segunda-feira, 9 de abril de 2018

Descida do Espírito aos antros de perdição

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São muitos os encarnados que “descem” todas as noites para este lado da vida, fora dos corpos físicos, trôpegos, atrás dos prazeres mundanos. Durante o dia, em estado de vigília, influenciados pelas voláteis imposições morais da sociedade, os homens se mantêm em falsas posturas, hipócritas, pois ainda não introjetadas no íntimo do ser. Representam, qual turbilhão de águas revoltas que vem corredeira abaixo, as disposições mais profundas do espírito preso em retificação do corpo.
É difícil para nós referendar o conceito comum, amplamente aceito, de que os obsessores são os desencarnados do além-túmulo, tal o ímpeto desenfreado com que os mortais da crosta obsediam os daqui, rumo às estações prazerosas das zonas subcrostais, para locupletarem-se nos gozos.

Durante o sono físico das populações metropolitanas, como se as cidades fossem depósitos-dormitórios de casulos inermes dos lascivos viajores astrais, na metade do planeta em que o sol não bate, bilhões de autômatos, em hordas organizadas de auto-hipnotizados, abandonam seus envoltórios grosseiros e adentram de cabeça, como mergulhadores olímpicos, nos charcos tenebrosos, na busca louca do êxtase sensório.

Ironicamente, quando o sol os faz despertar ao nascer do novo dia, a outra metade da população terrena está adormecida, realimentando esse ciclo planetário de mergulho nas profundezas da piscina dos prazeres, como se perpetuasse festa de sabá coletiva. O movimento de rotação da Terra faz com que sempre numa metade do planeta seja dia e na outra noite. Não por outro motivo, os despachos e ofertas realizadas nos escambos e negociatas com o submundo do plano astral são feitos após a meia-noite. Grande parte da humanidade estando desdobrada pelo processo natural de sono físico, assume experiências extracorpóreas comandadas pelos instintos baixos do ser animal, ficando à mercê dos assédios das Sombras, pelo próprio desmando mora que se localiza em suas entranhas.

Pai Quirino.Norberto Peixoto. Jardim dos Orixás. Ed. Do Conhecimento.

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