domingo, 1 de abril de 2018

O Sexo e o Médium - 1


- Não nos cabe censurar o terrícola pela sua contradição sexual, pois isso ele o faz na tentativa de encontrar o “melhor” para si; e se ainda confunde o prazer do corpo efêmero com o prazer do espírito eterno, tornamos a repetir-vos: isso é devido à sua imaturidade espiritual. O corpo físico é o instrumento de que a alma se serve para lograr o seu aperfeiçoamento, assim como o aluno alfabetiza-se e adquire o conhecimento através do material escolar. Obviamente, se o homem aberra do uso do seu organismo carnal, que é o seu banco escolar educativo no mundo físico, não só se candidata às enfermidades comuns terrenas, como ainda impregna-se dos fluidos inferiores da animalidade, que o isolam cada vez mais da inspiração do Alto.


Principalmente o médium – que é a ponte sensível e o instrumento de relação entre a matéria e o Invisível, destinado a cumprir o serviço espiritual a favor do próximo e de si mesmo – precisa proteger-se da infiltração inferior e poupar o seu corpo físico para o êxito de sua tarefa incomum.

Todo gasto excessivo de forças sexuais destrói os elementos preciosos da vida psíquica, responsáveis pela ligação entre o mundo superior e a Terra, por cuja falta o homem é empurrado cada vez mais para o submundo do instinto animal inferior. Em sentido oposto, a economia e o controle das energias sexuais, quando disciplinadas pela mente, beneficiam extraordinariamente o médium. O fluido criador, quando acumulado sem a violência da contenção obrigatória, purifica-se pelo contato com as vibrações apuradas do espírito. Esse magnetismo vitalizante, poupado das glândulas sexuais, depois funde-se ao fluido superior emanado do “chacra” coronário, irriga o cérebro e clareia a mente, despertando a função da glândula pineal à altura do “chacra” frontal e favorecendo a visão psíquica do mundo interior.

Os abusos da prática sexual enfraquecem o cérebro, pois tanto o homem como a mulher exteriorizam a parte positiva e negativa da força sexual, que os órgãos responsáveis usam para a procriação. A maior parte das criaturas ignora que certa porcentagem dessa força constrói e alimenta o cérebro, por cujo motivo o seu gasto excessivo pode afetar a memória e retardar o raciocínio, enquanto o bom uso purifica as emoções e os pensamentos. Certas criaturas que abusam de afrodisíacos para multiplicar a prática sexual, em geral terminam enfermiças, imbecilizadas e retardadas, apresentando as síndromes “parckisionianas”, devido ao esgotamento dos fluidos sexuais imprescindíveis à nutrição das células cerebrais.

Mas é necessário considerar que a castidade não pode ser fruto de uma reação exclusiva da mente, pois refreando as atividades do corpo, de modo algum o espírito consegue resolver um problema que só desaparece pela sua melhoria espiritual. Toda virtude deixa de ser virtude assim que a criatura delibera cultiva-la como algo que à parte de si mesma, e que ainda exige vigilância contínua para se manter constante. O homem que procura ser modesto e, para isso, vigia todos os seus atos, preocupado em não decepcionar o próximo, na verdade termina cultivando a vaidade de ser modesto! Da mesma forma, não vos tornareis castos porque cultiveis a castidade; mas isso o sereis quando, pela renovação íntima do vosso espirito, então fordes casto sem vos preocupardes em ser castos!

A contenção sexual forçada não passa de uma deliberação artificial e inútil, que acumula as energias procriativas mas não as extingue. E acumular não é libertação, mas apenas transferência obrigatória de ação, tal como sob a tranquilidade aparente da panela de pressão esconde-se o vapor perigoso do seu interior. Algumas criaturas que depois de certo tempo abandonam os conventos e as instituições onde se costuma sufocar o desejo sexual e anatematiza o mundo profano, por vezes tornam-se bem piores do que aquelas que não fazem restrições morais. Elas apenas se continham, impedidas nos seus desregramentos e deslizes então recalcados pelo preconceito do ambiente em que permaneciam. Mas, assim que romperam as amarras das convenções religiosas ou da moral compulsória, mergulharam violentamente na tempestade sensual, que já lhes rugia na intimidade descontrolada da alma.

LIVRO: MEDIUNISMO. Psicografado por Hercílio Maes/Ramatís.

*Grifos do Blog

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