sábado, 26 de maio de 2018

Os Espíritos tem religião? por Eloy Augusto



Os Espíritos tem religião?
É uma pergunta muito interessante a se fazer porque os espíritos costumam se agrupar pela sua similitude de gostos, pela afinidade, o que nos faz pensar que os espíritos ainda mais ligados a matéria possuem, sim, uma religião, e que se agrupam no mundo espiritual em comunidades, famílias, em “colônias espirituais” como expressou André Luiz em seus livros.
A religião, sendo um fator muito importante na vida do Homem, é natural que se estenda para as regiões além-túmulo e que os espíritos se organizem de acordo com aquilo que seja afim a eles.
Em alguns livros espíritas (de médiuns como Chico Xavier, Divaldo Franco, Carlos Baccelli, Robson Pinheiro, Wanderley Oliveira e outros) nos deparamos com a informação de que no mundo espiritual também existe templos religiosos das várias religiões existentes na Terra.
E se espíritos se apresentam nas reuniões mediúnicas como padres e freiras, será que não estão, ainda, ligados ao pensamento e religiosidade tradicional da Igreja Católica? E os espíritos que se apresentam como mestres hindus ou japoneses, será que não aproveitam do ensinamento do Hinduísmo, do Budismo ou do Xintoísmo para auxiliar a elevação moral e espiritual das pessoas? (Adaptando, naturalmente, esses ensinamentos e filosofias ao entendimento judaico-cristão que predomina em nosso país).
É claro que a imortalidade da alma e o entendimento da reencarnação, bem como a não-existência do Céu ou do Inferno cristãos, mitológicos, podem quebrar alguns paradigmas e visões estreitas de espíritos que alimentavam essas ideias... Mas isso não quer dizer que os espíritos deixam a sua religiosidade de lado, o que tem muito a ver com a última cultura que viveram na matéria.
Assim como reuniões mediúnicas no plano espiritual, como já citado nos livros psicografados pelos citados autores, nos faz refletir que, da mesma forma, os espíritos também se reúnam a fim de adorar a Deus (e aos deuses, como no caso dos espíritos ligados ao Hinduísmo, por exemplo) e rezar, das mais diversas formas possíveis.
Com toda a diversidade e pluralidade que existe no nosso mundo, como achar que todos os espíritos que trabalham no Espiritismo são espíritas? É, no mínimo, estranho e uma estreiteza de visão bastante dogmática e infrutífera, bastante distante de uma visão sóbria do mundo espiritual... Por falta de conhecimento ou por esperteza mesmo!
Por que classificar alguns espíritos como “de Umbanda” ou “do Espiritismo”?
Essa separação é coisa do ser humano que ainda insiste em querer separar, desunir as pessoas, estabelecendo “isso pode” e “isso não pode”.
É claro que eu sou contra manifestações de espíritos de pretos velhos e caboclos que, num centro espírita, peçam elementos materiais para trabalhar, porque aí é faltar com respeito com aquela cultura filosófico-religiosa e é dar manga para críticas... Tanto quanto é ilógico o espírita criticar o umbandista por usar elementos materiais para a realização de seus trabalhos mediúnicos e magísticos! O bom senso e o respeito tem que existir dos dois lados – e aí eu pergunto: será que essas “manifestações” não viriam de espíritos zombeteiros que querem desmoralizar a Umbanda e seus guias? Ou de médiuns animistas ou com más intenções?
Porque o preto velho, o caboclo, entende perfeitamente o lugar onde está trabalhando, entende a cultura do lugar e o método de trabalho, até porque, existem inúmeras casas umbandistas que em seus trabalhos já não usam, com tanta frequência (ou como algo indispensável) o charuto, o cachimbo, as ervas, a bebida alcóolica e etc.
Mas a separação também vem de alguns autores umbandistas que incentivaram essa separação nos livros que escreveram... E tem muito umbandista que pensa, também, que os “seus” Guias não trabalham na “mesa branca”, que os “seus” protetores apenas protegem a ele, que os “seus” mentores não são do “kardecismo” ...
É muita ignorância, é muita vaidade e é muito egoísmo mesmo! Como o homem gosta de ser infantil quando lhe convém! De se fazer de cego e surdo à própria razão!
“União sem fusão, distinção sem separação” – Pai João de Aruanda (João Cobú), pelo médium Robson Pinheiro. Eis aí uma forma de pensar bastante inclusiva e racional, mas que muita gente não está pronta (ou não quer mesmo!) para entender, aceitar e vivenciar!
Faz parte, nem todos pensam como nós... O que é muito bom, faz parte da diversidade, mas não temos como apoiar tamanho sectarismo!
Falar que os espíritos não tem religião também não ajuda muito porque não tem base. É claro que alguns espíritos não tem religião e não acreditam em Deus. Isso pode acontecer... Aliás, tudo pode acontecer, se formos parar pra pensar no mar de possibilidades que existe no plano espiritual.
Tem muito umbandista e espírita comodista, que preferem ficar longe dos livros, repetindo as mesmas bobagens e mentiras engessadas como “verdades” aceitas, sem critério, pelos seus grupos...
Como um Espírito de Luz pode incentivar o preconceito, o separatismo e a intolerância religiosa? Que Espírito sensato e de luz incentiva a discriminação? Com certeza não é um espírito inteligente e muito menos comprometido com o Bem!
Com toda a diversidade nos dois mundos (material e espiritual) há espíritos hinduístas, espíritos budistas, espíritos evangélicos, espíritos judeus e até espíritos ateus!
Ou será que só por que o Espírito abandonou a carne se torna obrigado a acreditar em Deus? (Eu não me surpreenderia com isso).
É lógico que o espírito pode ser espírita porque guarda afinidade com essa filosofia-ciência-religião e com o método de trabalho construído no Brasil. Assim como é lógico espíritos de outras religiões, cada qual participando, junto dos encarnados, dos templos religiosos que lhe são afins...
E seria muita ignorância achar que todo espírito é espírita.... Seria muita pretensão crer que todo espírita que se manifesta nos centros espíritas são espíritas...
Mas o Espiritismo é bem maior do que tudo isso!
A Proposta Espírita é a de comunhão e muita gente tá bem longe disso...
Mas mesmo com tudo isso, com todas essas falhas humanas, as vozes do Senhor (como se refere aos espíritos o Espírito de Verdade) continuam a trabalhar nos centros espíritas, independentemente de suas nacionalidades ou crenças, trabalhando junto dos encarnados em prol da caridade, do amor ao próximo e do Bem, seja esse bem chamado de Alá, Visnhu, Buda, Rama, Jeová ou Jesus...

Eloy Augusto.
SP. 26/05/18.

2 comentários:

  1. Querido irmão de fé e Templo, que bela reflexão! Que Deus e a espiritualidade continuem abençoando sua linda caminhada!!! ❤

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  2. Como sempre, muito explicativo e coerente. Texto maravilhoso.

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