O médium, em
verdade, também é uma personalidade destacada no tempo e no espaço, e não passa
de criatura humana restrita ao campo de provas da Terra, (...) No intercâmbio
mediúnico, ele ainda se vê obrigado a cingir-se à psicologia dos desencarnados
com os quais se relaciona mais frequentemente e que, por isso, impõem-lhe um
certo cunho pessoal. Consequentemente, o
intelecto desenvolvido ou tardo do médium intuitivo e as suas concepções amplas
ou as premeditações acanhadas, sobre a natureza da vida imortal, hão de influir
fortemente nas comunicações dos desencarnados, quer restringindo-lhes, quer
ampliando-lhes o curso das ideias projetadas do Além. Não resta dúvida de que o médium consciente sempre emoldura com sua
índole psicológica e sua bagagem intelectual o conteúdo do que lhe é comunicado
do outro mundo.
Pergunta: - Como
poderíamos entender melhor essa questão de o médium intuitivo emoldurar o pensamento
dos espíritos que se comunicam através dele?
RAMATÍS: - Ele estigmatiza os comunicados do Além,
porque lhes inculca as suas peculiaridades e interpretações pessoais,
tornando-os um prolongamento de sua própria personalidade humana. Quando o
médium é criatura sentenciosa e sisuda, costuma restringir, nas suas
comunicações com os desencarnados, os gracejos ou qualquer laivo de humorismo.
Nesse caso, todos os espíritos que baixam por ele são graves, sisudos e
conselheiros, malgrado depois de desincorporados sejam criaturas louçãs,
espirituosas e alegres.
Na verdade, é o próprio médium que lhes impõe na
filtragem mediúnica esse aspecto seu, todo pessoal, fazendo com que os
espíritos comunicantes fiquem limitados a um cunho pesado, severo e tumular,
embora sejam portadores doutro temperamento psicológico. Em sentido oposto,
quando o médium consciente é criatura otimista e jovial, avessa aos dogmatismos
filosóficos ou religiosos, é possível inverter-se o caso acima, pois os mesmos
espíritos que, pelo medianeiro sisudo e pesado se mostram exageradamente
circunspectos, tornam-se então de bom humor, sem formalismos ou preconceitos
doutrinários do mundo material.
(Livro:
Mediunismo. Hercílio Maes/Ramatís. Ed. Do Conhecimento.)
*Grifos do Blog
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