quarta-feira, 25 de novembro de 2015

A linguagem de pretos velhos por Maria Modesto Cravo

A pedagogia da linguagem dos pretos-velhos é coerente com a ética de Jesus, com os princípios do Espiritismo e com as crenças mais acolhidas pelo imaginário popular em relação aos assuntos do espiritualismo.

Por meio de sua fala singela e metafórica, eles trabalham com os valores da fé e da importância do bem no coração. É uma linguagem de consolo, que sincroniza simplicidade com acolhimento, rica em sua forma de atingir o inconsciente das pessoas sofridas e fervorosas, despertando poderosos elementos de luz e de motivação.

O falar dos pretos-velhos conduz o homem para metas realistas de renovação e de melhoria moral, levando a muitos a sensação de libertação e de motivação com o recomeço perante provas e expiações. Não é uma linguagem de catequese nem de doutrinação, mas de pacificação e de perdão interior, extremamente rica em afetividade.

Com essa pedagogia da esperança e do conforto espiritual, os pretos-velhos realizam um autêntico serviço de educação social para muitas pessoas que não se adaptam mais aos velhos conceitos da religião tradicional, mas que também não se encontram aptas ou dispostas a absorver as propostas mais profundas de renovação da conduta que alicerçam as bases do Espiritismo.

Os pretos-velhos orientam o povo para a fé em Deus e, com isso, transformam-se em potentes educadores do afeto, em renovadores das crenças mentais, gerando uma relação de simpatia que alimenta e troca nas mais amplas esferas da dor humana.

Pai João de Angola, reencarnação do espanhol Francisco Jiménez de Cisneros (1436-1517), mais conhecido como Cardeal Cisneros, tem, em seu método de comunicação, antes de tudo, um atestado de que ao espírito cabe o direito de se manifestar em sua forma peculiar, sem que isso signifique, obrigatoriamente, um critério de evolução ou de densidade de conteúdo moral nas mensagens. É uma quebra de esteriótipo em relação à noção deturpada que se formou sobre o mentor espiritual ou guia espiritual. Pai João mostra que os mentores também erram, também choram, também falam e também escrevem errado. Os mentores também são gente.

Seus textos, repletos de reflexões claras e singelas, sensibilizam a alma, relembrando os mais preciosos ensinamentos espirituais capazes de cooperar na formação do homem de bem: a maior e mais cobiçada meta na direção da regeneração do planeta Terra.

A simplicidade desse nego véio é de uma beleza contagiante, a qual nos envolve em climas emocionais que somos incapazes de descrever. Apenas sabemos que o enlevo nos textos desse pai velho nos conduz a estados espirituais de profunda paz, libertação, leveza e entusiasmo.

Pai João bem que poderia construir seus textos em uma linguagem que louvasse a língua portuguesa com verbos perfeitos e palavras rebuscadas, entretanto, sua forma de se expressar não impede a profundidade de suas abordagens e a densidade de suas ideias, assumindo diversas posturas pedagógicas em conformidade com a natureza de seus textos. Consultor, orientador, psicólogo, conselheiro, pajé, instrutor, educador, mago e preto-velho, esse é Pai João de Angola. Um pouco de cada uma de suas personalidades está projetada em suas palavras.

Respeitando quaisquer opiniões contrárias às nossas, entregamos os ensinos de Pai João de Angola avalizados por uma equipe de espíritos servidores da luz e construtores da regeneração no Hospital Esperança¹, cujo mentor é Eurípedes Barsanulfo.

Em meio a discussões improdutivas sobre a validade ou não da comunicação de pretos-velhos, confirma-se, atualmente, a crescente participação lúcida e educativa de todos eles na espiritualização do nosso povo brasileiro.

Os pretos-velhos cada vez mais ampliam o raio de sua atuação amorosa e instrutiva. Sua presença marcante e cada vez mais popularizada pelo bem que espalham é uma autêntica cirurgia no orgulho para retirada do quisto do preconceito de muitos grupos afeiçoados à rigidez nos assuntos da mediunidade. São cada vez mais queridos e requisitados, entrevistados e procurados. Agora já encontram espaço para escrever livros e ser alvo da reverência e do louvor de muitos. Fazem parte do mais moderno repertório de educação religiosa, no que concerne às inúmeras comunidades organizadas no Brasil, e trafegam com sabedoria entre várias seitas cristãs.

O progresso das ideias cria uma nova forma de pensar a respeito do papel dessas entidades espirituais na espiritualização da humanidade encarnada. No intuito de romper com as opiniões e com os princípios imutáveis que separam as religiões e estimulam seus adeptos à animosidade e à intolerância, Kardec destaca que, “(...) desde algum tempo, um movimento se vem operando de descentralização, tendente a adquirir irresistível força”².

Esse movimento não é gerenciado por nenhuma entidade oficial, mas pela necessidade do coração humano. Pela importância que a mensagem expressada pelos pretos-velhos adquire, eles fazem parte desse movimento, que, em verdade, acontece em todas as latitudes do planeta Terra. Sobre isso, Allan Kardec diz também:

“O princípio da imutabilidade, que as religiões hão sempre considerado uma égide conservadora, tornar-se-á elemento de destruição, dado que, imobilizando-se, ao passo que a sociedade caminha para frente, os cultos serão ultrapassados e depois absorvidos pela corrente das ideias de progressão.”²

O terreno neutro das religiões está sendo criado a contragosto de muitos, que se aferram a premissas inflexíveis e se fazem oponentes à naturalidade com que se operam os tempos novos. Mesmo os argumentos mais lúcidos e respeitáveis utilizados pelos expoentes do Espiritismo para justificar o atraso dos pretos-velhos têm sucumbido ante a força e a grandeza de sua manifestação afetiva e de sua capacidade libertadora das dores humanas. Por mais sensata a explanação doutrinária espírita a respeito do linguajar truncado e dos ensinamentos místicos dessas entidades espirituais, o povo adotou os pretos-velhos e eles adotaram a afeição do povo.

A relação de amor e de afeto entre os pretos-velhos e as multidões abateu as mais severas teses de lucidez exaradas com base nos princípios da mediunidade à luz do Espiritismo. E que cada vez mais eles assumam o lugar que merecem!

Ninguém mais consegue escravizar os pretos-velhos! Louvado seja Deus!

Livre para falar! Fala, Pai João!

Falar difícil é muito fácil. Difícil é falar fácil e simples como faz o preto-velho!

MARIA MODESTO CRAVO. NOVEMBRO DE 2012.

(INTRODUÇÃO DO LIVRO ‘FALA, PRETO VELHO’. WANDERLEY OLIVEIRA. PAI JOÃO DE ANGOLA. EDITORA DUFAUX).

¹Casa de amor fundada por Eurípedes Barsanulfo no astral, cuja função é tratar cristãos que desencarnam com severos dramas conscienciais.
²A Gênese, Cap. 17, item 32.

*Grifos do Blog.

Um comentário:

  1. LINDO , JA RECEBI MTA GRAÇAS DDAS CORRENTES DE PRETO VEIO .RESPEITO , ACREDITO , E QUE ELES SEMPRE POSSAM ESTAR PRESENTE . DEUS ABENÇOE .

    ResponderExcluir