– Contudo, como interpretar o ensinamento, quando estivermos
à frente de propósitos malignos? Um homem que deseja
cometer um crime estará também no serviço da prece?
– Abstenhamo-nos de empregar a palavra “prece”, quando se
trate do desequilíbrio – aduziu Clarêncio, bondoso –, digamos
“invocação”.
E acrescentou:
– Quando alguém nutre o desejo de perpetrar uma falta está
invocando forças inferiores e mobilizando recursos pelos quais se
responsabilizará. Através dos impulsos infelizes de nossa alma,
muitas vezes descemos às desvairadas vibrações da cólera ou do
vício e, de semelhante posição, é fácil cairmos no enredado poço
do crime, em cujas furnas nos ligamos, de imediato, a certas
mentes estagnadas na ignorância, que se fazem instrumentos de
nossas baixas idealizações ou das quais nos tornamos deploráveis
joguetes na sombra. Todas as nossas aspirações movimentam
energias para o bem ou para o mal. Por isso mesmo, a direção
delas permanece afeta à nossa responsabilidade. Analisemos com
cuidado a nossa escolha, em qualquer problema ou situação do
caminho que nos é dado percorrer, porquanto o nosso pensamento
voará, diante de nós, atraindo e formando a realização que nos
propomos atingir e, em qualquer setor da existência, a vida responde,
segundo a nossa solicitação. Seremos devedores dela pelo
que houvermos recebido.
O Ministro sorriu, benevolente, e lembrou:
– Estejamos convictos, porém, de que o mal é sempre um círculo
fechado sobre si mesmo, guardando temporariamente aqueles
que o criaram, qual se fora um quisto de curta ou longa duração, a
dissolver-se, por fim, no bem infinito, à medida que se reeducam
as Inteligências que a ele se aglutinam e afeiçoam. O Senhor
tolera a desarmonia, a fim de que por intermédio dela mesma se
efetue o reajustamento moral dos espíritos que a sustentam, de vez que o mal reage sobre aqueles que o praticam, auxiliando-os a
compreender a excelência e a imortalidade do bem, que é o inamovível
fundamento da Lei. Todos somos senhores de nossas
criações e, ao mesmo tempo, delas escravos infortunados ou
felizes tutelados. Pedimos e obtemos, mas pagaremos por todas as
aquisições. A responsabilidade é principio divino a que ninguém
poderá fugir.
LIVRO: ENTRE A TERRA E O CÉU, Cap. 1. Psicografado por Francisco Cândido Xavier/André Luiz.
*Grifos do Blog.
*Nota do Blog: "invocação" seria o ato de "chamar para dentro", invocando para que algo entre na consciência do indivíduo, para que este se invista dos atributos daquilo que invocou, diferente de "evocação", que seria chamar determinada força ou espírito.
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