sábado, 19 de janeiro de 2019

Jogar a culpa no Sagrado, por Eloy Augusto



Jogar a culpa no Sagrado

Por que terceirizamos sempre a culpa no nosso precioso sagrado?
Talvez seja mais fácil do que assumir a responsabilidade pelos nossos erros, desacertos ou pela nossa preguiça ou incompetência.
Muitos irmãos da Umbanda e do Candomblé mantém uma noção extremamente nociva sobre o seu Sagrado, sempre lhe imputando a culpa pelos problemas que possuem, uma marca cruel de ignorância e cegueira espiritual, de fanatismo, fechados num ciclo de ideias tóxicas e vivenciando uma religião que não os religa, verdadeiramente, à Fé que transforma-nos interiormente.
Pensam que se deixam, por exemplo, de cumprir com suas “obrigações” o Orixá irá puni-los, tornando sua vida infértil, com doenças ou problemas.
Como podemos cultuar um Sagrado que nos faz mal? Que nos prejudica quando “faltamos” com ele? É incoerente ao extremo essa visão e denota uma fé cega ou, pior, uma fé baseada no medo, e também um sistema de trocas deplorável.
Ouvi de um “pai-de-santo” de Candomblé, certa vez, que “se o filho não der o melhor para o Orixá, o Orixá nunca lhe dará o melhor”... Quanta ilusão! E nesse comércio que se torna a religião, muitos caem num sistema de trocas extremamente infeliz com o espiritual. Será que cultuamos o Orixá por amor? Ou por interesse?
Na Umbanda essas “cobranças” também existem, pois, muitos pensam que se não fizerem a “oferenda” tal, não conseguirão aquilo que querem; se não fizerem tal “firmeza”, não terão a proteção espiritual que anseiam... E muitos ainda acham que os Guias vão puni-los, que podem lhe fazer algum mal...
Pois digo que o mal está dentro de cada um de nós e passa da hora de reconhecer que somente nós podemos mudar as nossas vidas.
Sem uma mudança real de pensamentos, sentimentos e atitudes, continuaremos num ciclo vicioso de problemas, sempre atraindo pessoas e situações que ficaram mal resolvidas para nós e dentro de nós.
Por que, então, sempre jogar a culpa nos Orixás e nos Guias?
Será que um Guia de Luz, trabalhador do Bem, realmente nos fará mal? Porque, até onde eu saiba, o verdadeiro Guia Espiritual não faz e nunca nos fará nenhum tipo de mal.
As “oferendas” e “firmezas” tem suas funções energéticas, sim, e podem muito nos ajudar em vários sentidos, mas nenhum ser no Universo fará por nós o que é de nossa inteira responsabilidade.
Somente com o autoconhecimento, a disciplina, a reforma íntima, a humildade, o perdão e o esquecimento das ofensas conseguiremos nos transformar... Sem nos conhecermos a nós mesmos, as nossas imperfeições, limites, qualidades e defeitos, os pontos que temos a melhorar, ficará muito difícil a caminhada...  Caminharemos perdidos, sempre em busca de culpados pelos nossos problemas!
Por que então preservar uma imagem tão ruim da religião que amamos? Se liberte disso! Deus nos fez para crescermos como Espíritos Imortais que todos somos, para sermos felizes, o que implica encarar a nós mesmos, assumir a responsabilidade pela vida e sermos, efetivamente, agentes de mudança, porque é inadmissível continuar nessa ilusão de que os Guias e os Orixás devem fazer o que nos compete... Ou que nos punirão por coisas tão pequenas...
Pense, repense e se analise com sinceridade...
Quem está, de fato, te punindo? Você mesmo ou fatores externos? Pense com sinceridade e saberá a resposta! Fica a reflexão...

Eloy Augusto.
(Texto intuído por Pai João de Mina).
SP. 19/01/2019.

Um comentário:

  1. Como sempre sabias palavras do Pai João de Minas, orixás e guias não punem, não ameaçam seus filhos, pedindo oferendas ou obrigações. Cabe a nós, fazermos nossa reflexão, nossa reforma intima, estudar e aprender que Deus não nos criou para sermos espíritos ignorantes, então paremos de culpar a espiritualidade por coisas que competem a nós encarnados. Parabéns mais uma vez meu filho pelo texto maravilhoso que pode canalizar pelo Pai João.

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