segunda-feira, 11 de junho de 2018

O que temos pedido aos Espíritos?, por Eloy Augusto



Diariamente as pessoas buscam os centros espíritas e terreiros de umbanda em busca de algo que, muitas vezes, não sabem o que é... São levados em busca da paz de espírito (algo que é tirado delas por causa dos problemas comuns do cotidiano, problemas de saúde, psicológicos ou familiares) ou pela mera curiosidade mesmo, porque como se costuma dizer por aí “um passe não faz mal a ninguém”.
Mas não pretendo tratar nesse texto sobre os “papa-passes”, as pessoas que são “viciadas” em tomar passes...
Quero refletir sobre expectativas e sobre os pedidos frívolos que costumam ser pedido aos espíritos, principalmente na Umbanda.
Com certeza que no Espiritismo essas coisas também acontecem – de uma forma mais velada, nas preces silenciosas...
Como disse dona Maria Mulambo através de uma mensagem que psicografei, “tem muita gente que corre gira em busca do milagre que está dentro de si mesmos”, ou seja, não querem saber de reforma íntima, de serem os autores da própria história e ainda querem terceirizar a responsabilidade de melhorar suas vidas, querem que os outros (no caso, os Espíritos) resolvam para eles o que não são capazes (ou não se sentem capazes) de resolver...
Será que teríamos a coragem de pedir ou de perguntar para alguém encarnado o mesmo que solicitamos a um Espírito?
Essa pergunta é um medidor para ver se não estamos agindo de forma frívola, ridícula, ante as coisas espirituais, imortais...
De que forma estamos tratando a nossa Fé?
Ainda pecamos muito nessas expectativas infantis e eu me incluo integralmente nisso.
A Igreja Católica e a “Teologia da Prosperidade” dos evangélicos apenas aguçam a infantilidade humana, um sistema de troca que não modifica o encarnado, sempre preso à baixa devoção e promessas, como se o Sagrado existisse para atender ao profano...
Tem muita gente que não sabe que Religião provém do latim Religare, ou seja, “religar o homem a Deus”, elevar a sua consciência, transcender a sua essência, modifica-lo para ser alguém melhor...
O egoísmo fala alto! E como somos egoístas!
Com isso não quero dizer que os Espíritos não influenciem na matéria ou em nós...

459. Os Espíritos influem sobre os nossos pensamentos e as nossas ações? — Nesse sentido a sua influência é maior do que supondes, porque  muito frequentemente são eles que vos dirigem. (O Livro dos Espíritos, Allan Kardec).

Com toda certeza que os Espíritos (de forma benéfica ou maléfica) influenciam na matéria através do poder do seu pensamento a atuar sobre a mente dos encarnados, muitas vezes criando, em conjunto, as condições necessárias para a obtenção de um emprego, de um novo amor, dentre outras coisas...
Nada foge, porém, da administração de Deus e tudo o que ocorre é por Sua vontade, mas essa influência dos Espíritos tem um limite e o homem encarnado é dotado do livre-arbítrio nas suas escolhas.
Infelizmente muitos ainda buscam os terreiros umbandistas a procura de um milagre que os torne isentos do mínimo esforço, como se fosse um balcão de pedidos, agência de empregos ou namoros, mas não se esforçam por serem melhores profissionais ou se capacitar; querem que o amor de suas vidas, que seus príncipes ou princesas batam às suas portas, mas não se mostram pessoas alegres, interessantes ou sequer cuidam da sua aparência...
Outros pedem por saúde, mas não cuidam da mesma, ignorando os cuidados do peso, do tratamento médico adequado, das atividades físicas...
Isso, realmente, dificulta bastante a obtenção do que se pede!
Não que os Guias Espirituais tenham alguma obrigação de atender nossos pedidos mesquinhos (ainda mais como esses), porque, em absoluto, não tem! E se o fazem é por misericórdia, porque nos amam e nos querem felizes – o que não significa compactuar com nossos erros ou aceitar nossos desvios de conduta...
Muitos são os que buscam por “adivinhações e predições” quando em frente ao Guia manifestado por um médium, normalmente saindo decepcionados ao receberem orientações morais... “O Guia é fraco!”, “a casa é fraca!”, “o médium não estava firme!” – costumam exclamar... E por aí vai... Ignoram a essência da mensagem por não lhes atender os anseios pequenos...
Fico a questionar: o que a pessoa esperava?
Se estão dentro de um templo religioso, naturalmente, receberão da Espiritualidade a orientação para se tornarem indivíduos melhores, para modificarem suas más condutas (internas e externas), para se melhorarem como seres humanos...
E se há templos e médiuns ditos “de Umbanda” que não fazem isso, que tem conduta diferente, então estão distantes de entender o que é a Umbanda, seus fundamentos e a sua essência...
O que temos pedido aos Espíritos? O que esperamos da atuação espiritual?
Fica o questionamento e a reflexão...

Eloy Augusto.
SP. 11/06/18.

2 comentários:

  1. Ameiiii! Obrigada pelo carinho, pela confiança e por aceitar minha sugestão! ❤

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  2. É até normal encontrar pessoas que não tem conhecimento e acham que os espíritos são milagreiros e que tem obrigação de nós ajudar. Muito bom o texto, ótima indicação da nossa irma Juliana.

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