domingo, 6 de maio de 2018

Caboclos e Pretos Velhos


Enquanto ele falava, eu fui olhando o ambiente com mais atenção. Ao lado da porta de entrada havia dois espíritos, que estavam magnetizando todos que passavam por eles. Um assemelhava-se a um índio pele-vermelha, com uma indumentária jogada sobre o ombro, de porte altivo, sério, porém, sem ser grave. Trazia um recipiente nas mãos e espargia uma espécie de mistura de ervas maceradas em todas as pessoas. Do outro lado da porta um autêntico preto velho, porém, nem tão velho assim. Trazia nas mãos um estranho instrumento, que Anselmo identificou como sendo um turíbulo ou incensário, movendo-o em tomo das pessoas que entravam na tenda, enquanto o objeto exalava uma fumaça de cheiro adocicado, de forma que ninguém que passasse por aquela porta ficasse sem os efeitos do que lhes era ministrado. 

- Esses são companheiros que na Terra se especializaram no cultivo e na manipulação de ervas. Aqui deste lado, além de irradiarem fluidos de sua aura pessoal, continuam com o mesmo trabalho, auxiliando quanto possam para o benefício geral - falou-me Anselmo. - Observe bem aquele companheiro que entra no salão. 

Entrava um senhor de semblante grave, estatura alta, acompanhado por uma jovem, que segurava em sua mão. O preto velho e o índio faziam o que eu chamava de ritual, envolvendo-o em suas vibrações. Aproximei-me mais para melhor observação e pude notar no senhor uma grande quantidade de energias que se mesclavam em tonalidades de cinza e verde escuro, envolvendo-o na região do chacra frontal e do plexo solar. Trazia impregnado em seu campo áurico, algo semelhante a uma lagarta, que parecia sugar-lhe as energias.  

Quando a fumaça fluídica envolveu-o, começaram a cair no chão algumas postas de uma massa que se assemelhava a carne crua, guardando a peculiaridade de parecer viva, pois mexia-se constantemente. Quando o índio espargia a água, com propriedades desconhecidas para mim, sobre o senhor, ela caía sobre o parasita e o desfazia, derretendo-o, como se fosse um ácido que, derramado sobre a estranha criatura, a desmaterializasse. 

Fiquei abobalhado com o que vira. Eram verdadeiramente diferentes os métodos empregados, mas, sem sombra de dúvida, eram eficazes. Anselmo socorreu-me a curiosidade novamente: 

- Vê, meu amigo, como esses companheiros promovem a limpeza magnética nas auras dos irmão encarnados? Utilizam-se de recursos que conhecem. Você não ignora que todas as coisas têm magnetismo próprio, e aqui, deste lado da vida, - estruturas astrais das plantas, com a vibração que os espíritos conseguem canalizar da natureza, são medicamentos eficazes, que nas mãos de quem conhece, se transformam em potentes instrumentos de auxílio, expurgando larvas e criações mentais inferiores do campo magnético dos companheiros encarnados e mesmo desencarnados. A natureza guarda segredos que estamos longe de compreender em sua totalidade. Aqui nada se perde. Todo conhecimento é utilizado para o trabalho de auxílio. Toda experiência é aproveitada nas tarefas, porém, obedecemos a um critério, como verá depois. 

Comecei a aprender que, em qualquer lado da vida que nos encontremos, nossas experiências, nosso conhecimento, mesmo que sejam incompreendidos por uma multidão, poderão ser úteis no serviço ao próximo. Aquele caboclo e aquele preto velho eram espíritos de uma sabedoria que desafiava muitos sábios da Crosta e mesmo muitos desencarnados. Em sua simplicidade e pureza de intenções, auxiliavam quanto podiam, dando sua cota de contribuição.  

LIVRO: TAMBORES DE ANGOLA, psicografado por Robson Pinheiro/Ângelo Inácio.

*Grifos do Blog.

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