O
melindre, ou seja, a capacidade de magoar-se e ofender-se com facilidade, é
fruto de imaturidade emocional, mas, principalmente, do egoísmo que alimentamos
dentro de nós mesmos, acreditando que as pessoas de nosso convívio são
obrigadas a satisfazer-nos as vontades e os desejos.
Todos
nós, sem exceção, somos egoístas.
Há, porém,
pessoas desequilibradas e infelizes, que, buscando fugir de si mesmas, na
tentativa de demonstrarem algo que não o são, passam a vivenciar uma personagem
que não condiz com sua realidade íntima e, erigindo uma máscara de
comportamento, acabam adotando posturas santificadas falsas, acabando por se perderem
nos labirintos da própria consciência, porque vivem um profundo conflito
interno entre aquilo que são e sentem, e aquilo que demonstram aos outros.
Invariavelmente, quem procede dessa forma, está em desequilíbrio psíquico,
emocional e comportamental.
Comportamento
muito comum nos indizíveis setores da sociedade, especialmente no meio
religioso e político, são as máscaras e a negação dos próprios sentimentos que
nos leva a um quadro de profunda insatisfação e desajuste íntimo, podendo, em
certos casos, nos chafurdar na depressão.
E,
compreendendo esses problemas internos, passamos a ver que o melindre
representa a fragilidade de conceitos que o indivíduo apresente sobre si mesmo,
sobre os outros ou sobre a vida. O melindre é um alerta de quê a pessoa tem
dificuldade de se expressar, de lidar com a realidade e quê está com seus
alicerces emocionais, abalados em sua estrutura, ou seja, ela não tem convicção
das coisas que ela deveria ter – e assim, apresenta-se frágil à opinião alheia
e age, muitas vezes, ao reverso de disso tudo: são pessoas autoritárias, às
vezes brigonas, que, donas da razão ou de uma situação, são sistemáticas,
engessadas em seus conceitos e manipuladoras. Expressam-se como se sua opinião
encerrasse o assunto e costumam fazer as pessoas se sentirem mal.
Isso é
apenas um disfarce, uma camuflagem e uma autoafirmação; um recurso de defesa
interno. Basta perceber que elas são pessoas melindrosas ao extremo, porque,
quando contrariadas em suas vontades, passam a questionar-se a si próprias e é
disso que estão fugindo.
Até que
ponto nós somos assim? Por que estamos fugindo de nós mesmos?
Se a
autoanálise nos liberta, ensinando-nos a lidar de maneira equilibrada com
nossos traumas, conflitos e desarranjos emocionais, auxiliando-nos na renovação
interior e a adquirir qualidade de vida, o egoísmo e o melindre engessam as
nossas capacidades de raciocinar, limitando-nos o pensamento e formatando-nos
no egocentrismo doentio e na criação de dispensável máscara psicótica.
De posse
dessas informações, meditemos acerca daquilo que está – ou que julgamos estar –
desequilibrado em nós mesmos e em nossa vida: olhe para dentro de si e reveja,
sem medos, todas as situações de dor que te afligem (desde a sua infância e até
o momento atual). Encare, também, as maldades que você cometeu e as pessoas que
você prejudicou e perceba que isso é a causa dos seus desajustes, do sono
perdido e da sua dor, porque você ainda não se perdoou.
Vamos nos
libertar?!
Perdoe a
si mesmo. Compreenda-se falho tanto quanto qualquer outra pessoa e entenda que
você tem o direito de errar quantas vezes forem necessárias para aprender, mas
sem que isso se torne motivo de sua estagnação, sem que isso se torne desculpa
para o seu negativismo.
Olhe pra
dentro de si. Será que você, que se diz magoado ou ofendido por alguém, não
cometeria o mesmo ato que essa pessoa? Se você tivesse a mesma história de vida
que ela, as mesmas experiências, dores e forma de raciocinar, será que você não
agiria de forma idêntica? Seja sincero com você mesmo! Se dê a chance de
encarar uma situação que te fere, sob novos prismas, com o olhar do outro e
reconheça que você pode ter errado também.
Raciocinando
assim, fica mais fácil de se perdoar e de perdoar ao outro, e vamos, aos
poucos, quebrando a nossa própria máscara vitimista, apaziguando os instintos
egoístas que alimentamos e deixando de ser melindrosos.
Quer
melhorar a qualidade dos seus relacionamentos e da sua vida? Analise a sua
própria consciência e indague:
“O quê eu
ainda guardo dentro de mim que posso libertar? Qual o peso do comportamento e
da opinião das pessoas na minha vida? Por quê?”.
Eloy Augusto.
21/03/2015
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