terça-feira, 17 de abril de 2018

Prece para o mal?


– Contudo, como interpretar o ensinamento, quando estivermos à frente de propósitos malignos? Um homem que deseja cometer um crime estará também no serviço da prece? 

Abstenhamo-nos de empregar a palavra “prece”, quando se trate do desequilíbrio – aduziu Clarêncio, bondoso –, digamos “invocação”

E acrescentou: 

Quando alguém nutre o desejo de perpetrar uma falta está invocando forças inferiores e mobilizando recursos pelos quais se responsabilizará. Através dos impulsos infelizes de nossa alma, muitas vezes descemos às desvairadas vibrações da cólera ou do vício e, de semelhante posição, é fácil cairmos no enredado poço do crime, em cujas furnas nos ligamos, de imediato, a certas mentes estagnadas na ignorância, que se fazem instrumentos de nossas baixas idealizações ou das quais nos tornamos deploráveis joguetes na sombra. Todas as nossas aspirações movimentam energias para o bem ou para o mal. Por isso mesmo, a direção delas permanece afeta à nossa responsabilidade. Analisemos com cuidado a nossa escolha, em qualquer problema ou situação do caminho que nos é dado percorrer, porquanto o nosso pensamento voará, diante de nós, atraindo e formando a realização que nos propomos atingir e, em qualquer setor da existência, a vida responde, segundo a nossa solicitação. Seremos devedores dela pelo que houvermos recebido. 

O Ministro sorriu, benevolente, e lembrou: 

– Estejamos convictos, porém, de que o mal é sempre um círculo fechado sobre si mesmo, guardando temporariamente aqueles que o criaram, qual se fora um quisto de curta ou longa duração, a dissolver-se, por fim, no bem infinito, à medida que se reeducam as Inteligências que a ele se aglutinam e afeiçoam. O Senhor tolera a desarmonia, a fim de que por intermédio dela mesma se efetue o reajustamento moral dos espíritos que a sustentam, de vez que o mal reage sobre aqueles que o praticam, auxiliando-os a compreender a excelência e a imortalidade do bem, que é o inamovível fundamento da Lei. Todos somos senhores de nossas criações e, ao mesmo tempo, delas escravos infortunados ou felizes tutelados. Pedimos e obtemos, mas pagaremos por todas as aquisições. A responsabilidade é principio divino a que ninguém poderá fugir.

LIVRO: ENTRE A TERRA E O CÉU, Cap. 1. Psicografado por Francisco Cândido Xavier/André Luiz.

*Grifos do Blog.

*Nota do Blog: "invocação" seria o ato de "chamar para dentro", invocando para que algo entre na consciência do indivíduo, para que este se invista dos atributos daquilo que invocou, diferente de "evocação", que seria chamar determinada força ou espírito.

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