sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

A Mediunidade além do Espiritismo, por Ramatís

PERGUNTA: - No entanto, conhecemos alguns confrades que se consideram “bons médiuns” e são bastante seguros em suas tarefas mediúnicas, mas que afirmam nunca haver lido uma página do Livro dos Médiuns, nem mesmo consultado qualquer outra obra de Allan Kardec. Que dizeis disso?

RAMATÍS: Quanto a haver médium bom e seguro, mesmo ignorando as obras de Allan Kardec, não opomos dúvida alguma, pois o Catolicismo, o Protestantismo, a Teosofia, o Esoterismo, o Budismo, o Islamismo, o Hinduísmo e o Judaísmo, as instituições Rosa-Cruz e outras associações iniciáticas contaram em seu seio com magníficos médiuns de alto critério espiritual, mas alheios aos postulados espíritas. O Espiritismo é o conjunto de leis morais que disciplinam as relações desse “mediunismo” entre o plano visível e o invisível, coordenando também o progresso espiritual dos seus adeptos. Mas os fenômenos mediúnicos começaram a ocorrer muito antes de ser codificada a Doutrina Espírita, assim como também podem se registrar independentemente de sua existência. Sem dúvida, tendes de distinguir que o mediunismo é manifestação que pode ocorrer independentemente do Espiritismo; o primeiro é uma “faculdade” que pode não estar sujeita a doutrinas ou religiões; o segundo é “doutrina” moral e filosófica codificada por Allan Kardec, cuja finalidade precípua é a libertação do homem dos dogmas asfixiantes e das paixões escravizantes.

A literatura mediúnica, proveniente de várias fontes religiosas e doutrinárias, é pródiga em vos comprovar a quantidade de sensitivos que recepcionam mensagens daqui, embora não operem diretamente sob a inspiração do Espiritismo codificado por Allan Kardec.

Assim é que, independentemente da Codificação Cardequiana, foram recebidos do espaço as importantes Cartas de Meditações e a obra Luz da Alma, ditadas pelo instrutor tibetano a Alice A. Bailey; as missivas de escrita direta a Helena Blavatsky, fundadora da Teosofia, dos mestres Mória e K. H.; as Cartas do Outro Mundo, ditadas a Elza Barker por um magistrado inglês; as comunicações intituladas Trinta Anos entre os Mortos, pela faculdade da senhora Wicklan; a Luz no Caminho a Mabel Collins, inspirada por mentores yogas; o magnífico poema Aos Pés do Mestre, inspirado ao jovem Krishnamurti; A Vida nos Mundos Invisíveis, ditada pelo monsenhor Robert Hugs Benson a Anthony Bórgia; as mensagens do Padre Marchal a Ana de G.; A Vida Além do Véu, ao pastor protestante rev. G. Vale Owen, de autoria de sua progenitora; as inéditas experiências de Eduardo Van Der Naillen, entre os maias – que ignoravam o Espiritismo – originaram A Grande Mensagem, obra admirável como repositório de conhecimento do Além. O bispo anglicano C. H. Leadbeater, um dos esteios da Sociedade Teosófica, revelou poderosas faculdades de clarividência e escreveu intuitivas obras de esclarecimento espiritual, sem qualquer contato doutrinário com o Kardecismo.

No vosso século, sem se situarem na área espírita, Pietro Ubaldi entregou-vos A Grande Síntese, obra extraordinária e de inspiração mediúnica produzida por sublime entidade sideral, e Rosária de La Torre compôs mediunicamente Harpas Eternas, de autoria espiritual de Hilarião de Monte Nebo, destacado iniciado sideral. Os profetas eram médiuns poderosos. Jonas, Isaías, Jeremias, Ezequiel, Daniel, Naum, Samuel, Job, Habacuc e outros iluminavam as narrativas bíblicas com os seus poderes mediúnicos (...).

Na esfera católica, Terezinha via o sublime Senhor nimbado de luz; Francisco de Assis revelava as chagas de Jesus; Antônio de Pádua transportava-se em espírito de Portugal à Espanha para salvar o pai inocente; Dom Bosco, em transe psicométrico, revia Jesus em sua infância, ou então profetizava sobre o futuro, inclusive quanto às realizações atuais do vosso país; Vicente de Paula extinguia úlceras à simples imposição de suas mãos e São Roque curava lepra à força de orações. Teresa Neumann, no nosso século, apresenta os estigmas da crucificação, e alguns sacerdotes católicos se tornam curandeiros milagrosos sob a terapêutico dos benzimentos. Na Índia, Sri Ramana Maharishi e Nirmala Devi entram em “samadhi”, integrando-se à Consciência Crística, em gozo inefável, mas independentemente da técnica espírita. Lahiri Mahasaya levita-se diante da esposa, que se ajoelha estática, e Babají, o Yogi Cristo da Índia, materializa, cura e ressuscita, revelando os mais altos poderes mediúnicos; Buda foi antena viva ligada ao Alto, vertendo para a Ásia a mais elevada mensagem espiritual; Ramacrisna, através da Bíblia da natureza, reproduzia aos discípulos os pensamentos mais profundos transmitidos pelos mestres desencarnados. Mesmo Lutero, João Huss, Prentice Mulford, Savonarola, Sócrates, Pitágoras, Apolônio de Tyana, etc., já revelavam distinguida faculdade mediúnica, muito antes de Allan Kardec estabelecer o roteiro do Livro dos Espíritos e do Livro dos Médiuns (...).

Consequentemente, cremos ser um tanto precário o julgamento em causa própria da criatura que se jacta de que é “bom médium”, mas que desconhece a disciplina do desenvolvimento preconizado por Allan Kardec, e isso muito antes de se apresentar um labor convincente na esfera espiritualista. O médium que realmente tem propósitos sérios e pretende um desenvolvimento técnico e disciplinado, ordeiro e seguro, aspirando realizar serviço cristão na seara espírita, pode ignorar o método experimental de Kardec e o subestimar propositadamente, mas de modo algum se livrará das confusões próprias dos experimentos empíricos.

NO LIVRO MEDIUNISMO, psicografado por HERCÍLIO MAES, Editora do Conhecimento. 1960.

*Grifos do Blog

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