sábado, 26 de maio de 2018

Caridade na Umbanda?



Caridade na Umbanda?

Estive a refletir sobre a importância da aplicação das verdades espirituais que nos são passadas através do Espiritismo, da Umbanda e de outras vertentes espiritualistas.
Quando estamos distantes do sofrimento como podemos ser úteis?
Em atividade recente junto a moradores de rua, na qual junto do grupo de médiuns do Templo de Umbanda do Caboclo Sete Flechas, levamos roupas e lanches àqueles que se encontram em sofrimento nas ruas, fiquei a refletir...
A caridade material é muito mais importante do que a caridade “espiritual” praticada no terreiro ou no centro espírita... Não escrevo isso com a pretensão de desmoralizar as práticas mediúnicas e a caridade espiritual prestada, não se trata disso!
Se trata de entender que só isso não basta!
Que é uma “caridade” cômoda demais...
Do que adianta o conhecimento espiritual se ele não nos torna mais humanos diante da dor alheia?
De que vale o conhecimento iniciático, mágico, esotérico, se somos incapazes de prestar o socorro aqueles que se encontram em situação de indigência?
Uma religião sem obras de caridade está definitivamente falida...
Religiosos distantes do auxílio ao próximo são religiosos que não entenderam a missão da religião!
Um dos mentores que trabalha comigo, o árabe Zarthú (aliás, parece que a Umbanda hoje em dia sequer conhece mais a Linha do Oriente, mas enfim, deixa isso pra outro texto) sempre diz sobre a importância de entender Deus em mim e nos outros, e que estamos conectados a tudo e a todos...
Acho extremamente profundo essa colocação dele, especialmente em orientações que ele me deu no dia 18/05 através da psicografia intuitiva-inspirativa, sendo que no dia seguinte, após o trabalho espiritual no Templo, seguimos em ajuda aos irmãos na rua...
E isso tudo – as orientações desse Amigo Espiritual e a vivência que se seguiu – me trouxe a novas reflexões de que é justamente a prática, a vivência dessas verdades espirituais, porque, se isso não ocorre, acaba caindo no esquecimento, se tornam palavras vazias... E isso é muito triste...
Infelizmente uma grande parte dos umbandistas estão distantes de entender um sentido mais profundo da caridade que lhes saem pela própria boca quando ‘incorporados’ por seus guias e mentores...
Se a Umbanda não levar a “bandeira branca de Oxalá” para além das paredes dos seus terreiros, templos e casas, dificilmente será a real manifestação do Espírito para a caridade como disse o Caboclo das Sete Encruzilhadas...
Tenho certeza que a caridade ao que o Chefe¹ se referia não era apenas a caridade (algo limitada e cômoda, né?) prestada uma ou duas vezes na semana em três ou quatro horas de reunião mediúnica...
Com certeza que os trabalhos espirituais tem o seu valor...
Mas temos que fazer a caridade no plano material em que vivemos!
Do que adianta socorrer os espíritos sofredores e esclarecer os obsessores, se nós ignoramos o irmão em necessidade na rua, passando frio, fome, sede?!
Estamos na realidade material e a caridade começa aqui!
Como nos acharmos comprometidos com a Umbanda sem entender isso?
Sem arregaçar as mangas e iniciar projetos de auxílio ao morador de rua?
Como dizer-se umbandista e esquecer de auxiliar a criança, o deficiente e o idoso?
Nesse ponto os espíritas estão a anos-luz dos umbandistas...
Acho que precisamos de menos doutrina e mais ação... Menos magia e mais caridade!
Não adianta nada se dizer “iniciado” disso ou daquilo, “mestre do mistério x, y ou z”... Que diferença prática isso faz quando socorremos alguém em profundo sofrimento?
A Umbanda e os umbandistas precisam mover-se em ações sociais concretas! Somente com pequenas ações é que podemos mobilizar as pessoas a grandes ações.
Não temos como abraçar ou salvar o mundo, é claro... Às vezes não damos conta nem de nós mesmos...
Mas se as centenas de pessoas que procuram a Umbanda como se ela fosse um balcão de favores, pedindo emprego, namorado e etc., deixassem um pouco que seja os seus gigantescos problemas de lado e ajudassem o outro, talvez vissem que não são tão miseráveis como costumam se achar e despertem um pouquinho para ver que há outras pessoas no mundo com problemas muito mais dolorosos que o seus... Que suas vidas são uma bênção se comparado ao inferno em que sobrevivem alguns...
Nós podemos fazer muito! Muito mais do que pensamos! Basta boa vontade! Basta despertar a consciência e entender...
Se estivéssemos em situação de indigência como gostaríamos de ser tratados e ajudados?
Tenhamos a coragem de refletir e dar um novo significado à palavra CARIDADE.

Eloy Augusto.
SP. 27/05/2018.

¹ “Chefe” é a forma tradicional pela qual o Caboclo das Sete Encruzilhadas era chamado na Tenda da Piedade.

Um comentário:

  1. Maravilha,como sempre Zarthu nos ensinando a ser humilde e pensar um pouco nas outras pessoas. Parabéns 😘

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