sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Amar não é carregar a dor de quem amamos por Pai João de Angola

Amar não é carregar a dor dos outros.

Metade da reencarnação o espírito gasta para se apegar à matéria, e a outra metade ele vive apenas para se desapegar.

O nosso sofrimento nasce quando não queremos cumprir com essa lei soberana de deixar a vida fluir, quando não queremos permitir a naturalidade dos acontecimentos, aceitar a realidade.

Nossas idealizações a respeito das pessoas que amamos nos prejudicam muito quando somos chamados a amá-las como são, com os problemas que apresentam e quando não correspondem ao que dela esperávamos. Uma dor muito intensa toma conta de nosso campo afetivo quando desmoronam as expectativas que mantinham acesso ao nosso amor por alguém. Contudo, jamais esqueçamos que, se queremos preservar nossa sanidade e nosso equilíbrio, antes de tudo, precisamos amar a nós mesmos. Sem isso, será muito difícil encontrar força e fé para dar conta dos problemas das pessoas que amamos ou simplesmente para poder fazer alguma coisa de útil por elas.

O apego que temos uns pelos outros cria uma miragem doentia, a ponto de supormos que somos responsáveis pela dor do outro. Assim, a vida fica pesada, porque queremos carregar o que não nos pertence.

Quando as experiências da vida estiverem duras demais, a ponto de nos causarem descrença nos ideais de melhoria e progresso, existe uma possibilidade muito ampla de estarmos querendo carregar em nossos ombros o peso dos problemas que pertencem aos outros.

Amar é alumiá (alumiar) o outro para que ele se liberte de sua dor quando decidir sair dela.

Amar não é sofrer ou se responsabilizar pelo que acontece com as pessoas que amamos.  Amar é preservar nossa sanidade e equilíbrio e colaborar para que o outro possa fazer o mesmo.

Nesse aspecto, existe um grande desafio em aprender o que significa soltar o fluxo cósmico da vida alheia, em aprender a amar sem controlar, a amar sem ser dono, a amar sem carregar o outro, que precisa andar com as próprias pernas. O desafio é saber amar impondo exigências, para que, a pretexto de amar, não nos atolemos na perturbação e na dor que ao outro pertence por necessidade de aprendizado.

Cada um de nós tem um balaio de dor, experiências a carregar e um caminho a trilhar. Trata-se de um mapa na direção da perfeição.

Observe que o enunciado de Jesus é todo feito no campo individual:
“Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-me” (Mateus, Cap. 16, V. 24).

Nem Deus, que rege todo o processo de nosso crescimento e evolução, carrega por nós o que temos que carregar. Ele alivia, orienta, fortalece, mas espera que a solução venha de nós mesmos, que tenhamos pernas fortes para subir a montanha da evolução.

O amor não é prepotente, fio, a ponto de achar que temos que dar conta de curar e libertar quem não quer ser curado e libertado. Nem Deus consegue isso, muzanfio! Nem Deus!

Prepotência é doença do afeto, é soberba disfarçada. Todos temos um limite, e não existe amor tão poderoso que possa mudar alguém, além de si mesmo.

A lei é essa, meus fiinhos de Deus: cada um carrega o balaio de dores que a vida entregou.

Será muito bom saber que as pessoas que amamos querem melhorar!

Mas sabe o que é melhor ainda meu fio de Deus?
É aprender que se eles não cuidarem de si, nós podemos cuidar de nós sem perder a paz que merecemos.  Deus só nos dá o direito de transformar a nós mesmos. Com o outro, a gente só pode cooperar, dar um empurrãozinho, tirar um pouquinho do peso dos seus balaios para tornar a subida menos penosa.

Amar é isso: preparar-se para estar melhor e mais fortalecido que a pessoa que vamos precisar estender a mão para que o que muitas vezes chamamos de amor não nos afunde junto com ela.

PAI JOÃO DE ANGOLA.
LIVRO “FALA, PRETO VELHO” – AMAR NÃO É CARREGAR A  DOR DE QUEM AMAMOS.
WANDERLEY OLIVEIRA. ED. DUFAUX.
*Grifos do Blog.

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