segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Decepções, por Eloy Augusto

A decepção é fruto da nossa própria imaturidade emocional em lidar com nossas relações, pois mostra que, no mais das vezes, projetamos nas pessoas aquilo que gostaríamos que elas fossem e como agissem. Isso ocorre nas relações profissionais, familiares, e é bem comum no começo de amizades e namoros: esperamos demais das pessoas e confiamos além do que nossa razão nos indica como seguro.

É preciso limites para tudo na vida e na confiança que devotamos aos outros – e principalmente no começo de qualquer relação – é essencial para que se mantenha um relacionamento saudável, com estabilidade e segurança emocional.

Existem indivíduos que, no começo de um relacionamento, expõe a sua vida e confiam demasiadamente nos outros, sem sequer conhece-los direito. O que isso significa? Indispensável é compreender que quem age dessa forma está buscando algo que nem mesmo ela sabe. O grande problema, contudo, desse tipo de atitude, é que gera relações instáveis e desrespeitosas. Por quê?

É muito simples. Toda vez em que agimos dessa forma desequilibrada, estamos dando oportunidade, a quem quer que seja, de nos manipular e de fazer com nós o quê bem quiser. Estamos, com esse tipo de atitude, ofertando instrumentos para a nossa própria destruição energética e emocional. Porém, quando o quadro se inverte e alguém deposita sobre nós esse excesso de confiança, expondo, em demasia, a sua vida, é preciso cuidado e muita atenção, pois a pessoa cria, em nós, uma dependência doentia, o quê significa, em alguns casos, a paixão e a possessão descontrolada, e até a busca pelo controle de nossas vidas.

A correlação entre decepção e excesso de confiança é a influência fantasiosa da nossa mente, da carência, das nossas necessidades afetivas e das experiências já vividas, que, idealizando as pessoas ao nosso redor, impede que vejamos, com clareza, quem elas são (principalmente quando estamos apaixonados). Mas, quando passamos a questionar a veracidade das palavras e das ações da pessoa, analisando uma situação, concluímos que a pessoa nem sempre é como ela se mostrava ou como a idealizávamos. Nasce, aí, a decepção.

No começo de um namoro isso é muito frequente, e gerador de inúmeros problemas, porque conduz a uma relação abusiva, tóxica e destrutiva, pois a nossa carência – que aqui poderemos chamar de “amor”, como definem os desequilibrados, mesmo não sendo – passa a comandar-nos intimamente, fazendo-nos submeter, em demasia, à vontade do outro. E quando perdemos a autonomia do quê queremos; quando nos diminuímos, acreditando que amar é corresponder a todas as vontades de quem quer que seja, estamos, na verdade, vivendo na ilusão.

Romper esse tipo de relacionamento exige de nós autonomia e sinceridade emocional, pois que toda pessoa que gosta de manipular os outros é, inconscientemente, uma pessoa melindrosa e frágil em suas convicções (ainda que apresente o inverso), pois está acostumado a usar uma máscara comportamental. Basta contrariar as vontades e expectativas desse tipo de gente, dizendo “não!”, que veremos o indivíduo tomar duas atitudes: ou se afasta de nós ou se volta contra nós.

Na verdade, isso é consequência da falta de amor, ou seja, do AUTODESAMOR, porque toda vez que uma pessoa se assume passiva ou tolerante ao sofrimento, indica estar em profunda enfermidade psíquica, assim como quem assume o controle da vida dos outros e os manipula, explicitando que padece de doença íntima.

Quem tem dificuldade de se amar, de se respeitar, de se valorizar e de acreditar em seu potencial normalmente age de forma que venha a se decepcionar com os outros, porque a decepção nada mais é do quê o resultado da nossa falta de amor, da nossa falta de segurança e respeito íntimo, da nossa carência afetiva e do nosso excesso de confiança nas pessoas. A decepção é responsabilidade nossa e somente nós podemos mudar esse quadro.

A decepção é o remédio amargo para nos despertar intimamente, indicando-nos uma nova visão sobre as coisas. Basta que modifiquemos nosso olhar, sem nos fazermos de vítima dos outros, compreendendo que estamos na Terra para sermos felizes, com qualidade de vida, com qualidade emocional e em relações saudáveis. Ou você acredita nisso e começa a investir para mudar sua vida, ou continuará, por sua própria opção, a decepcionar-se com os outros, a ser infeliz e a acreditar que é uma vítima de tudo e de todos (o que é mentira!).

Questione-se:
“Se eu aceito continuar vivendo num relacionamento que só me faz mal, o que eu estou ganhando com isso? O que é felicidade e o que eu estou disposto a fazer para ser feliz?”

Pense nisso.

Eloy Augusto.
19/03/2015.

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