domingo, 23 de dezembro de 2018

Mediunidade e seu desenvolvimento, por Pai Guiné


A mediunidade não deve ser encarada como uma graça súbita, que o indivíduo recebe, manifestando-se sobre o seu espírito e seu organismo, sem que estes tenham sido “manipulados” antes, nas condições morais energéticas, para receber um acréscimo de fluidos vitais e apropriados à manifestação da dita mediunidade. A ciência da Terra afirma que a Natureza não dá saltos... Assim, a Natureza ou a estrutura íntima de um perispírito ou de um corpo astral, via de regra, não é alterada ou manipulada em certos núcleos vitais de energia, depois que este corpo astral se consolida sobre seu organismo, digamos, físico propriamente dito, e é já amadurecido por seu dinamismo, por sua presença.  

(...)  O que você vê como “desenvolvimento mediúnico”, é a tentativa comum, usada na maior parte das sessões, que pretendem provocar nas criaturas aquilo que elas não têm, porque, de forma alguma trouxeram.  
Isso generalizou-se como o tal “desenvolvimento”, de que fala. Agora, despertar a mediunidade existente e comprovada em alguém, pela educação racional das qualidades morais, isto é, das condições psíquicas e orgânicas, é criar condições favoráveis naquele que trouxe essa faculdade, a fim de que ela surja, espontaneamente, dentro dos cuidados, da orientação que deve cercas aqueles que são médiuns, veículos dos espíritos.  
Bem, “zi-cerô”, nesta altura, tenho que entrar com uma série de fundamentos, que parecerão complicados, justamente para você poder alcançar, tanto quanto possível, a questão do porquê do selo mediúnico e sua relação com o “cérebro anímico” onde ele é impresso como a dupla condição de que falei. E ainda porque quero chamar a atenção para as “criações anímicas”, que, no linguajar de “terreiro”, chamo de “cascudos” – esses tremendos perturbadores dos médiuns e das sessões.   
Se você compreendeu bem o que explanei, sobre cérebro anímico ou organismo mental, deve ter concluído, por lógica, que o ser desencarnado é quem traz a maior soma de aquisições ou contribuições para o embrião, posteriormente ao feto e ao organismo físico em sua formação, que vai ser o seu. Essas contribuições ou aquisições são, na totalidade, o seu carma ou “destino”, que se revela na forma das predisposições ou das afinidades, sentimentos, tendências, impulsos, sensações várias, tudo isso como reservas armazenadas em seu organismo mental e astral, que também, por sua vez, armazenaram vícios e erros... enfim, coisas boas e más de outras encarnações.  
Tudo isso, dentro da Lei de Conseqüência, tem que ser submetido aos necessários reajustamentos, que se processam dentro de ligações, experiências, como as dores, as alegrias, etc., tudo na dependência exclusiva de seu próprio esforço, no caminho da libertação, ou seja, na escoimação dos elementos nocivos, que adquiriu e que estão ligados a outros seres, bem como das ligações positivas que fez, também, com outros seres.  
Daí é que os Espíritos maiores do Plano dos Mentores, que estão encarregados de controlar diretamente a via de execução da lei de causa e efeito, dentro das reencarnações de cada um, podem achar necessário, de acordo com a análise de todos esses elementos, junto ao ser desencarnado, em geral com a aquiescência dele, podem achar necessário, repito, manifestar sobre ele a dupla condição especial, como faculdade mediúnica, afim de que possa reajustar, com mais propriedade, certas necessidades do seu carma.  
Nesse caso, ele tem a mediunidade Probatória de Expiação. Podem ainda, em relação ao exposto, outorgar o dom mediúnico a um ser que, embora não sendo para fins puramente probatórios, é conferido como um acréscimo positivo, a fim de incrementar as qualidades aproveitáveis que já venha revelando. Essa faculdade lhe é dada a título de ajuda à sua evolução, pelo seu merecimento. Diz-se assim, como fazendo parte de seu Carma Evolutivo.  
Conferem ainda, esse citado dom àqueles que, já possuidores de elevados conhecimentos, já com grande entendimento sobre as eternas verdades, que são as leis morais estabelecidas, podem servir em uma missão. Estes têm um Carma missionário. Através deles, pelos conhecimentos que lhes são próprios, pelo desejo ardente que têm de ajudar seus irmãos, assim, lhes conferem essa faculdade, a fim de se porem em condições superiores de esclarecimentos, para servirem melhor sob vários aspectos, dentro da Missão que lhes foi confiada.  
Isso, “zi-cerô”, dito em linhas gerais, é o suficiente para que este “preto-véio” possa entrar na essência da questão.  
Se o Espírito ou o Ser desencarnado, então, aceitou essa faculdade, em que qualquer das três situações acima discriminadas, faz-se necessário que se proceda ao preparo dele, a fim de que possa manifestar ou revelar isso, no mundo dos encarnados, que, provisoriamente, vai ser o seu. Esse preparo começa pela parte moral, quando lhe é feito sentir tudo que terá de sofrer ou passar em relação com esse dom e até quais os seres irmãos desencarnados (é claro), que vão agir através de sua mediunidade.  
Estando essa parte moral cármica bem situada, segue-se o outro preparo, de caráter puramente energético. Sim. Porque a condição moral espiritual cármica, quer probatória, evolutiva ou missionária em que os seres foram situados, em relação com a dita mediunidade, antes de ocuparem a forma humana, será posta em relevo, quanto ao esforço próprio, isto é, serão bem advertidos de que reajustes, benefícios e êxitos ficarão na dependência de seus esforços, da força de vontade que devem usar ou ter para vencer, etc.  
É-lhes demonstrado, também, como essa faculdade medianímica, se revelando em benefícios, em caridade sobre os outros, trará a seus carmas, pela lei do “dando é que recebemos”, os elementos que se incorporarão às suas aquisições positivas, no Caminho da Evolução.  
(...) É uma condição orgânica especial, dotada por acréscimo sobre as condições orgânicas normais. Por que assim, “zi-cerô”? Porque é sobre o organismo físico, humano, que se vão processar fenômenos, condições extranormais, reveladas em aspectos visíveis, sensíveis e palpáveis à percepção humana, objetiva. Órgãos humanos traduzirão, através de seus elementos próprios, manifestações que possam ser vistas, sentidas e analisadas por outros seres, que o farão, também, através de seus próprios órgãos físicos, humanos. Torna-se claro, patente, que uma criatura, como médium, revelando condições supranormais, quando traduz pela intuição, irradiação, vidência, etc., especialmente pelo transe mediúnico ou incorporação dos espíritos, a ação direta, inteligente, diferente, desses mesmos espíritos, de forma extraordinária, isto é, que não é comum às outras pessoas, é porque está possuído de condições especiais em seus organismos, que facultem a materialização desses fenômenos.  
São fluidos nervosos específicos que ele possui, em certas regiões vitais ou zonas de equivalência, como produtoras e captadoras dessas ligações. E essas zonas, situadas no organismo humano, são centros nervosos vitais, compostos de gânglios ou plexos que sofreram uma operação, uma manipulação própria, uma carga fluídica, por acréscimo, que faz com que saiam de suas condições normais, porém, controladas, a fim de não se desequilibrarem por esse excesso.   
Mediante isso, é fácil entender, “zi-cerô”, que essa manipulação especial é feita nos Núcleos Vitais do Organismo Mental e Astral do ser que vai encarnar e ao qual vai ser conferido o selo mediúnico, isto é, a dupla condição especial que pode revelar a faculdade mediúnica, em qualquer de suas modalidades.  
Há necessidade disso, devido às adaptações imprescindíveis dos Núcleos Vitais dos Organismos Mental e Astral do desencarnado, sobre o organismo físico em formação (embrião e feto) que lhe vai servir de corpo denso e onde vão ser impressas as suas faculdades, tendências, sensações, etc., enfim, todas as suas aquisições morais, positivas e negativas.  
É, portanto, de cima, do interior, que vem tudo, para baixo, para o exterior, para o que é visível, sensível e palpável.  

PAI GUINÉ DE ANGOLA.
Livro: LIÇÕES DE UMBANDA E QUIMBANDA NA PALAVRA DE UM PRETO VELHO. W. W. DA MATTA E SILVA. ÍCONE EDITORA.

sábado, 22 de dezembro de 2018

AMACIS NA UMBANDA


PERGUNTA - Qual o porquê das ervas utilizadas e das iniciações junto à Natureza realizadas na Umbanda? Afinal, o que é um "amaci"?

RAMATÍS - As ervas utilizadas e as iniciações junto aos locais vibrados da Natureza da Terra têm por finalidade a renovação energética, o alinhamento dos chacras e a adequação do fluxo vibratório destes, nos diversos corpos sutis, aos chacras dos Guias e Protetores de cada médium, que também os possuem, tanto no corpo astral quanto nos seus corpos mentais. Evidencie-se que há uma espécie de junção nestes vórtices vibratórios, entre dimensões de freqüências diferentes, o que requer imenso rebaixamentos das entidades comunicantes, exigindo da parte dos encarnados elevação moral e harmonia como maneira de aumentar o tônus vibratório a ponto dos chacras se "encaixarem". 
Os chamados "amacis" nada mais são do que o uso de ervas, em que princípios astralmagnéticos que as influenciam e que as ligam vibratoriamente com as energias dos quatro elementos planetários, do ar, da terra, do fogo e da água, são adotados para a complementação energética dos médiuns. Não são quaisquer ervas, usadas aleatoriamente. Quando assim ocorre, prepondera somente a boa vontade dos diretores e a auto-sugestão do médium, como uma espécie de placebo medicamentoso. 
Efetivamente, os princípios químicos em regência vibratória astrológica afim não são liberados adequadamente, tornando-se inócuos nestes casos os "amacis". 
É fundamental que as ervas estejam alinhadas vibratoriamente com a astrologia e com os Orixás que influenciam os médiuns, para o efeito de se fortalecer a ligadura através dos chacras durante as manifestações dos Guias e Protetores. Claro está que a ancestralidade e a própria sensibilização do corpo astral do médium pelos técnicos siderais antes de reencarnar são fundamentais para o sucesso das lides medianímicas no seio da Umbanda, que vai além do intercâmbio meramente mental, só pelo pensamento.


Livro "Jardim dos Orixás". Norberto Peixoto/Ramatís. Editora do Conhecimento.

terça-feira, 18 de dezembro de 2018

Magnetismo Animal ou Magia Magnética, por Ramatís



PERGUNTA: - Solicitamos vossos comentários sobre a denominação "magia magnética", um tanto usual na umbanda, na apometria e no esoterismo. Isso não seria mera sugestão mental?

RAMATÍS: - O Ocidente iniciava os estudos sobre as forças da natureza, como a gravidade, o magnetismo e a eletricidade, quando Mesmer tornou-se o centro das atenções por seu trabalho com curas fenomenais, trazendo a teoria que viria a ser conhecida como mesmerismo(*).
Na verdade, Mesmer compreendia o Universo como uma unidade viva, onde cada parte manifestada no mundo das formas era afetada por uma força incompreensível ao cidadão comum.
Ele afirmava que essa força era alheia às reconhecidas pelo mundo científico convencional, particularmente se manifestando por meio do fenômeno do magnetismo. Por esse motivo, não apresentou totalmente a sua teoria aos cientistas da época, quando da sua tese de doutoramento. Antevia que seria incompreendido. 
Na verdade, vossos corpos são como magnetos, com pólos eletromagnéticos bem definidos, conjugados às emanações que perpassam pelo duplo etérico, próprias do metabolismo fisiológico. Disso resulta a produção dos diversos tipos de ectoplasma, uma substância sutil entre o material e o éter, que pode ser direcionada pela força mental adestrada, pelo pensamento e pela 'vontade.
Essa chamada energia zôo da apometria pode ser acumulada, expandida, compactada, absorvida ou isolada com maior potencialidade quando a força mental do mago se alia a certos elementos materiais, como os metais, minerais, óleos, água, ervas e até alguns tipos de tecido, papel e madeira, como os utilizados na magia dos terreiros de umbanda. Vossa ciência já comprovou, mediante estudos experimentais inquestionáveis, que a força magnética emitida se reproduz no objeto ao qual está direcionada, como se fosse uma cópia de sua própria vibração.
Muitos dos objetos pessoais são uma extensão magnética do cidadão que os usa habitualmente. Assim, o mago que projeta a sua vontade e poder mental concentrado nesse ponto focal poderá movimentar forças similares invocadas pelo seu poder mental ou do próprio consulente, se for participante ativo do ato de magia. Assim como ocorre na apometria, na umbanda o magnetismo animal ou magia magnética é fundamental, aliado a outros tipos de fluidos que os técnicos do "lado de cá" movimentam, e que, por repercussão vibratória natural, decorrente da força centrípeta do conjunto dos corpos astral e etérico, acabam afetando o corpo físico dos atendidos, propiciando as curas.
Esse mecanismo é mais atuante em espíritos desencarnados socorridos, quando recompomos membros esfacelados, realizamos cirurgias e trocamos as vestes maltrapilhas por roupas novas.
Tende em mente que os chamados "milagres" propiciados pela magia não são contrários à natureza e aos seus elementos manifestados na Terra.
Aquilo que não conheceis pode ser contrário à vossa natureza, um tanto refratária a qualquer nota diferente do diapasão a que vossas casas mentais estão habituadas. Claro está que sem a sugestão mental nada se faz, na magia e na caridade que envolve o mediunismo.

(*) Mesmerismo - Teoria de Franz Anton Mesmer (1733-1815), médico austríaco, segundo a qual todo o ser vivo seria dotado de um fluido magnético e capaz de transmiti-lo a outros indivíduos, estabelecendo-se, assim, influências psicossomáticas recíprocas, inclusive com fins terapêuticos - é o magnetismo animal. Logicamente, fazendo os homens parte do plano físico e sendo partículas manifestadas no Cosmo, Mesmer concluiu que essa força era igualmente irradiada pelos organismos humanos, e convencionou chamá-la de magnetismo animal.

LIVRO: "VOZES DE ARUANDA", 
RAMATÍS e BABAJIANANDA.
Psicografia de: NORBERTO PEIXOTO. Ed. do Conhecimento.

domingo, 5 de agosto de 2018

Mensagem de Pai Joaquim de Aruanda



AVISOS IGNORADOS

A gira começava no plano físico.
Muito antes de iniciada as tarefas na matéria, no plano astral intensas atividades se desdobravam em socorro dos médiuns e dos assistidos durante a semana anterior ao dia de trabalho.
Os guardiões cercavam o terreiro a quarteirões de distância, contendo a passagem de vândalos e marginais do astral que intentavam prejudicar a harmonia daqueles que seriam atendidos naquela noite.
Os caboclos de Oxóssi e os boiadeiros mantinham-se a postos, retendo e encaminhando espíritos endurecidos para locais de tratamento e reajuste nas esferas espirituais. Muitos outros companheiros da Vida Maior, comprometidos com o Bem, se esforçavam em atividades várias, preservando a ordem do ambiente extrafísico da casa e dos arredores. O cheiro da defumação impregnara o salão e o soar dos atabaques dava início a mais uma gira de caridade.
- Lorvado seja Nosso Sinhô Jesus Cristo! – afirmou o preto-velho diante da desconfiada senhora que sentava-se à frente do médium em transe. – A fia tá preocupada por demais, num é mermo?! Suncê tá carregando os fardos dos outros nas costas, fia.
- Olha, para ser sincera, eu acho mesmo que foi feito macumba contra mim! Não sei mais o que pensar! Nada dá certo nessa vida! Eu estou cansada...
- Tá cansada, zanfia? Ô fia, suncê não acha que tá na hora de mudar umas coisas não?!
- Mas que coisas? Eu mudei de casa faz tão pouco tempo e os problemas persistem em me perseguir.
- Tá no momento de mudar as posturas, fia! De deixá de reclamá das coisas, dos outros, de suncê merma, qui se cobra tanto, qui fica zi alimentando os pensamento ruim! Se num mudá as coisa no coração fica difícil as coisas em volta zi fica boa...
- Fizeram algo pra mim! Porque não é possível que nada dê certo, que as pessoas se afastem de mim como se eu fosse culpada das coisas...
- Num finzeram macumba pa suncê não, zifia, as pessoa se afasta por causa das suas palavras, das atitude que suncê tem! Ó, fia, o que suncê carece de mudá são as coisas do coração de suncê, dessa mágoa toda que tu tem, dos rancor que suncê guarda, das reclamação que fica dizendo, ê!
A fumaça que se desprendia do cachimbo do preto velho em conjunto com o bioplasma da arruda e guiné formavam uma luminosa nuvem de energias anti-inflamatórias que, envolvendo a mulher, dissipava pesadas energias pardacentas com estrias escuras que estava impregnadas em todo seu campo áurico. Estalando os dedos, na forma de pulsos magnéticos, o pai velho irradiava sua força mental sobre a aura da assistida, expurgando formas parasitárias que a ela se ligavam pelo baixo padrão de ideias.
Ao lado da assistida, sob a supervisão dos pretos velhos e guardiões, que no plano extrafísico acompanhavam o atendimento, haviam quatro entidades profundamente desequilibradas, emanando intensos pensamentos de revolta e ódio sobre a encarnada.
Contrariada, ela respondeu:
- Ah, então quer dizer que não tem nenhum trabalho feito? Então por que minha vida está esse caos? Eu não durmo direito, estou sempre com azia, irritada, exausta! Isso tem que ter uma explicação!
- Mas é que tô dizendo pra vosmecê! O probrema num é trabaio feito, inveja ou quebranto não; o probrema tá sendo a forma que suncê tem encarado a vida, com tanto pessimismo que só atrai coisa ruim! Suncê se alembra de fazer oração, fia?
- Eu faço quando vou na igreja – respondeu ela, com ar de triunfo – Você não sabe que vou semanalmente na missa?
- E oração em seu canzuá, suncê faz? Puquê num dianta ir na missa e não lembrar do Evangelho de Jesus pra dentro do seu lar... Olha fia, muda seus pensamentos! Acredita mais em suncê, seja mais positiva, deixa a vida do outro ser como é, num fica se incomodando com o que os outros tem, fazem ou falam, não! Segue a tua caminhada em paz, fiinha...
- Então é só eu mudar meus pensamentos que tudo melhora? – perguntou ela entre a revolta e a descrença.
- Nosso Sinhô ensinou a amá e perdoá aqueles qui nos fazem mal. Perdoa, fia, perdoa e se liberta dessas mágoa e rancor que tá tirando a sua paz. As coisas na vida de suncê vai melhorá mas isso depende apenas de suncê. Se as coisa tá dando errado, muda a forma de fazer, minha fia. Se tem gente se afastando de vosmecê, será que não é preciso ver o que suncê tem de mudá nas suas atitudes e palavras?
Profundamente incomodada com a conversa, ela balançou a cabeça negativamente:
- Não vim aqui em busca disso! Vim aqui porque quero um trabalho forte para resolver minha vida. Eu tenho como pagar! Você pode ajudar ou não?
- Nego véio vai pedi a Nosso Sinhô pa iluminá a coroa da fia. Mas esse “trabaio forte” que suncê tá querendo fazer num vai resolver nada não, viu? Esse tipo de trabaio nego num faz não! Sem mudança de pensamento, de nada adianta... Deus te abençoe, minha fia! Vai em paz!
A mulher saiu profundamente inconformada com aquilo que ouvira, mesmo reconhecendo que precisava mudar algumas posturas, seu melindre falara mais alto. Não tinha a mínima intenção de mudar o seu jeito de ser. Pela atração mental, as entidades inferiores a seguiram.
Diante do silêncio do médium, ainda em envolvimento energético com o preto velho, aguardando o próximo assistido, o pai velho dirigiu-se, telepaticamente, ao exu que lhe servira em algumas atividades e que acompanhara a rápida conversa.
- Acompanha ela, meu fio, junto da sua banda! Não temos muito o que fazê por ela no atual estado em que se encontra, mas, dentro do nosso alcance, busquemos ajudá-la a entender sua responsabilidade e não se precipitar ainda mais...
- Provavelmente ela vai procurar um lugar que atenda aos seus anseios – redarguiu o exu – Pelas suas inclinações, logo encontrará alguém disposto para fazer esse tipo de feitiçaria infeliz...
- Com certeza, fio, mas a nossa parte compete em inspirar, em ajudá. Os fios que a ela se ligam são alguns dos que ela calunia já há muitos anos e hoje, desencarnados, buscam o acerto de contas... Enquanto ela num mudá o que passa na cabeça dela, é natural que as coisas fica ruim, mas é do livre-arbítrio dela...
- Meu pai, quantos não são alertados e se mantém cegos e surdos?
- É meu fio! Mas vá lá, acompanhe a moça... Tudo tem seu tempo certo e uma hora a semente germina. Laroiye exu!
- Saravá meu pai!
O exu guardião, acompanhado por mais cinco espíritos especializados em tarefas de investigação e guarda, seguiram junto da assistida perturbada e revoltada. Não obstante os avisos e as recomendações, a que ignorara, presa nas próprias ideias, seguiria a rota que seu livre-arbítrio permitisse, daí colhendo os frutos amargos ou saborosos...
- Saravá meu fio! – falou o preto velho pelas cordas vocais do médium, dirigindo-se a novo assistido. – Qui o Cristo te abençoe e ilumine sua coroa! Vamô ao proseadô, ê! ê!...

PAI JOAQUIM DE ARUANDA
Médium: Eloy Augusto. São Paulo. 06/08/18.

Mensagem Consciência Divina, por Zarthú



A CONSCIÊNCIA DIVINA

“Meu Pai e Eu somos Um (...) E respondeu-lhes Jesus: Não está escrito na vossa Lei: ‘sois deuses?’. Pois a Lei chamou deuses àqueles a quem a palavra de Deus foi dirigida” – Jesus de Nazaré (Evangelho de São João, Cap. 10, Versículos 34 e 35).

A consciência se dilata. Gradativamente a consciência do Homem se expande e se abre às Verdades Imortais, não obstante a relatividade das verdades que hoje aceita, compreende e expressa através dos sentidos, da realidade-percepção que possui dentro de suas limitações.
O Espírito ascende até Deus e apesar de não ser o próprio Criador, a criatura modifica-se em suas baixas inclinações, oriundas de suas imperfeições morais e da animalidade que ainda faz parte do seu ser, rumando, vida após vida, ao despertamento das potências que traz em germe, pois, o Criador doa algo de si à sua própria criação.
Assim, o Homem caminha, incessantemente, à unificação de sua consciência, de seu Ser, à Existência-Pensamento Divino, pois ensinara o próprio Cristo: “meu Pai e eu somos Um”.
Encarcerado na dimensão física e no plano astral mais próximo à materialidade, o espírito ainda distancia-se dessas verdades sublimes, como que denso demais para transcender sua própria percepção, enlameado por suas próprias criações inferiores e preso ao Karma, às consequências naturais de seus atos que, na grande maioria das vezes, choca-se contra a Lei Divina, a qual carrega em sua própria consciência.
Nas dificuldades terrestres, o Homem se encontra jungido à teia de criações do passado e do presente, como é natural, tecendo a todo instante seu próprio futuro e necessitando, através de experiências retificadoras – especialmente àquelas junto a família – redimir-se, não através do sofrimento como afirmam alguns, pois Deus não nos criara para sofrer, mas para evoluir, pois a redenção encontra-se na transformação das próprias más inclinações e no despertamento das qualidades que torna a criatura cada vez mais próxima do ideal de seu Criador.
As experiências amargas necessitam de um sentido pois ninguém sofre sem causa justa e a Lei de Ação e Reação, através do conhecimento das Reencarnações Sucessivas, permite reflexões profundas acerca das causas do sofrimento – mas, ainda assim, é preciso transcender, é urgente ir além das hipóteses do porquê se sofre ou se passa por determinadas provações ou privações durante a existência material. Sem isso sofre-se sem renovar-se e quem sofre sem extrair da amarga lição um aprendizado, cai nas malhas nebulosas da revolta, ainda mais comprometendo-se sem modificar-se.
Para romper o ciclo de dores que atormenta o Espírito nas repetitivas experiências dolorosas, cabe ao Homem não prender-se à respostas automáticas ante aquilo que lhe atormenta, ainda mais jungindo-se às causas de dor, mas tomar atitudes e ações que o renovem interiormente, elevando-o para mais próximo da Divindade.
Caindo na inércia, ou seja, sem a ação que renova e sem praticar as verdades superiores que o Homem diz compreender, se repetem velhos hábitos religiosos e filosóficos de todos os tempos, inócuos na grande maioria das vezes, pois sem a ação diária, sem as demonstrações vivas da filosofia que se abraça, dificilmente se elevará a criatura ao ideal superior.
Dilatar a consciência ante as aflições que a experiência material proporciona é “ter olhos de ver” que significa encarar as adversidades como momentos transitórios, da qual pode-se aprender muito no exercício da indulgência, do esquecimento e do perdão das ofensas, do fortalecimento das convicções imortais e da fé, da paciência, do amor desinteressado, da compaixão e do esforço no Bem, permitindo-se, mesmo que não seja fácil, buscar o domínio das próprias imperfeições e a renovação interna, aprimorando as qualidades citadas, na certeza de que a vida terá o prisma com que é encarada, diretamente conectada com os pensamentos-ideias que são alimentados pela criatura, a qual, irrevogavelmente, são de sua responsabilidade e lhe definirá a própria situação.
É certo que nada foge da Administração Celeste, pois Deus está ao controle de Tudo e do Todo, porém, na experiência transitória nas dimensões materiais e astrais, o Espírito Humano já goza do livre-arbítrio (de relativa e controlada liberdade) para administrar diminuta parcela dessa Vida Maior, a qual constitui a sua própria vida-existência, não obstante governado por sábias Leis Siderais, a qual dará contas pelo bom ou mau uso que dela fizer.
O Homem, assim, sempre será responsável pelas criações inferiores ou superiores oriundas de seu próprio âmago, no afastamento ou na aproximação do Alto.
A consciência do Homem se expande e se eleva quando tem “ouvidos de ouvir” a voz silenciosa do Criador a lhe inspirar nos graves momentos em que necessitará tomar decisões e romper, em absoluto, com as posturas enfermiças e destrutivas, que alimentam as reações negativas em sua existência material.
Unir a consciência com Deus não é ato místico ou esotérico distanciado das mazelas humanas, das provas amargas ou das dificuldades da convivência, como ensinam algumas escolas religiosas e doutrinas filosóficas – muito pelo contrário! É entender a presença de Deus dentro de Si a ajudá-lo na melhor maneira de administrar a própria vida na matéria e em todas as relações decorrentes dela – seja nas relações familiares, entre amigos, nos envolvimentos amorosos, profissionais, etc.
Quem distancia-se do mundo para encontrar a Deus não haverá de encontrá-Lo, pois o Criador está em toda a Sua criação e somente através das várias experiências em contato com o outro, na qual também Deus é presente, seja nos momentos de tristeza ou de alegria, nas horas de dor ou de satisfação, é que o Homem, dentro das limitações que lhe são próprias na dimensão em que concebe o seu existir, poderá melhor entender essa ligação com o Senhor da Vida, que em todos os momentos, oportuniza a renovação e a elevação de suas criaturas através de seus próprios esforços rumo ao Eterno.
Busque, portanto, sua essência divina e a dilatação de sua própria consciência, tomando as rédeas de sua vida, cumprindo os deveres que lhe cabe e encontrando o Deus interno que habita nas profundezas de sua alma a orientar-lhe nos momentos transitórios, na certeza de que sempre seremos responsáveis por agilizar ou atrasar nosso processo de evolução.

ZARTHÚ.
Médium: Eloy Augusto. São Paulo, 05/08/18.

sábado, 4 de agosto de 2018

Mensagem Persistência, por Exu Tranca Ruas



PERSISTÊNCIA

“Aquele que quiser ser o maior, esse seja o vosso servidor; e o que entre vós quiser ser o primeiro, seja o vosso escravo; assim como o Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em redenção de muitos” – Jesus de Nazaré (Mateus, Cap. XX, V. 26 ao 28).

Os meus filhos da Terra se esquecem dos ensinamentos do Mestre, a qual, em sua passagem pela matéria, persistira para fazer-se compreensível aos homens, não apenas através de suas palavras, mas principalmente pelos seus atos e pelo seu próprio sacrifício na cruz.
Muitos filhos umbandistas se esquecem da renúncia e da persistência que o trabalho mediúnico vos solicita a fim de verdadeiramente servir ao próximo através das faculdades que a vida vos emprestou...
Nenhum de nós – nos dois planos de existência – está isento de demonstrar a persistência, a renúncia e a perseverança no devotamente certo dos compromissos assumidos perante nossas próprias consciências e perante o Pai Criador, pois, da mesma forma que, para o trabalho mostrar-se proveitoso e produtivo, é indispensável um preparo que antecede os esforços de meus filhos encarnados, e a vós apenas solicitamos que atendam às mínimas exigências para se equilibrarem...
Persistência, meus filhos, também significa vigilância dos próprios pensamentos – pois eles é que criarão as condições que beneficiarão ou atrapalharão as atividades mediúnicas que abraçais e sua sintonia conosco!
As dificuldades fazem parte do caminho, mas cabe aos filhos decidir o que farão perante elas e o quanto se manterão equilibrados, pois, todo atendimento de caridade se desdobra além das horas de gira, estendendo-se noite à dentro, ao que meus filhos também são chamados a cooperar durante o desdobramento, no momento do sono físico!
Observo que uma das principais dificuldades dos médiuns, hoje em dia, é o de permanecer, de persistir em um determinado terreiro, porque ante a menor contrariedade, já querem sair!
A pedra, para criar limo, precisa ficar no mesmo lugar, tanto quanto a planta, para fincar suas raízes no mais profundo do solo e dali extrair os nutrientes vitais para se fortalecer e se desenvolver, tornando-se forte às adversidades naturais, não deve ser removida constantemente, e assim também é com o cavalo de Umbanda, a qual, se verdadeiramente deseja estabelecer profundos vínculos astrais com suas Entidades, precisa ser consciente de sua responsabilidade, guardando consigo a noção de que somente a constância nas tarefas mediúnicas lhe fortalecerá enquanto indivíduo preparado para enfrentar adversidades maiores e assumir maiores compromissos perante o Alto.
Persistam, meus filhos! Não se deixem abalar por problemas de convivência ou dissidência de opiniões no grupo que se encontram, pois os problemas da convivência apenas serão sanados através da convivência!
Observo com tristeza que meus filhos se deixam envolver com muita facilidade pelas malhas sombrias do abatimento e da falta de encanto diante do trabalho abraçado! Cuidado, meus filhos, pois isso é artimanha das trevas para vos afastar do trabalho enobrecedor e caritativo... Somente enxugando as lágrimas alheias é que conseguimos dar um novo significado às nossas próprias dores e saná-las!
Jesus e outros grandes luminares da Espiritualidade persistiram no trabalho que tinham por fazer, triunfaram e nos servem de exemplo...
Se as coisas estão difíceis, tenha certeza que, abandonando o trabalho mediúnico, afastando-se da convivência salutar com os irmãos de corrente, isolando-se do sofrimento humano, furtando-se de servir e ser útil àqueles que estão desequilibrados, você apenas se enfraquecerá e será, cada vez mais, neutralizado por aqueles espíritos que são contrários à sua evolução espiritual!
Persistir no trabalho umbandista é entender que todo pai de santo tem as suas limitações e falhas, mas tem, também, e principalmente, a boa vontade e a responsabilidade que abraçou perante uma comunidade... Colabore com ele! Não seja apenas mais um e evite críticas! Seja elemento ativo em sua corrente!
Persistir no trabalho caritativo é entender que quando deixa-se de ir à gira, você está se privando da oportunidade de consolar os aflitos e mover energias em prol daqueles que precisam se fortalecer... Tenha assiduidade! Acreditem, meus filhos, vocês fazem falta quando faltam!
Persistir no terreiro que vocês escolheram para trabalhar é entender que não existe casa perfeita, que cada templo tem os seus métodos de trabalho! Se você não concorda com algo, por que não respeitar?! Se antes não te incomodava, por que agora incomoda? Reflitam, meus filhos... Toda crítica construtiva é válida e cabe ao pai de santo avaliar, mas cabe a vocês também avaliar se esse incômodo não é uma influência externa...
Nenhuma casa se moldará ao que vocês querem e o que mais vejo é justamente isso: dada a disciplina de determinado templo os filhos acabam saindo por não concordarem, por não aceitarem, por acharem que deve ser diferente, que o seu jeito de ser ou fazer é o melhor... É o orgulho que fala alto! É a prepotência de querer estar sempre certo! Cuidado, meus filhos, muito cuidado! É preferível trabalhar em um templo a qual não se concorda com tudo do que estar inútil, sem trabalhar!
Persistir na tarefa do bem é ser compreensivo com as falhas de filtragem mediúnica do irmão de corrente, que muitas vezes, poderá “passar a mente na frente” no momento do aconselhamento... Todos podem falhar, meus filhos! Isso também faz parte do aprendizado... Todo trabalho, toda transmissão mediúnica é parceria entre encarnado e desencarnado... Seja compreensivo e na hora de expressar-se a respeito (seja com o dirigente, seja com esse irmão ou com quem for) recorde-se da indulgência com que você também quer ser tratado! Na grande maioria das vezes, é melhor guardar o silêncio e a indulgência ante os erros alheios!
Persistir na Umbanda é entender que um terreiro é feito de elementos humanos, de filhos em vários graus de evolução e compreensão – portanto, com opiniões diferentes! Cada um tem o direito de pensar e expressar o que quiser... Às vezes os meus filhos após certo esclarecimento podem, futuramente, ter outras opiniões, mas guardem a sua paz, porque não mudamos a ninguém! Dialogar é importante, mas o conflito de ideias é inútil.
Persistir é buscar ser um médium melhor para suas Entidades, tornando-se uma pessoa melhor em todos os âmbitos possíveis...
Persistir é não deixar-se abalar ante as pedras do caminho e seguir, entendendo o aprendizado que os sofrimentos da vida podem proporcionar, principalmente, o de tornar-vos mais resistentes e persistentes nos objetivos abraçados...
Persistir é entender o seu lugar no terreiro e o que você pode fazer para torná-lo cada vez melhor...
Momentos difíceis existirão, meus filhos, mas também passarão! E somente permanece quem realmente persiste no cumprimento do dever...

EXU TRANCA RUA DAS ALMAS.
Canalizado por Eloy Augusto. SP, 04/08/18.

quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Camille Flammarion e o Animismo, por Inácio Ferreira



- Galileu quase foi parar na fogueira, não é Doutor? – inquiriu Manoel.

- Sim. Em 1611, ele teve que capitular diante do Tribunal da Inquisição, assinando um documento de que a teoria “heliocêntrica”, que ele aperfeiçoara, era apenas um hipótese. Eu não sei se vocês sabem, mas Chico dizia que Galileu havia reencarnado como Camille Flammarion, célebre astrônomo espírita que, inclusive, colaborou com Kardec na recepção de “A Gênese”.

- Comentamos o assunto posteriormente – redarguiu Paulino.

- Flammarion, então, psicografando a Galileu?...

- Psicografou a “si mesmo”, Domingas – respondi. – Qual é o problema?! O médium também  trabalha com as informações armazenadas em seu subconsciente...

- O médium e o espírito, Doutor – confirmou Odilon – O subconsciente, que, na obra “No Mundo Maior”, de André Luiz, o Instrutor Calderaro chama de “porão da individualidade” é um verdadeiro arquivo – o cérebro, a grosso modo, funciona como se fosse um computador, que possui memória, armazenando, eletronicamente, todas as informações.
O desencarnado, em suas comunicações de natureza mediúnica, igualmente não deixa de acessar o próprio inconsciente.

- André Luiz – falei –, antecipando-se à Ciência, nos apresentou a concepção do “cérebro trino”: Subconsciente, Consciente e Superconsciente! Apenas em 1990, tal teoria seria elaborada pelo neurocientista Paul McLean!

- O livro “No Mundo Maior” foi psicografado em 1947 – pelo menos, é essa a data do prefácio de Emmanuel! – comentou Domingas.

(...) – Flammarion, então, psicografou a si mesmo?! – insistiu a irmã.

- Sem “grilo” nenhum! – gracejei – A mediunidade não é tão pequena quanto tanta gente equivocada anda imaginando por aí...

- Mas – inquiriu Manoel, fazendo o papel de advogado do diabo –, isto não seria animismo, Doutor?...

- Eu gostaria que alguém me dissesse como é que a mediunidade pode existir sem animismo!

LIVRO: NO PRINCÍPIO ERA O VERBO...
CARLOS A. BACELLI/INÁCIO FERREIRA. EDITORA LEEP.
*Grifos do Blog

domingo, 29 de julho de 2018

A Espiritualidade cuida de nós, por Eloy Augusto

A última experiência vivida ontem (dia 28/07/2018) me trouxe profundas reflexões a qual compartilho com todos na forma desse singelo texto, a qual, aproveitando a inspiração da madrugada, reproduzo as seguintes ideias...

A Espiritualidade sempre cuida de nós!
De maneira constante estamos sendo amparados e guiados em nossa evolução espiritual por forças invisíveis aos nossos olhos humanos e mesmo naqueles momentos em que a crise nos visita, acredite, nada está fora do controle divino.
Em minhas orações diárias eu sempre peço “Senhor meu Deus, que seja feito o melhor para mim, que seja feita a Tua vontade na minha vida” e repetir essas palavras é trazer o meu livre-arbítrio de encontro à essa vontade celeste, porque às vezes achamos que sabemos o que é melhor para nós, quando, na verdade, quem realmente sabe é Deus, é Ele que está no leme de nossas vidas!
Nossos tropeços servem para nos tornarmos mais fortes diante de futuras experiências e de futuras adversidades porque, mesmo com todo o sofrimento que resulta das dificuldades que enfrentamos, estamos sendo lapidados.
Escrevendo esse texto me recordo de um momento, em 2012, quando eu estava em Itanhaém e profundamente triste por falta de um relacionamento amoroso. Perdido em pensamentos negativos, pude recepcionar o pensamento do amigo espiritual, o baiano Zé Pescador, que me dissera que “uma joia perde seu valor quando passa em muitas mãos e você é uma joia preciosa, meu filho” e depois vim a entender que toda joia precisa ser lapidada e que às vezes não temos como nos furtar ao sofrimento, que significa lapidação, mas nunca desamparo da Espiritualidade.
Muitas vezes nós deixamos de acreditar na vida e ficamos repetindo padrões negativos de pensamento e de comportamento – quando reclamamos de tudo e de todos, quando encaramos as experiências da vida com o amargo da mágoa e do ódio, quando nos prendemos às recordações do passado, quando somos injustiçados e desejamos a desgraça na vida do outro, quando as coisas não estão dando certo e nos revoltamos, quando a tristeza toma conta da nossa mente e, ao invés de buscarmos enxergar a alegria de viver e sermos gratos pelo que temos, nos afundamos ainda mais no negativo.
Recentemente, quando em conversa com uma amiga, o Exu Tranca Ruas me inspirara a dizer a ela “cuidado para não ser arrastada para o abismo do outro” e a frase desse Exu é muito significativa!
Muitas vezes nós não percebemos mas estamos reproduzindo padrões negativos que não são nossos, mas, inteiramente pertencentes ao outro.
Mas por que reproduzimos esses padrões?
São várias as razões, dentre elas: quando convivemos com uma pessoa acabamos por assimilar algo do seu jeito de ser, mas, também, em nosso processo de crescimento, desde a infância, assimilamos o comportamento de nossos familiares, reproduzindo vários padrões que não condizem com o nosso Self, com a nossa essência-individualidade, a qual, a partir de certa idade e de certo grau de consciência e maturidade, passamos a buscar.
A Espiritualidade cuida de nós, mas não nos furta da responsabilidade de zelarmos pelo nosso equilíbrio mental e emocional, pela nossa saúde física, espiritual e psicológica, a qual sempre depende de cada um de nós e é um reflexo direto dos pensamentos que alimentamos.
A força do Pensamento é explicada nas várias tradições religiosas de todo o planeta e a própria ciência e a física quântica hoje reproduzem esse saber milenar.
Portanto, se você quer que as coisas melhorem na sua vida, mude os seus padrões de pensar e de sentir; tenha coragem para acreditar em si mesmo e na vida, no que é bom e no que faz bem!
Rompa o negativismo e o pessimismo! Elimine as ideias castradoras, limitadoras e destrutivas, porque fomos criados por Deus para sermos felizes! Mas, mesmo que essa felicidade não caia do céu, compete a cada um de nós, que vivemos essa experiência transitória na matéria, buscar pela própria felicidade!

ELOY AUGUSTO.
SP. 29/07/2018.

sexta-feira, 29 de junho de 2018

Pai-de-santo na Umbanda e no Candomblé? por Eloy Augusto



Já não é de hoje, ou melhor, desde o começo da Umbanda que isso vem ocorrendo. É certo que antigamente havia uma maior distinção entre os adeptos, entre ser espírita, ser candomblecista e ser umbandista, apesar da confusão popular entre as três religiões, naquilo que Ramatís chama de “práticas mágicas populares”.
Não pretendo com esse texto demonstrar senão a minha própria experiência e vivência nas religiões que citei – válida, portanto, apenas e tão somente como uma reflexão de fé, opinião e entendimento pessoais meus.
Muitas pessoas que hoje são iniciadas no Candomblé começaram as suas atividades religiosas no Espiritismo e na Umbanda (como eu mesmo), e mesmo após sua “feitura de santo” continuaram “tocando a Umbanda”, o que quer dizer: realizando as giras com atendimentos espirituais com os pretos velhos, exus, caboclos, marinheiros, boiadeiros, ciganos, dentre outros Espíritos.
Existe muito sectarismo a fim de se fazer distinção entre ambos os adeptos, porque – e isso não posso negar – existe muito preconceito velado dos nossos irmãos do Candomblé para com a Umbanda, por se considerarem superiores por serem de uma religião mais antiga e tradicional, não aceitando a interpretação umbandista sobre os Orixás; assim como há umbandistas que desdenham das religiões afro-brasileiras e suas manifestações, considerando-se superiores por não se utilizarem de ritos que julgam atrasados (como o sacrifício de animais – que, além da função religiosa, alimenta toda uma comunidade) e isso sem falar do preconceito interno e a disputa de poder por causa das várias “vertentes” que existem dentro do próprio movimento umbandista.
Porém existe muitas pessoas boas, sérias e comprometidas nas duas bandas e entre as duas bandas – a qual são, justamente, aqueles que se afinizam com o Culto aos Orixás da forma do Candomblé, mas que preservam a sua fé e os ritos da Umbanda.
Nada impede uma pessoa de praticar as duas formas de rito – desde que preservando a identidade religiosa de ambos e nesse ponto há que se ter muitos cuidados para não desrespeitar as duas ancestralidades envolvidas. É certo que muitos terreiros de Candomblé fazem os seus “toques” para os Guias da Umbanda e não vejo nisso nenhum mal, pois o preto velho ou o caboclo que atende num templo umbandista “puro” (ou seja, que não tem nenhuma ligação com a religião afro-brasileira¹) também “baixa” nos terreiros candomblecistas, trazendo as suas palavras de consolo, a sua defumação, os seus benzimentos e praticar sua caridade; tanto quanto o Orixá que se manifesta nos filhos-de-santo candomblecista são os mesmos que nos visitam os terreiros de Umbanda, manifestando (mesmo que de forma diferente na sua expressão mediúnica) nos filhos-de-fé e mobilizando grandes cargas de energias benfeitoras, de limpeza e cura, em comunhão com os espíritos da natureza (elementais – gnomos, silfos, ondinas, salamandras, etc).
Conheço indivíduos sérios que trabalham na Umbanda (inclusive sendo dirigentes de terreiro) e que são, por exemplo, iniciados no Culto Tradicional Yorubá – Culto de Orunmilá-Ifá, assim como conheço indivíduos que são “ortodoxa e puramente” umbandistas e são pessoas más, sem índole moral... Isso tem a ver com a índole da pessoa e não com a fé abraçada.
Uma coisa não exclui e não diminui a outra, porque, quando digo de preservar a identidade religiosa de ambos me refiro a fazer cada coisa no seu lugar correto, na sua hora correta, sem “misturar”, digamos, as duas expressões rito-litúrgicas. Há muitos terreiros que “tocam” as duas bandas e são terreiros sérios, bons, comprometidos com o bem nas duas formas religiosas que abraçaram...
No caso de um indivíduo que tem seu compromisso mediúnico de trabalho com a Umbanda, poderá, no meu ver, ter o seu pai-de-santo na Umbanda, que lhe orientará e lhe auxiliará em sua jornada espiritual dentro desse caminho de fé, tanto quanto o iniciado no Candomblé contará com o auxílio do seu Babalorixá ou de sua Iyalorixá naquilo que precisa cumprir nessa fé.
E se esse indivíduo tem um compromisso espiritual com as duas religiões naturalmente que será guiado por dois sacerdotes distintos a lhe orientar sem que isso seja algo negativo ou conflitante.
Essa estória de “você tem que escolher aqui ou lá” comigo nunca deu certo, me causando mesmo durante alguns anos uma verdadeira crise de consciência e de fé, mas precisamos entender e respeitar os dirigentes e as casas que tem como regra que o indivíduo apenas exerça sua mediunidade e sua jornada espiritual naquele lugar; podemos até não concordar, o que é nosso direito, mas seria bom buscar o entendimento dos motivos disto, refletir, tentar entender o lado de quem pensa assim, e entender que não temos como generalizar, cada caso é um caso.
Durante alguns anos eu pensei que a Umbanda e o Candomblé não poderiam se tocar juntos e isso me causava um desconforto enorme, uma crise de fé tremenda, porque eu já era iniciado no Candomblé nessa época, mas também trabalhava com os meus Guias da Umbanda em um centro espírita e eu interpretava erradamente aquela passagem do “seguir a Deus e a Mamon”, graças ao preconceito interno que eu trazia e em parte graças ao preconceito de outros trabalhadores espíritas da época que me diziam que eu deveria me decidir e não transitar entre as duas fés.
Hoje já tenho uma visão leve, universalista, com liberdade de pensamento e de fé, sem a intenção de colocar um ponto final ou um julgamento decisivo nas várias expressões de fé que existem e que eu amo (como as três religiões que mais fazem parte da minha vida – o Espiritismo, o Candomblé e a Umbanda; assim como me tenho afinidade expressa com o Budismo, com o Hinduísmo e com o Hare Krishna), entendendo que cada um tem uma caminhada peculiar e que devemos sempre, em todo caso, respeitar as necessidades espirituais, conscienciais e evolutivas de cada indivíduo, guardando, das experiências religiosas que passamos na vida, o aprendizado necessário que nos leve a Deus e que nos torne alguém melhor.

ELOY AUGUSTO.
SP. 29/06/2018.
¹Ou pensa não ter, porque, se há a presença dos Orixás é graças ao Candomblé; se há termos yorubás ou quimbundos, é graças aos negros de Ketu e de Angola, que cultuam os Orixás e Inkinces; ou será que quem pensa assim se esquece que os pretos e pretas velhas da Umbanda também foram iniciados às Forças da Natureza?

terça-feira, 26 de junho de 2018

Influência moral do médium


            Todas as imperfeições morais são portas abertas aos Espíritos maus, mas a que eles exploram com mais habilidade é o orgulho, porque é essa a que menos a gente se confessa a si mesmo. O orgulho tem posto a perder numerosos médiuns dotados das mais belas faculdades, que, sem ele, seriam instrumentos excelentes e muito úteis.
            Tornando-se presa de Espíritos mentirosos, suas faculdades foram primeiramente pervertidas, depois aniquiladas, e diversos se viram humilhados pelas mais amargas decepções.
            O orgulho se manifesta, nos médiuns, por sinais inequívocos, para os quais é necessário chamar a atenção, porque é ele um dos elementos que mais devem despertar a desconfiança sobre a veracidade das suas comunicações. Começa por uma confiança cega na superioridade das comunicações recebidas e na infalibilidade do Espírito que as transmite. Disso resulta um certo desdém por tudo o que não procede deles, que julgam possuir o privilégio da verdade.
            O prestígio dos grandes nomes com que se enfeitam os Espíritos que se dizem seus protetores os deslumbra. E como o seu amor próprio sofreria se tivessem de se confessar enganados, repelem toda espécie de conselhos e até mesmo os evitam, afastando-se dos amigos e de quem quer que lhes possam abrir os olhos. Se concordarem em ouvir essas pessoas, não dão nenhuma importância às suas advertências, porque duvidar da superioridade do Espírito que os guia seria quase uma profanação.
            Chocam-se com a menor discordância, com a mais leve observação crítica, e chegam às vezes a odiar até mesmo as pessoas que lhes prestam serviços.
            Favorecendo esse isolamento provocado pelos Espíritos que não querem ter contraditores esses mesmos Espíritos tudo fazem para os entreter nas suas ilusões, levando-os ingenuamente a considerar os maiores absurdos como coisas sublimes.
            Assim: confiança absoluta na superioridade das comunicações obtidas, desprezo pelas que não vierem por seu intermédio, consideração irrefletida pelos grandes nomes, rejeição de conselhos, repulsa a qualquer crítica, afastamento dos que podem dar opiniões desinteressadas, confiança na própria habilidade apesar da falta de experiência – são essas as características dos médiuns orgulhos.
            Necessário lembrar ainda que o orgulho é quase sempre excitado no médium pelos que dele se servem. Se possui faculdades um pouco além do comum, é procurado e elogiado, julgando-se indispensável e logo afetando ares de importância e desdém, quando presta o seu concurso. Já tivemos de lamentar, várias vezes, os elogios feitos a alguns médiuns, com a intenção de encorajá-los.
LIVRO DOS MÉDIUNS, CAP. 20, item 228. ALLAN KARDEC.