Segui Anselmo e observei igualmente o gongá, o local onde se concentravam as
atenções de todos. Era uma espécie de altar, utilizado para as rezas que se
destinavam a encarnados e desencarnados. Anselmo, desta vez, explicou sem
que eu perguntasse:
- Muitas pessoas necessitam ainda de algo que funcione como muletas
psicológicas, a fim de desenvolverem seu potencial. Mas, aqui, o que acontece é
bem diferente. O altar, os objetos de culto e todo o simbolismo que utilizamos,
como os pontos riscados e cantados, as chamadas curimbas, visam compor o que
chamamos de bateria magnética. É uma espécie de bateria psíquica que
concentra as energias de que precisamos para as tarefas que realizamos. Na
Umbanda lidamos com fluidos às vezes muito pesados, com magnetismo
elementar, e uma grande quantidade de pessoas que aqui vêm em busca de
recursos não conseguem ainda compreender o verdadeiro objetivo da Umbanda.
Às vezes, muitos umbandistas também não lhe compreendem os mistérios
sagrados. Esse altar, o gongá, usando terminologia própria da Umbanda, é uma
verdadeira concentração energética. Todos concentram aí seus pensamentos,
suas orações, suas criações mentais mais sutis. Então, quando precisamos de
uma cota energética maior para desenvolver certas atividades, é só recorrermos a
esse ”depósito” de energias, pois o altar é também um intenso reservatório de
ectoplasma, força nervosa grandemente utilizada por nossos trabalhadores, em
vista da natureza das nossas atividades. Os cânticos, além de identificarem cada
espírito que se manifesta, servem igualmente como condensadores de energia,
uma espécie de mantra, que são palavras consagradas por seu alto potencial de
captação energética. É a força mágica da Umbanda.
Observei o ambiente espiritual da tenda ou terreiro. À medida que o povo cantava
em ritmo próprio, parecia que imensa quantidade de energia luminosa ia se
formando por cima da assistência, segundo o ”ponto” cantado. De cores variadas,
as energias iam se aglutinando na psicosfera ambiente e depois eram absorvidas
pelas auras de quantos ali estavam, além de se agregarem em tomo do gongá. O
fenômeno era maravilhoso de se ver. Em meio ao redemoinho de energias,
espíritos que se manifestavam na forma de crianças canalizavam esses recursos
para os assistentes, que estremeciam ao receber o choque energético. Eram os
fluidos que os atingiam e desestruturavam as criações mentais inferiores, os
miasmas e os demais parasitas que se encontravam nas auras dos participantes.
LIVRO: TAMBORES DE ANGOLA, psicografado por Robson Pinheiro/Ângelo Inácio.
*Grifos do Blog.
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