"E, impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo;
e tanto falavam em línguas como profetizavam".
Atos — Cap. 19, v. 6
Paulo, chegando a Éfeso, encontrou doze discípulos, por que não dizer
médiuns, que acabavam de receber instruções de Apolo, para o exercício das
suas faculdades espirituais. No entanto, não encontravam segurança em si
mesmos, faltando-lhes algo para que se processasse o transa mediúnico: a fé.
O médium espírita é portador do dom. Todavia, carece de alguém com muita
experiência em assuntos espirituais, no sentido de lhe dar as mãos no começo
da sua tarefa mediúnica, guia material esse cuja presença facilitará muito seus
primeiros passos. Vejamos como a figura de Paulo, em Éfeso, diante dos doze,
possibilitou-lhes o transe com o Espírito Santo, ou seja, os seus guias
espirituais. Familiarizaram-se, assim, com a fala do mundo invisível, para
melhor disseminação do Evangelho. Apolo tinha a palavra fácil, argumentos
irresistíveis, acerca das verdades eternas. Porém, faltava-lhe a visão psíquica
e o dom de curar, que Paulo possuía com abundância. Os doze estavam como
portas fechadas, segurando uma imensa represa da água da vida. 0 apóstolo dos
gentios possuía a chave para abri-la e, neste toque com as mãos benfeitoras,
caíram todos em exercícios mediúnicos, falando línguas estranhas e
profetizando, interpretando o Evangelho do reino e fazendo conhecidas máximas
nunca antes reveladas.
O próprio Paulo entusiasmou-se com aquela nova frente de trabalho em nome
de Jesus Cristo. Foi neste sentido que, em certa época, o convertido de
Damasco proclama, nestes termos, falando de Apolo: "Apolo semeia e eu colho".
Nisto, Apolo já estava, diz o Evangelho, em Corinto, preparando novos discípulos
para Jesus, na esperança de que Paulo por ali passasse, complementando o
trabalho, e a falange do Espírito da Verdade se apossasse dos novos
medianeiros, assegurando assim a rápida expansão da doutrina cristã.
O sensitivo, antes de se entregar ao transe mediúnico, deve concentrar-se com
muito cuidado, numa vigilância que requer, igualmente, oração. Onde quer que
opere nos labores de cada dia, é bom que busque harmonizar a mente, recusando
sugestões inferiores que possam levá-lo ao aborrecimento, às respostas violentas,
aos revides grosseiros, aos convites indesejados, aos falatórios sobre doenças e à
tempestade do mexerico. Com essas linhas negativas podereis compreender
outras, das mesmas qualificações. Todos sentimos o que pode servir de melhor
para nós; muito mais o médium estudioso das obras basilares do Espiritismo. O
médium deve armar-se de tolerância, computando em seu coração todas as
virtudes compatíveis com o Evangelho de Jesus. Sem ele não poderá haver
disciplina mediúnica, pois fora dele desconhecemos mediunidade valorizada.
Conhecemos milhões de médiuns em todo o mundo flutuando no mar da dúvida,
nas sombras do comércio com as faculdades que possuem, e no desinteresse pelas
coisas de ordem espiritual. Falta-lhes o conhecimento dos seus próprios deveres.
Chegam multidões deles no mundo espiritual com as mãos vazias e a consciência em
chamas, pedindo com ansiedade nova volta à oficina terrena, desculpando e
querendo desculpar-se pelo ambiente em que nasceram, pelas dificuldades que
encontraram no desempenho dos seus dons. A tolerância divina, porém, não se
altera por estes fatos. Dar-lhes-á outras oportunidades, sem que a pressa tome
lugar nos novos acontecimentos, e sem que a vontade dos candidatos se cumpra na
sua totalidade. Serão colocados em seus ombros fardos consonantes com as suas
próprias forças. O mundo maior não julga quem erra, nem escraviza quem persiste
no erro. Estuda os casos em suas particularidades, para que outros desempenhos
aliviem suas consciências e lhes dê, no futuro, mais segurança no trabalho que lhes
foi dado realizar.
Médiuns! Em verdade, em verdade vos dizemos que não sabeis qual o espírito
que vai dominar as vossas faculdades, nesta ou naquela reunião. Depende muito,
mas muito mais de vós. Um instrumento afinado possibilitará ao músico adestrado
melodia pura e harmoniosa. O vosso estado mental deve ser ajustado com os
convites do Evangelho e os vossos sentimentos não poderão ser outros, que não os
do amor.
O médium encontra sempre meios de se aborrecer. No entanto, se já se
acostumou à disciplina, à autoanálise, à educação diária, ele tira de tudo isso bons
conselhos e se fortalece na fé.
O médium em transe poderá ser um sol que aquece
as almas sofredoras, um calmante para os desesperados, remédio para os
enfermos, esperanças para os tristes e paz para os atribulados. Não obstante, se
ele for invigilante e der brecha às trevas, estará revestido de poderes corrosivos,
lançando nos que presenciam o fenômeno da mediunidade fluidos inflamáveis, em
chamas que, por vezes, estão nascendo em alguns corações.
A responsabilidade é grande. O médium cristianizado, que se esforça todos os
dias na educação de si mesmo; o médium que aprendeu a vigiar e orar, sem a intervenção do fanatismo; o médium que sabe limpar a sua casa mental para que o
bem invisível se apodere dela; esse médium é um discípulo de Jesus, fazendo
reviver a mensagem do Cristo nos corações do povo para a sua própria libertação
espiritual. Esse sensitivo é um médium da Luz.
"E, impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo; e tanto falavam em línguas como profetizavam".
LIVRO: MÉDIUNS, psicografado por João Nunes Maia/Miramez.
*Grifos do Blog.
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