Dona Celina rogou licença para notificar que vira surgir no
recinto um ribeiro cristalino, em cuja corrente muitos enfermos se
banhavam, e Dona Eugênia seguiu-a, explicando que chegara a
contemplar um edifício repleto de crianças, entoando hinos de
louvor a Deus.
Registramos semelhantes comunicados com surpresa.
Nada víramos ali que pudesse recordar sequer de longe um
córrego de águas curativas ou algum pavilhão de serviço à infância.
A sala era demasiado estreita para comportar tais cenários.
Fitando-me, intrigado, Hilário parecia perguntar se as duas
médiuns não estariam sob o influxo de alguma perturbação momentânea.
Assinalando-nos a estranheza, o Assistente considerou, prestimoso:
– Importa não esquecer que ambas se encontram reunidas na
faixa magnética de Clementino, fixando as imagens que a mente
dele lhes sugere. Viram-lhe os pensamentos, relacionados com a
obra de amparo aos doentes e com a formação de uma escola, que
a instituição pretende, em breve, mobilizar no socorro ao próximo.
Idéias, elaboradas com atenção, geram formas, tocadas de
movimento, som e cor, perfeitamente perceptíveis por todos aqueles
que se encontrem sintonizados na onda em que se expressam.
Não podemos olvidar que há fenômenos de clarividência e clariaudiência
que partem da observação ativa dos instrumentos mediúnicos,
identificando a existência de pessoas, paisagens e coisas exteriores a eles próprios, qual acontece na percepção terrestre vulgar, e existem aqueles que decorrem da sugestão que lhes é
trazida pelo pensamento criador dos amigos desencarnados ou
encarnados, estímulos esses que a mente de cada médium traduz,
segundo as possibilidades de que dispõe, favorecendo, por isso
mesmo, as mais díspares interpretações.
– Oh! – exclamou Hilário, entusiasmado – temos aí a técnica
dos obsessores quando improvisam para as suas vítimas variadas
impressões alucinatórias...
– Sim, sim... – confirmou o Assistente.
LIVRO: NOS DOMÍNIOS DA MEDIUNIDADE, Cap. 12. Psicografado por Francisco Cândido Xavier/André Luiz.
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