Há diferença de “tensão” ou “impacto” no feitiço
verbal, ou na praga, quando é pronunciado por um homem egoísta, avarento,
invejoso, luxurioso ou pusilânime, pois embora sempre seja crueldade causar
qualquer dano ao próximo, a palavra conduz na sua base o fluido gerado pelo
pecado fundamental de cada ser! Servindo-nos de um exemplo, algo rudimentar,
diríamos que a maldição do avarento é
mais avara na sua contextura vocabular daninha, do que a mesma praga
pronunciada por um homem pródigo. As pragas proferidas pelas pessoas “otimistas”
são bem mais inofensivas do que as maldiçoes das “pessimistas”; as
primeiras não conseguem eliminar da base de suas palavras ofensivas o sentido
peculiar de verem as coisas de um modo saudável. As segundas, no entanto, através da emissão verbal, vertem toda a sua
mágoa do mundo e dos demais seres, pois transbordam um rio de vingança pela
ofensa de algumas “gotas de água”.
Também existe profunda diferença entre o ato de
maldizer e abençoar, que se revela na própria expressão psicofísica da figura
humana, porque também difere o tipo e a qualidade de energias que são utilizadas
para manifestar cada uma dessas atitudes. Quando
abençoamos, mobilizamos energias dosadas desde o reino espiritual, mental,
astral, etérico e físico, na forma de um combustível superior, para expressar a
ideia, o sentimento e a emoção sublimes do nosso espírito naquele momento. Durante
o ato de abençoar, o homem revela na sua configuração humana a magnitude, altiloquência,
mansuetude e recolhimento do espírito preocupado em invocar forças superiores e
benfeitoras em favor de alguém. O brilho dos olhos, o gesto das mãos, a expressão
do rosto e a quietude do corpo formam um conjunto de aspecto atraente, a
combinar-se mansamente com o fluido amoroso que sempre acompanha a palavra
benfeitora. Há indizível encanto e respeito no gesto da mãe que abençoa o
filho, quando ela mobiliza a sua força materna e invoca a condição divina de médium
da vida, a fim de rogar ao Criador a proteção amorosa para o seu prolongamento
vivo, no mundo. O pior bandido comove-se diante da sinceridade e do sentimento
puro de alguém que o abençoa, e não rejeita essa oferenda espiritual, que não humilha
nem ofende!
A benção é uma
invocação divina outorgada aos homens para ajudar outros homens, pois, em vez
de pedido ou rogativa egotista a favor de quem abençoa, é uma súplica a Deus
para beneficiar o próximo. A benção é a homenagem fraternal, que adoça a alma
de quem a recebe e beneficia a quem a dá!
(...) Mas
tudo se modifica quando ela maldiz, porque então mobiliza energias inferiores e
agressivas, que revelam o seu estado espiritual de ira, turbulência e desatino
espiritual, numa aparência repulsiva e atrabiliária.
O praguejador crispa as mãos e os olhos fuzilam
despedindo faíscas de ódio; dilatam-se as narinas sob o arfar violento do
amor-próprio ferido, ou entorce-se o canto dos lábios sobre os dentes cerrados!
A fisionomia fica congesta e retesada, delineando o “facies” animal na sua
fúria destruidora. Sem duvida, há pessoas que também maldizem ou rogam pragas
tão despercebidamente, como a usina elétrica projeta a sua força mortífera e
silenciosa através dos diversos transformadores que a conduzem até o objetivo
final. Mas a carga pensada e concentrada
sob uma vontade diabólica e fria, assim como o veneno, disfarça-se e mata no
corpo de água cristalina, é o feitiço silencioso e de força penetrante como a
rosca sem fim! Consoante as leis de afinidade energética, esse feitiço mental e
verbal, além do seu impulso original, alimenta-se, dia a dia, sob o pensamento
perverso da pessoa extremamente vingativa.
No entanto, a praga ou a maldição proferida
abertamente pela pessoa temperamental e sem controle emotivo, é impulso mais
inofensivo do que a carga enfeitiçante e destruidora, que se forja lenta e
calculadamente no quimismo do laboratório consciente mental. E o povo então
considera inofensiva a praga que sai da “boca pra fora”, mas arrepia-se quando
ela parte do coração!
- do livro MAGIA DE REDENÇÃO. Ramatís/Hercílio Maes.
Ed. Do Conhecimento.
*Grifos do Blog.
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