sábado, 14 de abril de 2018

Clarividência

Dona Celina rogou licença para notificar que vira surgir no recinto um ribeiro cristalino, em cuja corrente muitos enfermos se banhavam, e Dona Eugênia seguiu-a, explicando que chegara a contemplar um edifício repleto de crianças, entoando hinos de louvor a Deus.

Registramos semelhantes comunicados com surpresa. 

Nada víramos ali que pudesse recordar sequer de longe um córrego de águas curativas ou algum pavilhão de serviço à infância. 

 A sala era demasiado estreita para comportar tais cenários. 

Fitando-me, intrigado, Hilário parecia perguntar se as duas médiuns não estariam sob o influxo de alguma perturbação momentânea. 

Assinalando-nos a estranheza, o Assistente considerou, prestimoso: 

– Importa não esquecer que ambas se encontram reunidas na faixa magnética de Clementino, fixando as imagens que a mente dele lhes sugere. Viram-lhe os pensamentos, relacionados com a obra de amparo aos doentes e com a formação de uma escola, que a instituição pretende, em breve, mobilizar no socorro ao próximo. Idéias, elaboradas com atenção, geram formas, tocadas de movimento, som e cor, perfeitamente perceptíveis por todos aqueles que se encontrem sintonizados na onda em que se expressam. Não podemos olvidar que há fenômenos de clarividência e clariaudiência que partem da observação ativa dos instrumentos mediúnicos, identificando a existência de pessoas, paisagens e coisas exteriores a eles próprios, qual acontece na percepção terrestre vulgar, e existem aqueles que decorrem da sugestão que lhes é trazida pelo pensamento criador dos amigos desencarnados ou encarnados, estímulos esses que a mente de cada médium traduz, segundo as possibilidades de que dispõe, favorecendo, por isso mesmo, as mais díspares interpretações. 

– Oh! – exclamou Hilário, entusiasmado – temos aí a técnica dos obsessores quando improvisam para as suas vítimas variadas impressões alucinatórias... 

– Sim, sim... – confirmou o Assistente.

LIVRO: NOS DOMÍNIOS DA MEDIUNIDADE, Cap. 12. Psicografado por Francisco Cândido Xavier/André Luiz.

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