A
decepção é fruto da nossa própria imaturidade emocional em lidar com nossas
relações, pois mostra que, no mais das vezes, projetamos nas pessoas aquilo que
gostaríamos que elas fossem e como agissem. Isso ocorre nas relações
profissionais, familiares, e é bem comum no começo de amizades e namoros: esperamos
demais das pessoas e confiamos além do que nossa razão nos indica como seguro.
É
preciso limites para tudo na vida e na confiança que devotamos aos outros – e
principalmente no começo de qualquer relação – é essencial para que se mantenha
um relacionamento saudável, com estabilidade e segurança emocional.
Existem
indivíduos que, no começo de um relacionamento, expõe a sua vida e confiam
demasiadamente nos outros, sem sequer conhece-los direito. O que isso
significa? Indispensável é compreender que quem age dessa forma está buscando
algo que nem mesmo ela sabe. O grande problema, contudo, desse tipo de atitude,
é que gera relações instáveis e desrespeitosas. Por quê?
É
muito simples. Toda vez em que agimos dessa forma desequilibrada, estamos dando
oportunidade, a quem quer que seja, de nos manipular e de fazer com nós o quê
bem quiser. Estamos, com esse tipo de atitude, ofertando instrumentos para a
nossa própria destruição energética e emocional. Porém, quando o quadro se
inverte e alguém deposita sobre nós esse excesso de confiança, expondo, em
demasia, a sua vida, é preciso cuidado e muita atenção, pois a pessoa cria, em
nós, uma dependência doentia, o quê significa, em alguns casos, a paixão e a
possessão descontrolada, e até a busca pelo controle de nossas vidas.
A
correlação entre decepção e excesso de confiança é a influência fantasiosa da
nossa mente, da carência, das nossas necessidades afetivas e das experiências
já vividas, que, idealizando as pessoas ao nosso redor, impede que vejamos, com
clareza, quem elas são (principalmente quando estamos apaixonados). Mas, quando
passamos a questionar a veracidade das palavras e das ações da pessoa,
analisando uma situação, concluímos que a pessoa nem sempre é como ela se
mostrava ou como a idealizávamos. Nasce, aí, a decepção.
No
começo de um namoro isso é muito frequente, e gerador de inúmeros problemas,
porque conduz a uma relação abusiva, tóxica e destrutiva, pois a nossa carência
– que aqui poderemos chamar de “amor”, como definem os desequilibrados, mesmo
não sendo – passa a comandar-nos intimamente, fazendo-nos submeter, em demasia,
à vontade do outro. E quando perdemos a autonomia do quê queremos; quando nos
diminuímos, acreditando que amar é corresponder a todas as vontades de quem
quer que seja, estamos, na verdade, vivendo na ilusão.
Romper
esse tipo de relacionamento exige de nós autonomia e sinceridade emocional,
pois que toda pessoa que gosta de manipular os outros é, inconscientemente, uma
pessoa melindrosa e frágil em suas convicções (ainda que apresente o inverso),
pois está acostumado a usar uma máscara comportamental. Basta contrariar as
vontades e expectativas desse tipo de gente, dizendo “não!”, que veremos o
indivíduo tomar duas atitudes: ou se afasta de nós ou se volta contra nós.
Na
verdade, isso é consequência da falta de amor, ou seja, do AUTODESAMOR, porque
toda vez que uma pessoa se assume passiva ou tolerante ao sofrimento, indica
estar em profunda enfermidade psíquica, assim como quem assume o controle da
vida dos outros e os manipula, explicitando que padece de doença íntima.
Quem
tem dificuldade de se amar, de se respeitar, de se valorizar e de acreditar em
seu potencial normalmente age de forma que venha a se decepcionar com os
outros, porque a decepção nada mais é do quê o resultado da nossa falta de
amor, da nossa falta de segurança e respeito íntimo, da nossa carência afetiva
e do nosso excesso de confiança nas pessoas. A decepção é responsabilidade
nossa e somente nós podemos mudar esse quadro.
A
decepção é o remédio amargo para nos despertar intimamente, indicando-nos uma
nova visão sobre as coisas. Basta que modifiquemos nosso olhar, sem nos
fazermos de vítima dos outros, compreendendo que estamos na Terra para sermos
felizes, com qualidade de vida, com qualidade emocional e em relações
saudáveis. Ou você acredita nisso e começa a investir para mudar sua vida, ou
continuará, por sua própria opção, a decepcionar-se com os outros, a ser
infeliz e a acreditar que é uma vítima de tudo e de todos (o que é mentira!).
Questione-se:
“Se
eu aceito continuar vivendo num relacionamento que só me faz mal, o que eu
estou ganhando com isso? O que é felicidade e o que eu estou disposto a fazer
para ser feliz?”
Pense
nisso.
Eloy Augusto.
19/03/2015.
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