PERGUNTA: - No
entanto, conhecemos alguns confrades que se consideram “bons médiuns” e são
bastante seguros em suas tarefas mediúnicas, mas que afirmam nunca haver lido
uma página do Livro dos Médiuns, nem mesmo consultado qualquer outra obra de
Allan Kardec. Que dizeis disso?
RAMATÍS: Quanto a haver médium bom e seguro, mesmo
ignorando as obras de Allan Kardec, não opomos dúvida alguma, pois o
Catolicismo, o Protestantismo, a Teosofia, o Esoterismo, o Budismo, o
Islamismo, o Hinduísmo e o Judaísmo, as instituições Rosa-Cruz e outras
associações iniciáticas contaram em seu seio com magníficos médiuns de alto
critério espiritual, mas alheios aos postulados espíritas. O Espiritismo é
o conjunto de leis morais que disciplinam as relações desse “mediunismo” entre
o plano visível e o invisível, coordenando também o progresso espiritual dos
seus adeptos. Mas os fenômenos mediúnicos
começaram a ocorrer muito antes de ser codificada a Doutrina Espírita,
assim como também podem se registrar independentemente de sua existência. Sem dúvida,
tendes de distinguir que o mediunismo é manifestação
que pode ocorrer independentemente do Espiritismo; o primeiro é uma “faculdade”
que pode não estar sujeita a doutrinas ou religiões; o segundo é “doutrina”
moral e filosófica codificada por Allan Kardec, cuja finalidade precípua é a
libertação do homem dos dogmas asfixiantes e das paixões escravizantes.
A literatura mediúnica, proveniente de várias fontes
religiosas e doutrinárias, é pródiga em vos comprovar a quantidade de
sensitivos que recepcionam mensagens daqui, embora não operem diretamente sob a
inspiração do Espiritismo codificado por Allan Kardec.
Assim é que,
independentemente da Codificação Cardequiana, foram recebidos do espaço as
importantes Cartas de Meditações e a
obra Luz da Alma, ditadas pelo
instrutor tibetano a Alice A. Bailey;
as missivas de escrita direta a Helena
Blavatsky, fundadora da Teosofia, dos mestres Mória e K. H.; as Cartas do Outro Mundo, ditadas a Elza Barker por um magistrado inglês; as
comunicações intituladas Trinta Anos
entre os Mortos, pela faculdade da senhora Wicklan; a Luz no Caminho
a Mabel Collins, inspirada por
mentores yogas; o magnífico poema Aos Pés
do Mestre, inspirado ao jovem Krishnamurti;
A Vida nos Mundos Invisíveis, ditada
pelo monsenhor Robert Hugs Benson a
Anthony Bórgia; as mensagens do Padre
Marchal a Ana de G.; A Vida Além do Véu, ao pastor
protestante rev. G. Vale Owen, de
autoria de sua progenitora; as inéditas experiências de Eduardo Van Der Naillen, entre os maias – que ignoravam o
Espiritismo – originaram A Grande
Mensagem, obra admirável como repositório de conhecimento do Além. O bispo
anglicano C. H. Leadbeater, um dos esteios da Sociedade Teosófica, revelou
poderosas faculdades de clarividência e escreveu intuitivas obras de
esclarecimento espiritual, sem qualquer contato doutrinário com o Kardecismo.
No vosso século,
sem se situarem na área espírita, Pietro
Ubaldi entregou-vos A Grande Síntese,
obra extraordinária e de inspiração mediúnica produzida por sublime entidade
sideral, e Rosária de La Torre compôs
mediunicamente Harpas Eternas, de
autoria espiritual de Hilarião de Monte
Nebo, destacado iniciado sideral. Os
profetas eram médiuns poderosos. Jonas, Isaías, Jeremias, Ezequiel, Daniel,
Naum, Samuel, Job, Habacuc e outros iluminavam as narrativas bíblicas com os
seus poderes mediúnicos (...).
Na esfera
católica, Terezinha via o sublime Senhor nimbado de luz; Francisco de Assis
revelava as chagas de Jesus; Antônio de Pádua transportava-se em espírito de
Portugal à Espanha para salvar o pai inocente; Dom Bosco, em transe psicométrico,
revia Jesus em sua infância, ou então profetizava sobre o futuro, inclusive
quanto às realizações atuais do vosso país; Vicente de Paula extinguia úlceras
à simples imposição de suas mãos e São Roque curava lepra à força de orações.
Teresa Neumann, no nosso século, apresenta os estigmas da crucificação, e
alguns sacerdotes católicos se tornam curandeiros milagrosos sob a terapêutico
dos benzimentos. Na Índia, Sri Ramana
Maharishi e Nirmala Devi entram em “samadhi”, integrando-se à Consciência
Crística, em gozo inefável, mas independentemente da técnica espírita. Lahiri
Mahasaya levita-se diante da esposa, que se ajoelha estática, e Babají, o Yogi
Cristo da Índia, materializa, cura e ressuscita, revelando os mais altos
poderes mediúnicos; Buda foi antena viva ligada ao Alto, vertendo para a Ásia a
mais elevada mensagem espiritual; Ramacrisna, através da Bíblia da natureza,
reproduzia aos discípulos os pensamentos mais profundos transmitidos pelos
mestres desencarnados. Mesmo Lutero, João Huss, Prentice Mulford,
Savonarola, Sócrates, Pitágoras, Apolônio de Tyana, etc., já revelavam
distinguida faculdade mediúnica, muito antes de Allan Kardec estabelecer o
roteiro do Livro dos Espíritos e do Livro dos Médiuns (...).
Consequentemente, cremos ser um tanto precário o
julgamento em causa própria da criatura que se jacta de que é “bom médium”, mas
que desconhece a disciplina do desenvolvimento preconizado por Allan Kardec, e
isso muito antes de se apresentar um labor convincente na esfera
espiritualista. O médium que realmente tem propósitos sérios e pretende um
desenvolvimento técnico e disciplinado, ordeiro e seguro, aspirando realizar
serviço cristão na seara espírita, pode ignorar o método experimental de Kardec
e o subestimar propositadamente, mas de modo algum se livrará das confusões
próprias dos experimentos empíricos.
NO LIVRO
MEDIUNISMO, psicografado por HERCÍLIO MAES, Editora do Conhecimento. 1960.
*Grifos do Blog
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