“Decerto não seremos aquinhoados por
facilidades deliciosas, num mundo onde a ignorância ainda estabelece
lamentáveis prisões, mas sigamos felizes no encalço das obrigações que nos
competem, conscientes de que Jesus, amoroso e previdente, já seguiu adiante de
nós” – Emmanuel, no livro Vinha de Luz, psicografado por Francisco Cândido
Xavier.
Existe muita barganha com o Astral, com
a mediunidade e com a própria Umbanda.
Barganha e muito interesse material
rondando o exercício mediúnico, como se nós, Espíritos, tivéssemos, desse lado
de cá da vida, a obrigação única de sanar todos os problemas que afligem nossos
médiuns ou lhes favorecer diante das dificuldades comuns da vida material,
privilegiando-os apenas por serem nossos tutelados.
Inúmeras são as queixas nesse sentido na
repetição de velhos hábitos religiosos oriundos dos petitórios infantis que
olvidam o esforço próprio e o aprimoramento de si mesmos nas batalhas da vida
terrena.
Ser médium não é privilégio. É obrigação
para com a própria consciência, é sacro-ofício, é dever muito confundido com
poderes sobrenaturais que alguns ostentam, sem verdadeiramente possuírem, para
satisfação egoística e vaidosa da própria personalidade.
Qual a finalidade dos “trabalhos” que
visam a “abertura de caminhos”? Notadamente com obtenção financeira por parte
de quem o executa em muitos casos, não há, em absoluto, um despertamento de
consciência para com o “favorecido” deste trabalho acerca de sua própria
responsabilidade na vida que Deus lhe concedera, que busca resolver sua
problemática com o menor esforço possível.
Naturalmente que nós, Espíritos,
interferimos consideravelmente na matéria, e isso não significa retirar de
nossos médiuns as provas e privações que lhes constituem oportunidade de
aprendizado e renovação interior na caminhada que lhe é própria.
O exemplo de moral cristã mais elevado
para o povo brasileiro fora o médium mineiro, espírita-cristão, Francisco
Cândido Xavier, que não obstante sua admirável produção mediúnica e todas as
obras caritativas por ele erguidas e inspiradas, vivera em extrema humildade e
desencarnara em condições simples, sem as vantagens transitórias a que muitos
médiuns nos exigem.
Ser tutelado deste ou daquele Guia não
garantirá a obtenção de lucros materiais, de uma vida luxuosa e próspera, com a
direito a bens vários, para gozo do indivíduo imaturo e que não batalhou para a
conquista destas condições materiais; existe, quanto a isso, muita ilusão,
pois, se observa, atualmente, muitos pseudomédiuns e pseudosacerdotes
influentes que vivem da religião, da exploração de incautos, de cursos e
iniciações, a que fazem verdadeiro comércio, que contaminaram o meio umbandista
com ideias errôneas e materialistas de que nós, Espíritos, temos que “dar
caminho” (prosperidade) para nossos tutelados, sem o qual não teríamos a
“força”, o “axé”, a qual, pretensiosamente, nos conferem ou não...
Se esquecem, em absoluto, da postura e
da vida do fundador encarnado da religião de Umbanda, Zélio de Moraes, que
também nos exemplifica o caminho a ser seguido: a gratuidade na prática
mediúnica, o respeito para com nós (Espíritos) no trabalho desenvolvido em
parceria, a caridade desinteressada e a fé inabalável, não obstante todos os
problemas de ordem material, comuns a todos os seres humanos encarnados na Terra.
Naturalmente que atuamos constantemente
no sentido de auxiliar nossos tutelados em seu desenvolvimento pessoal na
matéria, no seu fortalecimento diante das provas e privações que lhes cabe
passar, por imperativo da Lei Cármica, como o são as privações materiais e
dificuldades financeiras; os problemas afetivos, de relacionamento ou
sexualidade; as doenças regenerativas e as dificuldades de relacionamento
familiar, na qual sempre constituem oportunidades de grande valor para o
progresso do Espírito.
Muitos médiuns se perturbam facilmente
ante as dificuldades da Vida sem o desenvolvimento necessário da resignação, da
humildade, do perdão, da fé e de outras virtudes que constituem pilares
fundamentais no entendimento da Vida e de si mesmo, por se manterem com uma
visão imediatista das experiências pela qual passam, mantendo-se cativos de
ideias infantis a respeito de trabalho que desenvolvemos, esquecendo que o
principal papel de uma religião e da própria interação com os Espíritos é a
transformação moral do Ser e a elevação da consciência a Deus...
Portanto, apenas com o amadurecimento de
determinadas questões e com o devido entendimento do papel da existência do
plano material e o porquê de determinadas experiências, é que podeis despertar
para uma vivência mais salutar, sem cobranças infrutíferas, sem queixumes
desnecessários, sem o pessimismo que atrasa, cada vez mais, a caminhada
terrena.
Não quereis ser ou ter além daquilo que
a Vida vos ofertou: é dever do Homem o trabalhar e o se aperfeiçoar para a obtenção
de uma vida de qualidade, sadia e com o conforto possível, a qual sempre
abençoamos as iniciativas de nossos médiuns, prevalecendo, para isso, o esforço
individual de cada um, a qual seja: a administração consciente dos bens e do
dinheiro que possui, a tomada de decisões adequada para cada situação, o
aperfeiçoamento profissional constante, o estabelecimento de laços afetivos
construtivos e saudáveis, dentre muitos outros fatores, a criar as
causas-condições imprescindíveis para uma vida equilibrada, a qual muitos
sonham, mas não batalham para ter.
De nada vale os “pactos” de baixa magia
nesse sentido, promovidos por “ebós”, “sacudimentos” ou “trabalhos” para
abertura de caminhos, que, no mais das vezes, sem o esforço do Ser, de nada
funcionam, não atingindo, de forma milagrosa, aquilo que a pessoa almeja, além
de acorrenta-lo a Espíritos de baixa moral e índole duvidosa, a qual se
utilizam de determinadas práticas para fazerem seus prosélitos...
Analisem, assim, as suas intenções
interiores na prática mediúnica na Lei de Umbanda, se estão verdadeiramente
comprometidos com a caridade e com o alívio das dores alheias, ou se buscam
privilegiar-se com “favores” do além-túmulo para obtenção de coisas que, no
mais das vezes, constituem caprichos de seus egos ainda muito infantis e
acrisolados às sensações materiais, de prazer e poder...
Exu Rei Das Sete Encruzilhadas.
Texto intuitivo pelo médium Eloy
Augusto. São Paulo, 28/03/2018.
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