"A um deu cinco talentos, a outro dois e a outro um, a cada um segundo a sua própria capacidade, e então partiu" Mateus — Cap. 24, v. 15.
Médiuns! Eis no corpo desta mensagem o que poderá suceder com as vossas faculdades, se o uso não for dirigido pelo bom senso. Sem dúvida, deveis conhecer a parábola dos talentos. Aquele a quem o Senhor confiou cinco talentos teve a audácia luminosa de multiplicá-los, fazendo o mesmo o que recebeu dois. E o trabalhador de posse de um era o que tinha menos qualidades, e o temor não deixou que ele participasse do progresso, anulando suas possibilidades de trabalho.
Partindo desta parábola, poderemos analisar as condições dos chamados médiuns no campo doutrinário do Espiritismo. Mateus anotou, inspirado na mais alta disciplina espiritual, o que serve a nós, encarnados e desencarnados, que trabalhamos na Terra. Os dons mediúnicos são os talentos correspondentes às nossas responsabilidades perante o próprio Cristo. A cada um ele deu, segundo as suas próprias condições espirituais, por justiça.
É bom que lembremos que Deus não coloca fardos pesados em ombros frágeis. 0 que recebeu cinco tinha condições, pelo labor da sua própria vida, enriquecida pela maturidade de exercitar a dádiva, dando o dobro do rendimento. Igualmente o que ganhou dois. Todavia, o inexperiente, recebendo um talento, guardou-o consigo, temendo perder, na transação espiritual, o tesouro que lhe foi confiado, de sorte que nada produziu, confirmando, então, o que o Mestre antecipa na anotação do apóstolo, ao terminar sua fala: "Porque a todo o que tem se lhe dará, e terá em abundância; mas o que não tem, até o que tem lhe será tirado".
O médium é um instrumento, de onde poderão ser tirados acordes da mais alta significação, desde que ele se afine em toda a sua estrutura. Conforme o tipo de melodia ampliada por ele, certamente inspira milhares de outras, multiplicando até o infinito suas qualidades, sem dar tempo às sombras, sem se acomodar com o que já fez. A esse tipo de medianeiro será dado mais. No entanto, aquele que a inércia fez adormecer por inúmeras conveniências e, ainda mais, por crime de ter pouco em relação a outros, até mesmo o que já tinha lhe será tirado, porque a sua própria disposição negativa entorpece o que já era seu.
O médium incorporado nas hostes doutrinárias de Jesus Cristo destrona do seu próprio eu o egoísmo, que cede lugar à bondade, e hospitalidade, enfim, ao amor, em suas múltiplas expressões, colocando o Cristo como centro de todas as vidas humanas, com todas as possibilidades que poderemos imaginar e, ainda mais, ultrapassando as nossas deduções racionais.
É bom que lembremos que a nossa conversa não tem exigências, desconhece opressões. Nós olhamos para o estudante do Espiritismo Cristão como se fosse aquele mesmo discípulo estuante e vigoroso do Cristianismo nascente. Portanto, as propostas são cabíveis, como fardos, a quem está acostumado a transportar pesos de desilusões humanas. Revigoremos, pois, com mais um pouco de esforço, reformando-nos interiormente, para que o Cristo apareça como sol, na fecundação das nossas vidas, e Médico das nossas almas.
Médiuns! A afetividade promana de corações amadurecidos nos amanhos da existência. Por que não incorporarmos essa qualidade em nós, mostrando que participamos do banquete do Senhor, quando reparte o pão para todos os discípulos? A cordialidade é produto do tempo em que Jesus passa a dominar. Por que não deixar transparecer essa luz de nós para os outros? A cortesia é talento divino a nosso favor. Por que não a multiplicarmos a cada hora, a cada dia, a cada minuto? Tudo isto é lastro doutrinário do Espiritismo, senão do Cristo em nós, que assegura o equilíbrio de todos os intermediários do bem na Terra e no Céu, da vida e pela vida.
Companheiro de jornada terrena: se já recebestes alguns talentos de Deus que vos conferem a faculdade de servir, não interrompais o exercício deste tesouro em benefício da coletividade. Abri as portas da multiplicação. Vigiai a vossa palavra, desde a formação das ideias até os sons imprimidos nelas, para que a mensagem não saia das linhas do amor. Se aflorou na vossa sensibilidade um só dom com evidência, não o enterreis no esquecimento por ciúme de outros com mais possibilidades. Avançai com o que tendes, que vos será dado muitas vezes mais, no reino da consciência, E bom que os que muito receberam não deixem a ferrugem da vaidade estragar a maior importância dos seus tesouros, e que a humildade afrouxe todos os laços dados pela ignorância, de maneira a passar pelos fios da vida. Sede fortes nos tormentos, esperando que, no amanhã, as tempestades vos deixem sentir a luz com mais limpidez, assegurando-vos a certeza de que somente o bem está enraizado na eternidade. Perdoai as ofensas, se porventura vierem ao vosso encontro. Elas, no fundo, ampliam, se souberdes recebê-las, a vossa auto-educação. A mediunidade é um dom universal no rebanho de Jesus, que está sendo educada pelas mãos sábias do Divino Mestre.
Médiuns! Não importa os talentos que recebestes. Multiplicai-os em favor do próximo, que o próximo fará o mesmo.
"A um deu cinco talentos, a outro dois e a outro um, a cada um segundo a sua própria capacidade, e então partiu"
LIVRO: MÉDIUNS, psicografado por João Nunes Maia/Miramez.
*Grifos do Blog.
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