quarta-feira, 2 de maio de 2018

Médiuns, por Miramez

"Ouvindo isto, indignavam-se os dez contra Tiago e João".
Marcos — Cap. 10, v. 4.

Parece-nos fácil falar aos médiuns, e, para eles, muito mais, nos ouvir. Todavia, dizer e escutar faz parte do programa de aprendizado. A mediunidade é um dom, senão um estado natural de todos os espíritos encarnados e desencarnados, ignorantes e iluminados, em toda a gama evolutiva.

A função mediúnica é a base da própria vida. O Cristo representa para nós o Espírito de Verdade, cujas mãos generosas nos tocaram, despertando-nos para viver. O colégio apostolar é o ápice do intercâmbio entre o Céu e a Terra, É inerente a cada alma o germe divino de todos os dons, que despertam com o tempo e com as necessidades de cada ser.

Não vos preocupeis em adquirir o que já é vosso e que vibra dentro de vós. O desenvolvimento mediúnico importa no desenvolvimento psíquico e biológico. A mediunidade também se assenta em bases físicas, para fulgurar em todas as direções, circulando em todas as vias do saber e do amor. Contudo, tem os seus percalços. Os problemas, as dificuldades, as dores, os sacrifícios, fazem clarear o futuro. Com sublimes lições, o Cristo nos traçou, da Manjedoura ao Calvário, o roteiro mais seguro rumo e vitória.

Tendências para o erro todos temos, em todas as faixas da vida terrena. Não obstante, sempre vislumbramos a mão do Mestre, tal como Pedro, no mar da Galileia. Ninguém se perde porque cometeu faltas. As pernas foram feitas flexíveis para se curvarem e esticarem novamente, avançando caminhos, para que o espírito possa trocar experiências por onde passar.

A mediunidade com Jesus é aquela consciente de seus deveres. É o companheiro ciente do que deve fazer, que se submete constantemente às corrigendas, quando a consciência o instiga à meditação e a humildade retrata as distorções da invigilância. Todo discutidor, que facilita o ódio, a prepotência e a vaidade, afina-se facilmente com as sombras, que lhe garantem as opiniões, sem valorizar ideias nobres que, por vezes, os outros nos emprestam, pelo sopro da verdade. Achar que está de posse da certeza, é criar em torno de si barreiras que impedem a ajuda superior.

Todo médium é falível. É por este motivo que Jesus nos pede para vigiar e orar. Todos estamos na escola, precisando de disciplina. O médium ciumento se isola da luz, que o procura incessantemente. Cada um deve trabalhar dentro de si, visando o bem de todos. Candidatar-se a médium ou querer desenvolver as faculdades mediúnicas, a muitos parece buscar um lugar de magnitude, de destaque nas hostes doutrinárias. Porém, se conhecermos as diretrizes verdadeiras traçadas pelo Divino Amigo, teremos outras ideias.

Tiago e João queriam fazer parte, com o Cristo-, do banquete de amor, o que suscitou nos outros discípulos o ciúme. Mas é de se notar que logo corrigiram esse impulso, tanto uns como os outros. Mateus e Marcos anotam nos seus escritos as suas fraquezas, de quererem exigir, como fazendo parte dos doze, o que os dois pleiteiam somente pela palavra, participar dos esplendores que somente bilhões de anos conferem. Pedir é impulso natural dos inferiores, e receber é obra divina para quem merece.

Nós ficamos indignados com muita coisa que achamos errada. Mas se o Cristo já despertou em nós, se o Evangelho é o livro que nos orienta, logo, sem perda de tempo, modificamos a disposição alheia que promove o nosso desequilíbrio. Eis que a paz surge como bênção da compreensão. A mediunidade ainda requer sacrifícios, esforços e trabalho, porque é um instrumento muito bom de redenção.

O médium que acicata outros médiuns, esquecendo o esplendor doutrinário do gesto do Mestre para com a mulher adúltera, ainda é cego querendo guiar outros cegos. O sensitivo deve compreender a própria ciência da evolução. O sistema nervoso do complexo humano avança com o tempo, para que outra geração encontre nele meios compatíveis com as suas necessidades. E nisto, não se deve culpar os outros por suas próprias deficiências. O empuxo da natureza é força de Deus no esquema da criação.

É bom que falemos aos médiuns, é útil que ouçamos, fazendo assim as bases para que possamos viver o que ensinamos de bom e selecionar o que ouvimos de agradável ao senso superior. Aqui não há exigência alguma, é conversa de espírito para espíritos, em nome de Deus, nas bênçãos do Cristo.

Médiuns! A mediunidade é esquema divino da divina experiência de milhões de séculos. Ela não é propriamente uma religião, mas faz parte de todas. Não é uma filosofia, mas é elemento para todas elas. Não é uma ciência, todavia, é conduto para ela.

Moisés foi um dos grandes sinais da mediunidade no intercâmbio da justiça; Cristo, o maior de todos, como Médium do amor de Deus para a humanidade. E a nós outros, para nos aproximarmos do colégio apostolar do Mestre, é necessário que ampliemos nossos valores espirituais do amor, na expressão da caridade, da tolerância, do perdão, do trabalho, da alegria e da esperança, esforçando-nos onde estivermos para que cresçam em nós os preceitos evangélicos; para que, acima da incorporação, da vidência, da psicografia, dos dons de profetizar, de curar e de abençoar, vibre em nossos corações a mediunidade do bem, que encerra todas as virtudes preceituadas pelo Messias.

Médiuns! Desgarrai-vos das coisas inferiores, o quanto puderdes, que sereis solicitados pelos agentes da Luz, para o reino de Deus, na própria consciência.

Uma coisa vos será muito útil na multiplicação dos vossos talentos mediúnicos: não julgueis os que estão na vossa dianteira, nem amaldiçoeis os que se acham na retaguarda, pois cada um se encontra onde Deus o colocou; ajudai-os no que puderdes, que o sol brilhará mais em vós.

"Ouvindo isto, indignavam-se os dez contra Tiago e João".

LIVRO: MÉDIUNS, psicografado por João Nunes Maia/Miramez.

*Grifos do Blog.

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