Caridade na
Umbanda?
Estive a
refletir sobre a importância da aplicação das verdades espirituais que nos são
passadas através do Espiritismo, da Umbanda e de outras vertentes
espiritualistas.
Quando
estamos distantes do sofrimento como podemos ser úteis?
Em atividade
recente junto a moradores de rua, na qual junto do grupo de médiuns do Templo
de Umbanda do Caboclo Sete Flechas, levamos roupas e lanches àqueles que se
encontram em sofrimento nas ruas, fiquei a refletir...
A caridade
material é muito mais importante do que a caridade “espiritual” praticada no
terreiro ou no centro espírita... Não escrevo isso com a pretensão de
desmoralizar as práticas mediúnicas e a caridade espiritual prestada, não se
trata disso!
Se trata de
entender que só isso não basta!
Que é uma “caridade”
cômoda demais...
Do que
adianta o conhecimento espiritual se ele não nos torna mais humanos diante da
dor alheia?
De que vale o
conhecimento iniciático, mágico, esotérico, se somos incapazes de prestar o
socorro aqueles que se encontram em situação de indigência?
Uma religião
sem obras de caridade está definitivamente falida...
Religiosos
distantes do auxílio ao próximo são religiosos que não entenderam a missão da
religião!
Um dos
mentores que trabalha comigo, o árabe Zarthú (aliás, parece que a Umbanda hoje
em dia sequer conhece mais a Linha do Oriente, mas enfim, deixa isso pra outro
texto) sempre diz sobre a importância de entender Deus em mim e nos outros, e
que estamos conectados a tudo e a todos...
Acho
extremamente profundo essa colocação dele, especialmente em orientações que ele
me deu no dia 18/05 através da psicografia intuitiva-inspirativa, sendo que no
dia seguinte, após o trabalho espiritual no Templo, seguimos em ajuda aos
irmãos na rua...
E isso tudo –
as orientações desse Amigo Espiritual e a vivência que se seguiu – me trouxe a
novas reflexões de que é justamente a prática, a vivência dessas verdades
espirituais, porque, se isso não ocorre, acaba caindo no esquecimento, se
tornam palavras vazias... E isso é muito triste...
Infelizmente
uma grande parte dos umbandistas estão distantes de entender um sentido mais
profundo da caridade que lhes saem pela própria boca quando ‘incorporados’ por
seus guias e mentores...
Se a Umbanda
não levar a “bandeira branca de Oxalá” para além das paredes dos seus
terreiros, templos e casas, dificilmente será a real manifestação do Espírito para a caridade como disse o Caboclo das
Sete Encruzilhadas...
Tenho certeza
que a caridade ao que o Chefe¹ se referia não era apenas a caridade (algo
limitada e cômoda, né?) prestada uma ou duas vezes na semana em três ou quatro
horas de reunião mediúnica...
Com certeza
que os trabalhos espirituais tem o seu valor...
Mas temos que
fazer a caridade no plano material em que vivemos!
Do que
adianta socorrer os espíritos sofredores e esclarecer os obsessores, se nós
ignoramos o irmão em necessidade na rua, passando frio, fome, sede?!
Estamos na
realidade material e a caridade começa aqui!
Como nos
acharmos comprometidos com a Umbanda sem entender isso?
Sem arregaçar
as mangas e iniciar projetos de auxílio ao morador de rua?
Como dizer-se
umbandista e esquecer de auxiliar a criança, o deficiente e o idoso?
Nesse ponto os
espíritas estão a anos-luz dos umbandistas...
Acho que
precisamos de menos doutrina e mais ação... Menos magia e mais caridade!
Não adianta
nada se dizer “iniciado” disso ou daquilo, “mestre do mistério x, y ou z”...
Que diferença prática isso faz quando socorremos alguém em profundo sofrimento?
A Umbanda e
os umbandistas precisam mover-se em ações sociais concretas! Somente com
pequenas ações é que podemos mobilizar as pessoas a grandes ações.
Não temos
como abraçar ou salvar o mundo, é claro... Às vezes não damos conta nem de nós
mesmos...
Mas se as
centenas de pessoas que procuram a Umbanda como se ela fosse um balcão de
favores, pedindo emprego, namorado e etc., deixassem um pouco que seja os seus
gigantescos problemas de lado e ajudassem o outro, talvez vissem que não são
tão miseráveis como costumam se achar e despertem um pouquinho para ver que há
outras pessoas no mundo com problemas muito mais dolorosos que o seus... Que
suas vidas são uma bênção se comparado ao inferno em que sobrevivem alguns...
Nós podemos
fazer muito! Muito mais do que pensamos! Basta boa vontade! Basta despertar a
consciência e entender...
Se
estivéssemos em situação de indigência como gostaríamos de ser tratados e
ajudados?
Tenhamos a
coragem de refletir e dar um novo significado à palavra CARIDADE.
Eloy Augusto.
SP.
27/05/2018.
¹ “Chefe” é a
forma tradicional pela qual o Caboclo das Sete Encruzilhadas era chamado na
Tenda da Piedade.
Maravilha,como sempre Zarthu nos ensinando a ser humilde e pensar um pouco nas outras pessoas. Parabéns 😘
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