Os
Espíritos tem religião?
É
uma pergunta muito interessante a se fazer porque os espíritos costumam se
agrupar pela sua similitude de gostos, pela afinidade, o que nos faz pensar que
os espíritos ainda mais ligados a matéria possuem, sim, uma religião, e que se
agrupam no mundo espiritual em comunidades, famílias, em “colônias espirituais”
como expressou André Luiz em seus livros.
A
religião, sendo um fator muito importante na vida do Homem, é natural que se
estenda para as regiões além-túmulo e que os espíritos se organizem de acordo
com aquilo que seja afim a eles.
Em
alguns livros espíritas (de médiuns como Chico Xavier, Divaldo Franco, Carlos
Baccelli, Robson Pinheiro, Wanderley Oliveira e outros) nos deparamos com a
informação de que no mundo espiritual também existe templos religiosos das
várias religiões existentes na Terra.
E
se espíritos se apresentam nas reuniões mediúnicas como padres e freiras, será
que não estão, ainda, ligados ao pensamento e religiosidade tradicional da
Igreja Católica? E os espíritos que se apresentam como mestres hindus ou
japoneses, será que não aproveitam do ensinamento do Hinduísmo, do Budismo ou
do Xintoísmo para auxiliar a elevação moral e espiritual das pessoas? (Adaptando,
naturalmente, esses ensinamentos e filosofias ao entendimento judaico-cristão
que predomina em nosso país).
É
claro que a imortalidade da alma e o entendimento da reencarnação, bem como a
não-existência do Céu ou do Inferno cristãos, mitológicos, podem quebrar alguns
paradigmas e visões estreitas de espíritos que alimentavam essas ideias... Mas
isso não quer dizer que os espíritos deixam a sua religiosidade de lado, o que
tem muito a ver com a última cultura que viveram na matéria.
Assim
como há reuniões mediúnicas no plano espiritual, como já citado nos livros
psicografados pelos citados autores, nos faz refletir que, da mesma forma, os
espíritos também se reúnam a fim de adorar a Deus (e aos deuses, como no caso
dos espíritos ligados ao Hinduísmo, por exemplo) e rezar, das mais diversas
formas possíveis.
Com
toda a diversidade e pluralidade que existe no nosso mundo, como achar que
todos os espíritos que trabalham no Espiritismo são espíritas? É, no mínimo,
estranho e uma estreiteza de visão bastante dogmática e infrutífera, bastante
distante de uma visão sóbria do mundo espiritual... Por falta de conhecimento
ou por esperteza mesmo!
Por
que classificar alguns espíritos como “de Umbanda” ou “do Espiritismo”?
Essa
separação é coisa do ser humano que ainda insiste em querer separar, desunir as
pessoas, estabelecendo “isso pode” e “isso não pode”.
É
claro que eu sou contra manifestações de espíritos de pretos velhos e caboclos
que, num centro espírita, peçam elementos materiais para trabalhar, porque aí é
faltar com respeito com aquela cultura filosófico-religiosa e é dar manga para
críticas... Tanto quanto é ilógico o espírita criticar o umbandista por usar
elementos materiais para a realização de seus trabalhos mediúnicos e
magísticos! O bom senso e o respeito tem que existir dos dois lados – e aí eu
pergunto: será que essas “manifestações” não viriam de espíritos zombeteiros
que querem desmoralizar a Umbanda e seus guias? Ou de médiuns animistas ou com
más intenções?
Porque
o preto velho, o caboclo, entende perfeitamente o lugar onde está trabalhando,
entende a cultura do lugar e o método de trabalho, até porque, existem inúmeras
casas umbandistas que em seus trabalhos já não usam, com tanta frequência (ou
como algo indispensável) o charuto, o cachimbo, as ervas, a bebida alcóolica e
etc.
Mas
a separação também vem de alguns autores umbandistas que incentivaram essa
separação nos livros que escreveram... E tem muito umbandista que pensa,
também, que os “seus” Guias não trabalham
na “mesa branca”, que os “seus” protetores apenas protegem a ele, que os “seus”
mentores não são do “kardecismo” ...
É
muita ignorância, é muita vaidade e é muito egoísmo mesmo! Como o homem gosta
de ser infantil quando lhe convém! De se fazer de cego e surdo à própria razão!
“União sem fusão,
distinção sem separação” – Pai João de Aruanda (João Cobú), pelo médium Robson
Pinheiro. Eis aí uma
forma de pensar bastante inclusiva e racional, mas que muita gente não está
pronta (ou não quer mesmo!) para entender, aceitar e vivenciar!
Faz
parte, nem todos pensam como nós... O que é muito bom, faz parte da
diversidade, mas não temos como apoiar tamanho sectarismo!
Falar
que os espíritos não tem religião
também não ajuda muito porque não tem base. É claro que alguns espíritos não tem religião e não acreditam em Deus. Isso
pode acontecer... Aliás, tudo pode acontecer, se formos parar pra pensar no mar
de possibilidades que existe no plano espiritual.
Tem
muito umbandista e espírita comodista, que preferem ficar longe dos livros,
repetindo as mesmas bobagens e mentiras engessadas como “verdades” aceitas, sem
critério, pelos seus grupos...
Como
um Espírito de Luz pode incentivar o preconceito, o separatismo e a
intolerância religiosa? Que Espírito sensato e de luz incentiva a
discriminação? Com certeza não é um espírito inteligente e muito menos
comprometido com o Bem!
Com
toda a diversidade nos dois mundos (material e espiritual) há espíritos
hinduístas, espíritos budistas, espíritos evangélicos, espíritos judeus e até
espíritos ateus!
Ou
será que só por que o Espírito abandonou a carne se torna obrigado a acreditar
em Deus? (Eu não me surpreenderia com isso).
É
lógico que o espírito pode ser espírita
porque guarda afinidade com essa filosofia-ciência-religião e com o método de
trabalho construído no Brasil. Assim como é lógico espíritos de outras religiões, cada qual participando, junto dos
encarnados, dos templos religiosos que lhe são afins...
E
seria muita ignorância achar que todo
espírito é espírita.... Seria muita pretensão crer que todo espírita que se manifesta nos centros espíritas são espíritas...
Mas
o Espiritismo é bem maior do que tudo isso!
A
Proposta Espírita é a de comunhão e muita gente tá bem longe disso...
Mas
mesmo com tudo isso, com todas essas falhas humanas, as vozes do Senhor (como se refere aos espíritos o Espírito de
Verdade) continuam a trabalhar nos centros espíritas, independentemente de suas
nacionalidades ou crenças, trabalhando junto dos encarnados em prol da
caridade, do amor ao próximo e do Bem, seja esse bem chamado de Alá, Visnhu,
Buda, Rama, Jeová ou Jesus...
Eloy
Augusto.
SP.
26/05/18.