiva a praga que sai da “boca pra fora”, mas arrepia-se quando ela parte do coração!

- do livro MAGIA DE REDENÇÃO. Ramatís/Hercílio Maes. Ed. Do Conhecimento.


*Grifos do Blog.

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